sábado, 9 de agosto de 2025

A “HIPÓTESE DO ABSURDO” E O MÉTODO ESPÍRITA: INVESTIGANDO EVIDÊNCIAS DE COMUNICAÇÃO ESPIRITUAL
- A Era do Espírito -

Introdução

Na medicina contemporânea, a expressão “Medicina Baseada em Evidências” se refere à aplicação rigorosa do método científico em diagnósticos, tratamentos e práticas de saúde. Nessa abordagem, procedimentos tradicionais ou populares só são validados após passarem por criteriosa verificação experimental.

No entanto, nem todos os campos do conhecimento permitem repetir fenômenos de maneira controlada e previsível. Nas ciências sociais, por exemplo, a multiplicidade de variáveis humanas dificulta a padronização de experiências. O mesmo ocorre na Astronomia ou Meteorologia, em que fenômenos não podem ser reproduzidos sob demanda.

O Espiritismo, codificado por Allan Kardec, surge em um campo semelhante: a investigação de fenômenos que envolvem a consciência e a sobrevivência da alma. Embora não se enquadrem no mesmo tipo de experimentação laboratorial das ciências físicas, esses fenômenos podem ser estudados com método, raciocínio crítico e repetição de observações — a base do chamado método espírita.

1. Ciência, hipótese e método no Espiritismo

Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, afirma que “a fé só é inabalável quando pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da humanidade”. O Espiritismo, portanto, não se apoia apenas na aceitação cega, mas na análise e na comparação de fatos.

Tal como em qualquer área científica, parte-se de hipóteses para explicar fenômenos observados. Entre elas, pode estar aquela que muitos chamariam de “hipótese do absurdo”: a alma é imortal e o espírito sobrevive à morte física, mantendo identidade, memória e capacidade de comunicação.

Essa hipótese, aparentemente improvável à primeira vista, é examinada por Kardec com o mesmo rigor aplicado a qualquer fenômeno natural: observa-se, coleta-se testemunhos, analisa-se a coerência das comunicações, compara-se com outros casos e com princípios já estabelecidos.

2. A experiência pessoal: um caso de possível comunicação espiritual

Um caso relatado por Luiz Carlos Formiga exemplifica esse processo investigativo. Ao receber convite para falar sobre aborto em um programa de TV, sentiu-se incomodado devido a experiências pessoais dolorosas.

Em casa, surgiu-lhe no pensamento uma frase clara: “Está com medo?” — voz que reconheceu como a de Marcondinho, um amigo já falecido e marcado por deformidades causadas pela hanseníase.

A “inspiração” sugeria que, no programa, fosse dito: “Hanseníase tem cura.” Coincidência ou não, durante a transmissão houve espaço para incluir essa mensagem, conectando-a a dados científicos sobre a doença.

Antes do programa, outro elemento se somou: o médium vidente Dr. Reynaldo Leite, que não conhecia o narrador, descreveu espontaneamente a aparição de um espírito com deformidades, que depois se transfigurou em luz — descrição compatível com a imagem de Marcondinho.

3. Análise segundo o método espírita

O método espírita, como proposto por Kardec, sugere alguns passos para avaliar casos como esse:

  1. Observação do fato
    • Há um evento inicial: percepção mental de uma voz conhecida.
    • Confirmação externa: descrição do espírito por um terceiro que desconhecia a história.
  2. Eliminação de causas ordinárias
    • Autossugestão ou memória? Possível, mas o médium vidente reforça a hipótese de comunicação.
    • Coincidência? Estatisticamente possível, mas menos provável quando há acertos precisos.
  3. Comparação com casos análogos
    • A literatura espírita contém inúmeros registros semelhantes (O Livro dos Médiuns, cap. VI e VII).
  4. Formulação da hipótese mais plausível
    • Espírito desencarnado comunicando-se de modo indireto (inspiração mental) e direto (vidência mediúnica).

4. O aspecto moral e a utilidade da comunicação

Kardec enfatiza que a utilidade moral é um dos critérios para avaliar a autenticidade de uma comunicação. Aqui, a mensagem teve caráter altruísta e educativo — divulgar que a hanseníase tem cura, combatendo preconceito e incentivando o tratamento.

Essa finalidade é compatível com a ação dos bons espíritos, que, segundo O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. XXVII), “nos assistem para o bem”.

5. Reflexão final

Assim como a medicina baseada em evidências busca validar práticas pelo crivo da experiência, o Espiritismo convida à análise racional e metódica dos fenômenos espirituais.

A chamada “hipótese do absurdo” — a sobrevivência da alma e sua capacidade de comunicação —, quando submetida ao método espírita, deixa de ser absurda e se torna a explicação mais coerente para uma série de fatos observados.

O convite que fica ao leitor é o mesmo que Kardec fez em 1859: observar, comparar, raciocinar — e manter a mente aberta, sem excluir hipóteses antes de examiná-las.

Referências

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 2ª parte, cap. III a VII.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, Capítulo XIX, item 7.
  • KARDEC, Allan. A Gênese. Cap. I e XV.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Cap. XXVII.
  • FORMIGA, Luiz Carlos. “Absurdas Hipóteses”. espirito.org.br.
  • LEITE, Reynaldo. Relatos sobre percepção mediúnica (caso Marcondinho).
  • EMMANUEL. A Caminho da Luz. FEB.

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