A evolução da ciência médica proporcionou inúmeros
avanços na área da reprodução humana, entre eles a técnica da fertilização in
vitro (FIV). Mas como compreender esse procedimento à luz da Doutrina Espírita
codificada por Allan Kardec? Quais os aspectos éticos e espirituais envolvidos
nesse processo, especialmente quando olhamos também para as obras de Emmanuel e
André Luiz (psicografadas por Francisco Cândido Xavier), e de Joanna de Ângelis
(por Divaldo Pereira Franco)?
1. O Princípio Espiritual da Vida
e a Concepção
Em O Livro dos Espíritos, questão 344,
Kardec pergunta:
“Em
que momento a alma se une ao corpo?”
— “A união começa na concepção, mas só
se completa por ocasião do nascimento.”
A Doutrina Espírita ensina que a encarnação de um
Espírito ocorre por meio da ligação fluídica com o corpo em formação, desde o
momento da concepção. Assim, mesmo na FIV, essa união espiritual se dá no
instante em que o óvulo é fecundado — ainda que fora do corpo materno.
Ou seja, a fecundação in vitro também pode ser um
instrumento da reencarnação, desde que o Espírito reencarnante esteja designado
para aquele processo, segundo os desígnios da espiritualidade superior.
2. Ciência e Espiritualidade:
Instrumentos do Progresso
Kardec afirma em A Gênese, capítulo I:
“O
Espiritismo marcha com o progresso e jamais será ultrapassado, porque, se novas
descobertas lhe demonstrarem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se
modificará nesse ponto.”
A ciência, quando aliada à ética, é ferramenta do
progresso humano e espiritual. As técnicas reprodutivas modernas não são
contrárias à Lei Divina em si; o que importa é a intenção moral e o respeito à
vida.
A espiritualidade pode atuar nesses processos de
forma organizada, garantindo que os Espíritos designados para reencarnar o
façam segundo os recursos disponíveis da medicina humana.
3. Emmanuel: A Bênção da
Maternidade Consciente
Em O Consolador, questão 113, Emmanuel
responde:
“A
maternidade é um sacerdócio divino, e toda forma de facilitar o renascimento de
almas no mundo deve ser recebida com respeito e responsabilidade.”
Assim, a fecundação in vitro pode ser entendida
como um recurso digno, quando utilizada para amparar casais que desejam
oferecer amor, lar e educação moral a Espíritos reencarnantes.
O Espírito Emmanuel valoriza sobretudo a
maternidade consciente e responsável, e não o método técnico isolado. Portanto,
o mais importante é a intenção espiritual que conduz o processo.
4. André Luiz: Planejamento
Reencarnatório e Assistência Espiritual
Nas obras da série A Vida no Mundo Espiritual,
especialmente em Missionários da Luz, André Luiz descreve com riqueza de
detalhes como se dá o processo de reencarnação assistida, em que Espíritos
superiores, sob a direção de instrutores como Alexandre, orientam os casais na
Terra e preparam os Espíritos reencarnantes.
Esses relatos nos mostram que a espiritualidade tem
domínio sobre os recursos da biologia. Mesmo no caso da fertilização
artificial, há planejamento, escolha dos pais e acompanhamento do Espírito a
ser reencarnado, considerando as necessidades evolutivas de todos os
envolvidos.
André Luiz destaca também que a reencarnação
envolve não só um corpo físico, mas laços de afeto, afinidade, responsabilidade
e progresso, que se perpetuam além da forma de concepção.
5. Joanna de Ângelis: A Ética da
Vida e a Responsabilidade dos Pais
A mentora Joanna de Ângelis, em várias obras
psicografadas por Divaldo Franco, ressalta a ética da vida como valor central.
Ela nos lembra que toda intervenção médica deve respeitar os direitos do
Espírito reencarnante, sem transformar o dom da maternidade em objeto de
consumo, vaidade ou comércio.
A fecundação in vitro é válida quando movida pelo
amor, pela compaixão e pelo desejo sincero de cumprir um papel regenerador e
educativo. Joanna também alerta para os riscos espirituais de processos que
envolvem descartes de embriões, manipulações genéticas sem critério moral, ou
aluguel de úteros por fins comerciais, que podem gerar consequências
espirituais na forma de compromissos assumidos perante a Lei de Causa e Efeito.
6. Considerações Finais
A Doutrina Espírita nos convida a refletir com
profundidade e serenidade sobre os avanços da ciência. A fecundação in vitro,
quando realizada com responsabilidade, amor e respeito à vida, pode ser
instrumento da reencarnação, atendendo às leis divinas e à justiça espiritual.
Mais do que a técnica, o que importa é a intenção
moral, a dignidade do processo e o compromisso dos pais com o Espírito que
retorna à Terra.
Divulgar esse entendimento é, também, um ato de
caridade e esclarecimento, pois une ciência e espiritualidade na construção de
um mundo mais justo, consciente e fraterno.
REFERÊNCIAS
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 344.KARDEC, Allan. A Gênese, cap. I.
EMMANUEL. O Consolador. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
ANDRÉ LUIZ. Missionários da Luz e Nos Domínios da Mediunidade. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
JOANNA DE ÂNGELIS. Diversas obras. Psicografia de Divaldo Pereira Franco.
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