domingo, 27 de julho de 2025

 

A SUBLIME MELODIA DA CRIAÇÃO: 
UMA LEITURA ESPÍRITA DO ESPÍRITO 
E DA HARMONIA UNIVERSAL
- A Era do Espírito -


SUBLIME MELODIA
Elio Mollo
20/fev/2007

O espiritual e o material interagem,
formando o grande astral
segundo a lei da afinidade,
onde o Amor é celebridade.

Só se firma a sociedade
com a solidariedade.
Isto sim, produz
a verdadeira liberdade.
Dessa forma, o Amor
ordena toda a Humanidade.

No Universo, tudo se concatena,
do mais simples ao mais complexo,
do inculto ao mais sábio,
do elementar até o arcanjo,
seguindo todos numa evolução.

Cada ser em seu apogeu
não sofre substituição,
mas é sempre sucedido
numa boa disposição.

Cada ente tem sua nota:
dó, ré, mi, fá, sol, lá ou si,
que o Amor ordena
numa oitava abaixo
ou em uma oitava acima,
formando um acorde magistral,
numa sequência fundamental,
fazendo soar
a sublime melodia universal.

Inspirado no poema “Sublime Melodia”

A poesia, quando inspirada pelas verdades eternas, torna-se um eco do mundo espiritual. O poema Sublime Melodia, é uma dessas expressões sublimes que, sob o véu da metáfora e da sensibilidade, revela princípios profundos da Doutrina Espírita. Nele, encontramos não apenas lirismo, mas uma síntese poética das leis que regem o Universo, conforme ensinadas pelos Espíritos superiores e organizadas por Allan Kardec.

O Espiritual e o Material: Interação Sob a Lei de Afinidade

O poema inicia com a afirmação da interação entre o espiritual e o material, formando o "grande astral". Essa visão está em perfeita consonância com os ensinamentos de O Livro dos Espíritos, onde aprendemos que o mundo espiritual e o mundo corporal não são realidades separadas, mas sim esferas interdependentes que se influenciam mutuamente (LE, questões 85-87).

A “lei da afinidade” mencionada no poema encontra respaldo doutrinário no princípio das leis morais, especialmente na Lei de Sociedade e na Lei de Amor, Justiça e Caridade. Os Espíritos afirmam que os seres se reúnem por afinidade moral e vibratória, atraindo-se conforme o nível evolutivo, as inclinações e os compromissos espirituais. Assim, o “grande astral” é, espiritualmente falando, o campo fluídico de relações entre encarnados e desencarnados, onde o Amor é a grande força de coesão, como bem sublinha a poesia: "onde o Amor é celebridade."

Solidariedade: Base da Liberdade e da Ordem Universal

A ideia de que só se firma a sociedade com solidariedade é profundamente espírita. Em A Lei de Sociedade (LE, questões 766-774), os Espíritos ensinam que o homem, criado para viver em sociedade, precisa do outro para evoluir. A solidariedade é o princípio da convivência harmoniosa e da caridade ativa.

Mais ainda, o poema aponta que é "isto sim, [que] produz a verdadeira liberdade". Ora, a liberdade verdadeira, para o Espiritismo, não é a ausência de leis, mas o progresso consciente em sintonia com a Lei Divina. A liberdade nasce da moralidade e do amor ao próximo. Só é livre quem sabe amar e servir, libertando-se do egoísmo e das paixões inferiores.

Tudo se Concatena: A Evolução Como Harmonia Progressiva

Em um dos trechos mais profundamente doutrinários do poema, lemos:

"No Universo, tudo se concatena / do mais simples ao mais complexo / do inculto ao mais sábio / do elementar até o arcanjo."

Esta é uma belíssima síntese do princípio da evolução espiritual, pedra angular da Doutrina Espírita. Todos os seres, desde os mais rudimentares até os Espíritos puros, percorrem uma única estrada: a da perfeição relativa. O Espírito é criado simples e ignorante, e progride incessantemente através de múltiplas existências, adquirindo conhecimento e virtude (LE, questão 115).

O que é "elementar" não é desprezível, mas uma fase necessária da jornada. O "arcanjo", na linguagem simbólica da poesia, representa o Espírito puro, que um dia foi, como nós, ignorante e imperfeito, mas que conquistou, por esforço próprio, sua elevação.

Individuação e Harmonia: A Nota Singular no Acorde Divino

Outro ponto profundo da poesia aparece ao afirmar que "cada ser em seu apogeu / não sofre substituição, / mas é sempre sucedido / numa boa disposição." Isso reflete o princípio da individualidade do Espírito e da responsabilidade pessoal.

No Espiritismo, cada Espírito é único, indivisível e imortal. Não há “cópias” nem substituições. No entanto, há uma sucessão natural no processo da evolução, em que todos avançam, auxiliando-se mutuamente. Um Espírito que avança abre espaço para que outros também cresçam. A “boa disposição” não é acaso, mas a ordem moral e espiritual regida pela Lei Divina.

A Música Cósmica: O Amor Como Regente Universal

A imagem final do poema — “cada ente tem sua nota” — é uma metáfora sublime da unicidade e da cooperação. A Criação é como uma grande orquestra, onde cada Espírito tem sua própria vibração, sua “nota”, seu tom, sua missão. Quando essa diversidade atua em consonância com o Amor, forma-se um acorde magistral, uma sequência fundamental, que dá origem à sublime melodia universal.

Essa imagem é consonante com a visão de A Gênese, capítulo XI, onde Kardec fala da harmonia das leis naturais e morais como expressão da inteligência e da vontade divinas. A música cósmica do Amor é, no fundo, a manifestação vibratória da Lei de Deus.

Assim, a sublime melodia não é um som audível, mas uma vibração espiritual, perceptível à alma que já se sintoniza com a Lei do Amor.

Conclusão: A Harmonia Que Nos Espera

O poema Sublime Melodia nos conduz à reflexão sobre nosso papel na grande sinfonia da Criação. Cada um de nós carrega uma “nota” única, que deve ser afinada com as leis divinas por meio do autoconhecimento, do esforço moral e do amor ao próximo.

O Espiritismo nos ensina que o destino de todos os seres é a perfeição relativa, e que o Amor é o grande regente desse concerto universal. Ao compreendermos a interdependência entre os mundos espiritual e material, e ao praticarmos a solidariedade, damos nossa contribuição à grande melodia da vida, que ecoa eternamente nos espaços do infinito.

Que possamos, portanto, ouvir e compor essa melodia com os acordes do bem, da paz e da fraternidade, elevando-nos em espírito ao som da mais pura das harmonias: a do Amor que rege os mundos.

Referências Doutrinárias
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB.
KARDEC, Allan. A Gênese. Capítulo XI – Gênese Espiritual. FEB.
KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Segunda Parte – Exemplos. FEB.
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulos XI e XVII. FEB.
XAVIER, Francisco Cândido. Nosso Lar. Pelo Espírito André Luiz. FEB.
VIANNA DE CARVALHO, Manoel. Estudos Espíritas. LEAL.

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