Uma reflexão espírita entre o
passado inquisitorial e os desafios atuais da divulgação da verdade
Esta pergunta, profunda e muito atual, nos convida
a refletir sobre a relação entre o progresso humano e a resistência à verdade
espiritual ao longo da história. Trata-se de uma tensão viva entre dois
momentos marcantes:
- O Auto de Fé de Barcelona, ocorrido em 1861, quando cerca de
300 livros espíritas enviados por Allan Kardec foram queimados
publicamente, como expressão de intolerância religiosa — fato amplamente
registrado na Revista Espírita de dezembro daquele ano;
- E o que podemos chamar de bloqueio moderno das comunicações
espirituais, não mais com fogueiras inquisitoriais, mas com desprezo,
indiferença, silenciamento institucional ou ridicularização pública.
Diante disso, surge a pergunta: Afinal, houve
real progresso na humanidade nesse período? Como entender isso à luz da
Doutrina Espírita?
Com base nas obras de Allan Kardec e nos
ensinamentos de Emmanuel e André Luiz, pela mediunidade de Francisco
Cândido Xavier, vamos buscar respostas.
Auto de Fé de 1861: A
intolerância explícita
Na Revista Espírita de dezembro de 1861,
Kardec relata o Auto de Fé em Barcelona, onde centenas de livros
espíritas foram queimados sob ordens da Igreja e das autoridades civis da
época.
“A
fogueira não pode destruir a ideia; ao contrário, excita a curiosidade e
apressa o movimento que se quer impedir.” (Revista Espírita, dezembro de 1861)
Esse episódio marcou uma reação direta e
violenta contra a liberdade de pensamento. O Espiritismo, com seu caráter
racional e libertador, representava uma ameaça à velha ordem dogmática, e por
isso foi combatido com violência simbólica e material.
Bloqueios atuais: A intolerância disfarçada
Hoje, os livros espíritas não são mais queimados,
mas a intolerância mudou de forma. O bloqueio às ideias do Espírito
ocorre de maneira sutil e institucionalizada:
- Silenciamento em meios de comunicação de massa;
- Desvalorização do Espiritismo em ambientes acadêmicos e
educacionais;
- Estereótipos e ridicularizações em redes sociais e na
cultura popular;
- Restrição ao exercício livre da mediunidade, mesmo com avanços da ciência da consciência.
Essas formas de resistência não mais queimam
livros, mas tentam sufocar a mensagem espiritual pela invisibilidade,
banalização ou desprezo intelectual.
Houve progresso? Sim. Mas ainda não é suficiente.
Em O Livro dos Espíritos, questão 778,
Kardec pergunta:
“O
progresso moral acompanha sempre o progresso intelectual?”
— “É sua consequência, mas nem sempre o
segue imediatamente.”
A humanidade avançou em ciência, tecnologia e
direitos civis, mas o progresso moral caminha mais lentamente. Isso
porque exige autodomínio, empatia e renúncia ao egoísmo — virtudes
difíceis de cultivar.
Na obra A Gênese (cap. XVIII), Kardec
afirma:
“A
Humanidade tem seus períodos de crescimento, como o homem tem suas idades.
Chegou o tempo da maturidade moral.”
Estamos, portanto, em transição para uma era
regeneradora, onde convivem avanços espirituais e resistências do atraso.
A visão espiritual de Emmanuel e
André Luiz
Emmanuel – A Caminho da Luz
O Espírito Emmanuel nos lembra:
“A
civilização do porvir terá por base o Evangelho de Jesus, na sua primitiva
pureza, restituído pela luz do Espiritismo.”
Mesmo com os dramas da história, a
espiritualização da Terra é um destino certo, conduzido pela misericórdia
divina.
André Luiz – Nos Domínios da
Mediunidade
Já André Luiz, em suas obras sobre a vida
espiritual, revela que:
- O intercâmbio entre os dois mundos é constante, apesar das
barreiras humanas;
- Espíritos ainda presos à ignorância influenciam negativamente o
pensamento encarnado;
- Mas a educação moral e espiritual é o caminho seguro para a
libertação.
O bom uso da mediunidade, com equilíbrio e
discernimento, abre canais de luz, mesmo num mundo que ainda hesita em
ouvir os Espíritos.
Conclusão: O combate continua,
com novas armas
O Espiritismo nos ajuda a
compreender que:
- O Auto de Fé de 1861 representou uma repressão violenta contra a
liberdade de consciência;
- O bloqueio moderno é uma forma sutil de resistência à luz,
mas igualmente desafiadora;
- A humanidade progrediu, sim, mas a regeneração moral
ainda está em construção;
- A missão do Espiritismo continua sendo consolar, esclarecer e
libertar as consciências.
Como ensinou Allan Kardec:
“Fora da caridade não há salvação.”
E divulgar a Doutrina Espírita é um dos maiores
atos de caridade que podemos realizar hoje, pois leva luz às consciências e
esperança aos corações.
REFERÊNCIAS
KARDEC, Allan. Revista Espírita, dezembro de 1861 – Auto de Fé de Barcelona.KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 778.
KARDEC, Allan. A Gênese, cap. XVIII – Os Tempos São Chegados.
EMMANUEL. A Caminho da Luz. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
ANDRÉ LUIZ. Nos Domínios da Mediunidade, Missionários da Luz, Os Mensageiros. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
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