COMO OS ESPÍRITOS DEMONSTRAM SUA PRESENÇA?
Embora invisíveis aos olhos físicos, os Espíritos — seres inteligentes da Criação — podem manifestar sua presença por diferentes meios. A simples razão demonstra que isso é possível, e a história da humanidade confirma esse fato. Diversas culturas, ao longo do tempo, registraram fenômenos que atestam essa interação, inclusive em textos sagrados.
Classificar esses fatos como meras superstições é ignorar o progresso natural da inteligência humana. O Espiritismo, ao abordá-los de forma racional e metódica, nos convida a estudá-los com seriedade.
Para compreender como os Espíritos atuam sobre o mundo material, é preciso entender, primeiro, a constituição do ser humano segundo a Doutrina Espírita.
O HOMEM, O ESPÍRITO E O
PERISPÍRITO
Allan Kardec ensina que o ser humano é formado por três elementos fundamentais:
- alma ou espírito – o princípio inteligente da vida, sede do pensamento, da vontade e da moralidade.- A alma unida ao perispírito, mas separada do corpo, constitui o Espírito desencarnado.
Kardec resume assim:
- alma: ser simples, princípio inteligente.
- Espírito: ser duplo (alma + perispírito).
- Homem: ser triplo (alma + perispírito + corpo físico).
- Espírito errante: Espírito desencarnado que aguarda nova reencarnação.
O perispírito é formado a partir do fluido cósmico universal, e sua composição varia de acordo com o mundo habitado pelo Espírito. É esse envoltório que permite a manifestação espiritual — seja por meio de intuições, aparições ou efeitos físicos.
O Espírito, portanto, não é uma abstração. É um ser real, individualizado, que conserva identidade, pensamento e vontade, e que age sobre a matéria por meio do perispírito. Ao deixar o corpo físico, leva consigo esse envoltório semimaterial, com o qual pode se comunicar com os encarnados e até assumir forma visível ou palpável, se necessário.
COMO OS ESPÍRITOS AGEM SOBRE A
MATÉRIA?
A manifestação espiritual ocorre pela ação do Espírito sobre a matéria. Essa ação varia conforme o grau de evolução do Espírito, as condições do ambiente e, principalmente, a sensibilidade dos médiuns.
Kardec classifica as manifestações da seguinte forma:
- Patentes: quando podem ser percebidas pelos sentidos.
- Físicas: quando envolvem efeitos materiais, como ruídos, toques, movimentação de objetos.
- Inteligentes: quando revelam um pensamento ou diálogo entre Espírito e encarnado.
- Espontâneas: quando surgem sem que se tenha solicitado ou provocado a manifestação.
Para interagir com o mundo físico, o Espírito necessita de um meio, ou "instrumento", que torne sua ação perceptível. Assim como o músico depende de seu instrumento para expressar a melodia, o Espírito age por meio do perispírito — ou, no caso das manifestações mediúnicas, também por meio do corpo de um médium.
Kardec explica que nossos sentidos ainda não estão suficientemente desenvolvidos para perceber diretamente os Espíritos sem essa mediação. Por isso, o perispírito (ainda que matéria sutil) cumpre essa função essencial.
DOS INSTRUMENTOS PRIMITIVOS ÀS TECNOLOGIAS ATUAIS
Nos tempos de Allan Kardec, utilizavam-se instrumentos como mesas girantes, cestas de bico e pranchetas para facilitar o intercâmbio com o mundo espiritual. Esses dispositivos funcionavam como recursos auxiliares de comunicação, por meio dos quais os Espíritos se manifestavam — seja através de movimentos físicos, seja por mensagens escritas de forma indireta. Com o aprimoramento da mediunidade, essas manifestações evoluíram até a psicografia direta ou imediata, em que o médium, consciente ou semi-inconsciente, escreve utilizando diretamente o lápis, como em uma escrita comum.
Com o tempo, os instrumentos materiais se transformaram, mas a ação espiritual permanece constante. Hoje, em plena era digital, vivemos sob a influência crescente de tecnologias como a inteligência artificial, entre outras ferramentas modernas. Ainda que os meios sejam diferentes, os princípios espirituais continuam os mesmos: os Espíritos podem se utilizar dos recursos disponíveis, desde que existam médiuns aptos e ambientes propícios, capazes de fornecer os fluidos necessários às manifestações.
Dessa forma, de maneira direta ou indireta, os Espíritos seguem atuando — inclusive valendo-se das tecnologias atuais — como canais de inspiração, orientação e educação moral. Quando usados com discernimento, seriedade e finalidade elevada, tais recursos tornam-se instrumentos valiosos a serviço da propagação da verdade, do esclarecimento das consciências e da missão regeneradora do Espírito de Verdade, que nos conclama à renovação íntima e à construção de um mundo mais justo e fraterno.
CONCLUSÃO
A ação dos Espíritos sobre a matéria não é fruto de crendice ou imaginação, mas um fenômeno natural que pode ser compreendido racionalmente. Estudar esse tema é aproximar-se do entendimento das leis espirituais que regem a vida, o ser e a evolução.
O Espírito, com o auxílio do perispírito, manifesta-se de formas variadas, e conhecer essas formas amplia nossa consciência sobre a realidade espiritual. Como nos ensina a Doutrina Espírita, compreender é o primeiro passo para transformar.
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