terça-feira, 22 de julho de 2025

 

BASTA! — QUANDO A ALMA DECIDE MUDAR
- A Era do Espírito -

"Até quando cairemos, sem aprender as lições da queda...
Até quando faremos escolhas egoístas, quando tudo aponta para uma vida de colaboração...
Até quando nos perderemos por tão pouco, confundindo o que é meio com o que é fim...
Até quando afundaremos na lama... segurando o fôlego, em agonia, desejando estar em outro lugar..."

Essas perguntas comoventes, escritas por Andrey Cechelero em seu poema BASTA!, funcionam como um espelho da consciência humana diante das dores evitáveis que repetimos por escolhas mal dirigidas. São gritos de alma, revelando um cansaço moral que clama por regeneração.

Neste artigo, refletimos sobre o profundo simbolismo desse "basta", à luz da Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec — não como uma negação do passado, mas como o ponto de partida para uma nova trajetória espiritual.

A Mudança como Ato de Vontade e Progresso do Espírito

O Espiritismo ensina que o progresso é resultado da vontade aplicada à transformação moral. O “basta” surge como fruto do livre-arbítrio — esse dom que nos permite escolher entre continuar caindo ou levantar e crescer.

“O Espírito tem o livre-arbítrio; ele pode, pois, ceder à influência dos bons ou dos maus Espíritos.” (O Livro dos Espíritos, q. 466)

Nenhum Espírito é forçado a evoluir. A dor pode ser mestra, mas a lição só é aprendida se o Espírito quiser. Assim, o “basta” é uma declaração de independência moral. É quando a vontade rompe com a inércia e escolhe o bem.

O Basta como Ato Moral de Regeneração

Na codificação, a regeneração espiritual é descrita em três etapas: arrependimento, expiação e reparação. O “basta” é o momento decisivo em que o arrependimento se transforma em ação.

“O arrependimento é o primeiro passo para a regeneração; mas só as provas e a reparação podem anular o efeito e apagar completamente a infração.” (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, item 9)

Enquanto o remorso paralisa, o “basta” dinamiza. Ele rompe o ciclo da repetição e inaugura a estrada da responsabilidade.

Paulo, Magdala, Francisco – Símbolos de Decisão

Os grandes nomes da história espiritual da humanidade, como Paulo de Tarso, Maria de Magdala e Francisco de Assis, são exemplos do poder de uma decisão sincera. Eles viveram o “basta” que os libertou de vidas centradas em si mesmos e os colocou a serviço da luz.

“São Espíritos superiores que vêm com uma missão, não para sua própria depuração, mas para ajudar o progresso da humanidade.” (A Gênese, cap. XI, item 43)

Mesmo os missionários passaram por um ponto de ruptura. O “basta” foi a virada que lhes abriu caminho para sua verdadeira missão.

Os Choques Salutares da Vida

Kardec nos ensina que os sofrimentos têm função educativa. Muitas vezes, é no limite da dor que o Espírito desperta para sua responsabilidade diante da vida.

“Quando o homem sofre, é que está resgatando o passado ou preparando o futuro.” (O Livro dos Espíritos, q. 737)

Assim, o “basta” pode surgir no momento em que o Espírito, esgotado pelo peso de seus próprios enganos, decide por um novo caminho.

O Basta como Início de uma Nova Encarnação Moral

Em O Céu e o Inferno, vemos relatos de Espíritos que, mesmo após a morte, reconhecem um instante decisivo como ponto de mudança. É como se tivessem vivido uma nova encarnação interior — sem trocar de corpo, mas de mentalidade.

Esse processo é ilustrado com beleza na obra Boa Nova, quando Maria de Magdala encontra Jesus. Seu “basta” diante da misericórdia do Cristo foi a semente de uma vida inteiramente renovada.

Ação Agora, com os Recursos que Temos

A Doutrina Espírita é clara: não há tempo ideal para a transformação. O momento é agora. Não precisamos esperar sermos perfeitos para começar a fazer o bem.

“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas más inclinações.” (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 4)

O esforço presente vale mais do que a intenção futura. Cada passo no bem é já uma vitória sobre si mesmo.

Conclusão: O Basta como Sinal de Despertamento Espiritual

O poema de Andrey Cechelero nos convida a parar de adiar a mudança. A Doutrina Espírita reforça que este momento de decisão é íntimo, individual e intransferível, mas sempre assistido pelos bons Espíritos e inspirado pelo Cristo.

Dar um basta é assumir o comando da própria evolução. É dizer, com coragem e fé: "Chega do que fui. Eis o que posso me tornar."

Referências Doutrinárias:

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1857. Questões: 23, 466, 737.
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 1864. Cap. V, item 9; cap. XVII, item 4.
KARDEC, Allan. A Gênese. 1868. Cap. XI, item 43.
KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. 1865. Segunda Parte – Exemplos.
XAVIER, Francisco Cândido. Boa Nova, pelo Espírito Humberto de Campos. Cap. 20 – “Maria de Magdala”.
CECHELERO, Andrey. Poema “BASTA!”

Nenhum comentário:

Postar um comentário

  O LUGAR, A TAREFA E O HOMEM MAIS IMPORTANTE DO MUNDO - A Era do Espírito - Um estudo à luz da Doutrina Espírita Introdução A busca pelo ...