quarta-feira, 23 de julho de 2025

AUTO DE FÉ E BLOQUEIO ESPIRITUAL: 
MUDAMOS REALMENTE?
- A Era do Espírito – 

Uma reflexão espírita entre o passado inquisitorial e os desafios atuais da divulgação da verdade

Esta pergunta, profunda e muito atual, nos convida a refletir sobre a relação entre o progresso humano e a resistência à verdade espiritual ao longo da história. Trata-se de uma tensão viva entre dois momentos marcantes:

  • O Auto de Fé de Barcelona, ocorrido em 1861, quando cerca de 300 livros espíritas enviados por Allan Kardec foram queimados publicamente, como expressão de intolerância religiosa — fato amplamente registrado na Revista Espírita de dezembro daquele ano;
  • E o que podemos chamar de bloqueio moderno das comunicações espirituais, não mais com fogueiras inquisitoriais, mas com desprezo, indiferença, silenciamento institucional ou ridicularização pública.

Diante disso, surge a pergunta: Afinal, houve real progresso na humanidade nesse período? Como entender isso à luz da Doutrina Espírita?

Com base nas obras de Allan Kardec e nos ensinamentos de Emmanuel e André Luiz, pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier, vamos buscar respostas.

Auto de Fé de 1861: A intolerância explícita

Na Revista Espírita de dezembro de 1861, Kardec relata o Auto de Fé em Barcelona, onde centenas de livros espíritas foram queimados sob ordens da Igreja e das autoridades civis da época.

“A fogueira não pode destruir a ideia; ao contrário, excita a curiosidade e apressa o movimento que se quer impedir.” (Revista Espírita, dezembro de 1861)

Esse episódio marcou uma reação direta e violenta contra a liberdade de pensamento. O Espiritismo, com seu caráter racional e libertador, representava uma ameaça à velha ordem dogmática, e por isso foi combatido com violência simbólica e material.

Bloqueios atuais: A intolerância disfarçada

Hoje, os livros espíritas não são mais queimados, mas a intolerância mudou de forma. O bloqueio às ideias do Espírito ocorre de maneira sutil e institucionalizada:

  • Silenciamento em meios de comunicação de massa;
  • Desvalorização do Espiritismo em ambientes acadêmicos e educacionais;
  • Estereótipos e ridicularizações em redes sociais e na cultura popular;
  • Restrição ao exercício livre da mediunidade, mesmo com avanços da ciência da consciência.

Essas formas de resistência não mais queimam livros, mas tentam sufocar a mensagem espiritual pela invisibilidade, banalização ou desprezo intelectual.

Houve progresso? Sim. Mas ainda não é suficiente.

Em O Livro dos Espíritos, questão 778, Kardec pergunta:

“O progresso moral acompanha sempre o progresso intelectual?”
— “É sua consequência, mas nem sempre o segue imediatamente.”

A humanidade avançou em ciência, tecnologia e direitos civis, mas o progresso moral caminha mais lentamente. Isso porque exige autodomínio, empatia e renúncia ao egoísmo — virtudes difíceis de cultivar.

Na obra A Gênese (cap. XVIII), Kardec afirma:

“A Humanidade tem seus períodos de crescimento, como o homem tem suas idades. Chegou o tempo da maturidade moral.”

Estamos, portanto, em transição para uma era regeneradora, onde convivem avanços espirituais e resistências do atraso.

A visão espiritual de Emmanuel e André Luiz

Emmanuel – A Caminho da Luz

O Espírito Emmanuel nos lembra:

“A civilização do porvir terá por base o Evangelho de Jesus, na sua primitiva pureza, restituído pela luz do Espiritismo.”

Mesmo com os dramas da história, a espiritualização da Terra é um destino certo, conduzido pela misericórdia divina.

André Luiz – Nos Domínios da Mediunidade

Já André Luiz, em suas obras sobre a vida espiritual, revela que:

  • O intercâmbio entre os dois mundos é constante, apesar das barreiras humanas;
  • Espíritos ainda presos à ignorância influenciam negativamente o pensamento encarnado;
  • Mas a educação moral e espiritual é o caminho seguro para a libertação.

O bom uso da mediunidade, com equilíbrio e discernimento, abre canais de luz, mesmo num mundo que ainda hesita em ouvir os Espíritos.

Conclusão: O combate continua, com novas armas

O Espiritismo nos ajuda a compreender que:

  • O Auto de Fé de 1861 representou uma repressão violenta contra a liberdade de consciência;
  • O bloqueio moderno é uma forma sutil de resistência à luz, mas igualmente desafiadora;
  • A humanidade progrediu, sim, mas a regeneração moral ainda está em construção;
  • A missão do Espiritismo continua sendo consolar, esclarecer e libertar as consciências.

Como ensinou Allan Kardec:

“Fora da caridade não há salvação.”

E divulgar a Doutrina Espírita é um dos maiores atos de caridade que podemos realizar hoje, pois leva luz às consciências e esperança aos corações.

REFERÊNCIAS

KARDEC, Allan. Revista Espírita, dezembro de 1861 – Auto de Fé de Barcelona.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 778.
KARDEC, Allan. A Gênese, cap. XVIII – Os Tempos São Chegados.
EMMANUEL. A Caminho da Luz. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
ANDRÉ LUIZ. Nos Domínios da Mediunidade, Missionários da Luz, Os Mensageiros. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

  O LUGAR, A TAREFA E O HOMEM MAIS IMPORTANTE DO MUNDO - A Era do Espírito - Um estudo à luz da Doutrina Espírita Introdução A busca pelo ...