quarta-feira, 23 de julho de 2025

 

NINGUÉM ESTÁ PERDIDO PARA SEMPRE: 
O SIGNIFICADO DA PARÁBOLA DO BOM PASTOR
- A Era do Espírito -

 

“Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la?

 

E, achando-a, a coloca sobre os ombros com alegria.

 

E, voltando para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo: Alegrai-vos comigo, pois encontrei a minha ovelha que se havia perdido.

 

Digo-vos que, da mesma forma, haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.”

(Lucas 15:4-7) 


Jesus contou essa parábola em resposta às críticas dos fariseus e escribas, que diziam: “Este recebe pecadores e come com eles.” (Lucas 15:2) 

Apesar da mudança dos costumes ao longo do tempo, a hipocrisia ainda persiste em nossa sociedade. Muitos julgam os erros alheios, especialmente quando são evidentes, como se os que erram estivessem irremediavelmente perdidos. No entanto, essa parábola ensina exatamente o contrário: ninguém está perdido para sempre. 

Jesus, com sua linguagem simbólica, revela o amor e a misericórdia da Inteligência Suprema — Deus — que jamais abandona suas criaturas. Essa lição, por sua profundidade, permanece atual, desmentindo a crença em um inferno eterno e em penas imutáveis. É o que também encontramos em O Evangelho Segundo o Espiritismo, quando Kardec escreve: 

“Quantos sucumbem por culpa própria — por imprevidência, ambição ou orgulho. Mas nem esses são abandonados, pois Deus, infinitamente misericordioso, estende-lhes as mãos desde que, como o filho pródigo, se voltem sinceramente para Ele.” (Cap. XXVIII, Oração dominical) 

Podemos entender o número cem como representando a totalidade dos Espíritos sob os cuidados da Providência divina, e a ovelha perdida como o Espírito rebelde ou ignorante, que se afasta das Leis Divinas. 

Segundo O Livro dos Espíritos, a lei de Deus é a lei natural — única e verdadeira para alcançar a felicidade. Está escrita na consciência, e o homem sofre quando dela se afasta. (LE, questões 614 e seguintes) 

Nesse sentido, o pastor da parábola representa o Espírito elevado a quem Deus confiou a missão de zelar pela Terra. Já a ovelha desgarrada simboliza o Espírito que, seduzido pelos prazeres transitórios do mundo, se desvia da senda do bem. Movido por desejos desordenados, entrega-se aos vícios, paixões, e até ao crime. Quando a dor o desperta, lembra-se do tempo em que vivia em paz no rebanho, e então clama pelo retorno, desejando reparar seus erros. 

Essa parábola assegura que ninguém está condenado eternamente, pois “o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (João 10:11). Contudo, o retorno depende de uma condição: a escuta da Lei Divina inscrita na própria consciência. Essa Lei, porém, é suave e seu jugo é leve, pois exige apenas o amor e a caridade. 

A lição é clara: Deus sempre oferece recursos para a regeneração de seus filhos, conforme o grau de maturidade espiritual que cada um alcançou. Assim, Jesus estendeu a mão a Maria Madalena, e ela, arrependida, pôs-se a serviço do bem. Também advertiu Judas Iscariotes sobre seu caminho, respeitando-lhe o livre-arbítrio. O mesmo fazem os Espíritos superiores, que velam por aqueles que se desviam, aguardando o momento em que possam ser chamados de volta ao convívio dos irmãos. 

Outro belo exemplo está na conversão de Paulo de Tarso. Na estrada de Damasco, Jesus se manifesta a ele em forma de luz e o convida a abandonar o ódio e o fanatismo. Esse chamado não foi dirigido apenas a Paulo, mas simbolicamente a toda a humanidade. Ensina-nos a conviver com os diferentes, com alegria e esperança, como quem sabe que a herança divina aguarda a todos os que se esforçam por caminhar na direção do bem. 

Os Bons Espíritos, em nome do Pai, alegram-se quando conseguem auxiliar um Espírito a reencontrar o caminho. Regozijam-se ainda mais quando esse Espírito recuperado se torna um trabalhador na seara do amor e da caridade. 

REFERÊNCIAS

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXVIII – A Oração Dominical.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, Livro Terceiro, Cap. I, questões 614 e seguintes.
CALLIGARIS, Rodolfo. Parábolas Evangélicas. FEB, 5ª edição.
GODOY, P. A. As Maravilhosas Parábolas de Jesus. FEESP, 3ª edição.
Novo Testamento – Evangelhos de Lucas e João. Tradução João Ferreira de Almeida.

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