domingo, 27 de julho de 2025

O AMOR QUE CURA: O VALOR DE CADA FILHO À LUZ DO ESPIRITISMO
- A Era do Espírito -

A história real de um menino de sete anos, silencioso à sombra do irmão gravemente enfermo, nos convida a refletir, com profundo respeito, sobre as dores silenciosas que às vezes passam despercebidas, até mesmo aos olhos mais atentos. Inspirada por um relato da Dra. Elisabeth Kübler-Ross, renomada médica que lidava com pacientes terminais, esta narrativa revela não apenas a angústia de uma família diante da doença, mas também o drama oculto do "filho saudável" — aquele que, por não estar em situação crítica, passa a se sentir invisível.

O Sofrimento Invisível e a Justiça do Amor

Segundo a Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, todos os Espíritos são filhos de Deus, criados simples e ignorantes, com igual destinação à perfeição (cf. O Livro dos Espíritos, questões 115 e 132). Assim, não há alma que valha mais do que outra, nem encarnação mais digna de amor que a outra. No contexto familiar, essa verdade se manifesta na forma de justiça, equilíbrio e amor incondicional.

A dor dos pais que assistem a um filho doente é compreensível e natural. Mas, ao direcionarem toda sua atenção e afeto a esse filho, podem inadvertidamente causar sofrimento ao outro. O irmão saudável, vendo-se esquecido, sente-se menos amado — e o amor, para a criança, é o alimento essencial da alma.

Na história citada, o menino, sentindo-se preterido, passou a desejar adoecer, como se a doença fosse o único caminho para ser notado. Essa distorção, embora infantil, é profundamente séria. Segundo o Espiritismo, as emoções têm forte influência sobre o corpo físico, e a mente pode contribuir para o surgimento de doenças psicossomáticas (A Gênese, cap. XIV, item 31). A ausência de amor pode gerar desequilíbrios profundos, tanto no Espírito quanto no organismo.

O Espírito da Criança e Suas Necessidades Emocionais

O Espírito reencarnado numa criança já traz consigo experiências e tendências de vidas passadas. No entanto, ao renascer, encontra-se em fase de adaptação, sensível às influências do ambiente em que vive. É durante esse período que se moldam emoções, valores e percepções sobre si mesmo e sobre os outros.

Ao se sentir rejeitado ou ignorado, o Espírito infantil pode gravar em si marcas que o acompanharão ao longo da vida. Podem surgir sentimentos de inferioridade, raiva, ciúmes, ou culpa — sementes de futuros conflitos íntimos, que o Espírito terá de resolver no tempo.

Kardec nos orienta sobre a importância da educação moral desde os primeiros anos de vida (O Livro dos Espíritos, questão 385). E educar, neste caso, não é apenas ensinar regras, mas garantir às crianças a certeza de que são amadas, valiosas e amparadas — não por serem “melhores”, “mais doentes” ou “mais inteligentes”, mas simplesmente por serem filhos de Deus e merecedores de amor.

O Amor Incondicional: Caminho para a Cura Moral

A lição que essa história nos traz é clara: todas as crianças precisam se sentir amadas. O amor não pode ser condicionado a comportamentos, doenças ou conquistas. O verdadeiro amor — aquele que edifica e cura — é constante, firme, silencioso e presente. É a expressão mais pura da Lei de Justiça, Amor e Caridade (cf. O Livro dos Espíritos, questão 886).

É também um chamado à vigilância de pais, cuidadores e educadores, para que estejam atentos aos silêncios, aos olhares tristes, aos pedidos não expressos. Muitas vezes, a alma mais doente não está no leito, mas à janela.

A Prevenção do Sofrimento Futuro

Crianças que crescem acreditando que precisam sofrer para serem valorizadas poderão carregar isso para a vida adulta. Poderão adoecer emocionalmente ou até fisicamente, como forma de atrair atenção. Poderão tornar-se adultos inseguros, carentes ou manipuladores — não por maldade, mas por não terem aprendido o que é amor verdadeiro.

O Espiritismo, com sua visão integral do ser, nos ensina que o amor é o maior remédio da alma. Quando distribuímos esse amor de forma justa e fraterna, promovemos não apenas o equilíbrio do lar, mas a evolução dos Espíritos que dele fazem parte.

Conclusão

A vida em família é uma oportunidade sagrada de aprendizado e crescimento mútuo. Cada filho é um Espírito em jornada, com suas dores, necessidades e missão. Cuidar de um não pode significar esquecer o outro.

Amemos com equilíbrio. Valorizemos todos. Façamos com que cada criança cresça com a certeza de que não precisa adoecer para ser importante, nem competir por afeto. Ensinar que o amor é incondicional é um dos maiores legados que podemos deixar — um verdadeiro antídoto contra futuras dores emocionais.

Referências:
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Questões 115, 132, 385, 886.
KARDEC, Allan. A Gênese. Cap. XIV, item 31.
KÜBLER-ROSS, Elisabeth. O Túnel e a Luz, cap. "O casulo e a borboleta". Ed. Verus.
Federação Espírita do Paraná. Momento Espírita. Disponível em:
momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=3171&stat=0

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