Essa imagem simbólica nos remete diretamente às verdades ensinadas pela Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec. O progresso da alma imortal, como o do bambu, muitas vezes é invisível aos olhos humanos. O Espírito encarnado trabalha silenciosamente, através das experiências da vida, das lutas íntimas e das renúncias que realiza. E, como ensina Kardec, o verdadeiro progresso é moral — exige esforço contínuo, perseverança e, sobretudo, tempo.
No item 919 de O Livro dos Espíritos, ao ser questionado sobre o meio prático mais eficaz para melhorar nesta vida e resistir ao arrastamento do mal, Santo Agostinho responde que o segredo está no autoconhecimento, na vigilância diária sobre os próprios atos. Esse trabalho interior, muitas vezes imperceptível ao mundo, é como o desenvolvimento das raízes do bambu — silencioso, profundo e fundamental. São conquistas que se constroem no anonimato, sem aplausos, mas que preparam o Espírito para se elevar quando chegar o momento propício.
Allan Kardec também nos alerta sobre a necessidade da paciência e da constância. No capítulo Bem-aventurados os aflitos, de O Evangelho segundo o Espiritismo, lemos:
Não se trata de uma valorização do sofrimento em si, mas de reconhecer que cada dificuldade enfrentada com coragem é um passo no caminho da evolução. Perseverar, portanto, é uma virtude essencial. É o que impulsiona o Espírito a não desistir, mesmo quando os frutos do seu esforço não são ainda visíveis.
É comum, em nossa impaciência e imaturidade espiritual, esperarmos resultados imediatos. No entanto, conforme ensinam os Espíritos Superiores, “o progresso é lei da natureza” (LE, questão 778), e cada alma avança em seu próprio ritmo. O imediatismo é incompatível com a grandeza das transformações espirituais que se operam ao longo de existências múltiplas.
A perseverança é a chave do êxito moral. Não se trata apenas de insistir em projetos materiais, mas de sustentar ideais elevados, de manter firme a decisão de melhorar, mesmo quando os tropeços e recaídas nos tentam desanimar. É nesse sentido que Jesus nos convida à vigilância e à oração constantes (cf. Mateus 26:41), sabendo que o Espírito está sempre disposto, mas a carne é fraca.
Assim como Edison (o inventor da lâmpada) não considerava suas tentativas fracassadas como derrotas, também não devemos considerar nossos desafios como punições. São, antes, oportunidades de aprendizado, de fortalecimento e de maturação. As “dez mil soluções que não davam certo” foram, para ele, etapas indispensáveis até o êxito. Da mesma forma, nossas provações fazem parte da longa estrada do aperfeiçoamento espiritual.
Por fim, recordemos as palavras inspiradoras que nos convidam à fé ativa e ao otimismo construtivo:
“Para aquele que crê, o impossível é tarefa que somente demora um pouco para ser realizada, já que o possível se pode realizar imediatamente.”
Sigamos, pois, como o bambu: nutrindo raízes fortes na fé, cultivando a humildade no crescimento silencioso, e confiando que, no tempo certo, floresceremos em plenitude.
Referências doutrinárias:
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Cap. V – “Bem-aventurados os aflitos.”
KARDEC, Allan. A Gênese. Cap. I – “Caráter da revelação espírita.”
KARDEC, Allan. Revista Espírita. Diversos volumes – reflexões sobre perseverança, progresso e trabalho moral silencioso.
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