sexta-feira, 18 de julho de 2025

 

A LIÇÃO DO BAMBU CHINÊS
E A PERSEVERANÇA
À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA
- A Era do Espírito -

 Na natureza, a sabedoria divina se manifesta em lições silenciosas, mas profundas. Uma dessas lições nos é oferecida pelo bambu chinês (bambusa mitis), planta oriental que nos ensina sobre paciência, perseverança e fé no tempo certo. Durante cinco anos após o plantio de sua semente, aparentemente nada acontece: apenas um pequeno broto rompe o solo, sem causar grande impressão. No entanto, de forma invisível aos olhos, uma estrutura fibrosa e resistente se desenvolve no subsolo — raízes que se estendem profundamente, preparando-se para sustentar um crescimento extraordinário. E então, num breve período após esse tempo, o bambu ergue-se vigorosamente, alcançando até vinte e cinco metros de altura. 

Essa imagem simbólica nos remete diretamente às verdades ensinadas pela Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec. O progresso da alma imortal, como o do bambu, muitas vezes é invisível aos olhos humanos. O Espírito encarnado trabalha silenciosamente, através das experiências da vida, das lutas íntimas e das renúncias que realiza. E, como ensina Kardec, o verdadeiro progresso é moral — exige esforço contínuo, perseverança e, sobretudo, tempo. 

No item 919 de O Livro dos Espíritos, ao ser questionado sobre o meio prático mais eficaz para melhorar nesta vida e resistir ao arrastamento do mal, Santo Agostinho responde que o segredo está no autoconhecimento, na vigilância diária sobre os próprios atos. Esse trabalho interior, muitas vezes imperceptível ao mundo, é como o desenvolvimento das raízes do bambu — silencioso, profundo e fundamental. São conquistas que se constroem no anonimato, sem aplausos, mas que preparam o Espírito para se elevar quando chegar o momento propício. 

Allan Kardec também nos alerta sobre a necessidade da paciência e da constância. No capítulo Bem-aventurados os aflitos, de O Evangelho segundo o Espiritismo, lemos: 

“A dor é uma bênção que Deus envia aos seus eleitos.”

Não se trata de uma valorização do sofrimento em si, mas de reconhecer que cada dificuldade enfrentada com coragem é um passo no caminho da evolução. Perseverar, portanto, é uma virtude essencial. É o que impulsiona o Espírito a não desistir, mesmo quando os frutos do seu esforço não são ainda visíveis. 

É comum, em nossa impaciência e imaturidade espiritual, esperarmos resultados imediatos. No entanto, conforme ensinam os Espíritos Superiores, “o progresso é lei da natureza” (LE, questão 778), e cada alma avança em seu próprio ritmo. O imediatismo é incompatível com a grandeza das transformações espirituais que se operam ao longo de existências múltiplas. 

A perseverança é a chave do êxito moral. Não se trata apenas de insistir em projetos materiais, mas de sustentar ideais elevados, de manter firme a decisão de melhorar, mesmo quando os tropeços e recaídas nos tentam desanimar. É nesse sentido que Jesus nos convida à vigilância e à oração constantes (cf. Mateus 26:41), sabendo que o Espírito está sempre disposto, mas a carne é fraca. 

Assim como Edison (o inventor da lâmpada) não considerava suas tentativas fracassadas como derrotas, também não devemos considerar nossos desafios como punições. São, antes, oportunidades de aprendizado, de fortalecimento e de maturação. As “dez mil soluções que não davam certo” foram, para ele, etapas indispensáveis até o êxito. Da mesma forma, nossas provações fazem parte da longa estrada do aperfeiçoamento espiritual. 

Por fim, recordemos as palavras inspiradoras que nos convidam à fé ativa e ao otimismo construtivo: 

“Para aquele que crê, o impossível é tarefa que somente demora um pouco para ser realizada, já que o possível se pode realizar imediatamente.” 

Sigamos, pois, como o bambu: nutrindo raízes fortes na fé, cultivando a humildade no crescimento silencioso, e confiando que, no tempo certo, floresceremos em plenitude. 

Referências doutrinárias:

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB. Questões 919, 778, entre outras.
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Cap. V – “Bem-aventurados os aflitos.”
KARDEC, Allan. A Gênese. Cap. I – “Caráter da revelação espírita.”
KARDEC, Allan. Revista Espírita. Diversos volumes – reflexões sobre perseverança, progresso e trabalho moral silencioso.

 

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