quarta-feira, 16 de julho de 2025

 

O ESPIRITISMO: CIÊNCIA, FILOSOFIA E MORAL
À LUZ DE UMA REVELAÇÃO RACIONAL
- A Era do Espírito -


Introdução – A Jornada Inaugural de Allan Kardec

Na segunda parte de Obras Póstumas, Allan Kardec relata com clareza e sinceridade o início de sua jornada no Espiritismo, descrevendo como, de um observador cético e científico, se tornou o codificador de uma doutrina revelada por Espíritos superiores. Ao presenciar os fenômenos das mesas girantes, não se deixou levar pela curiosidade superficial, mas buscou compreender os fatos à luz da razão. Seu espírito investigativo levou-o a reconhecer que, por trás daqueles fenômenos, havia uma inteligência oculta, cujas manifestações exigiam estudo, método e critérios rigorosos de verificação. 

Essa “primeira iniciação” revela a atitude fundamental com que o Espiritismo se apresenta ao mundo: não como fé cega ou mistificação, mas como investigação séria e racional de uma nova ordem de fatos — os fatos espirituais. 

O Espiritismo como Ciência e como Doutrina Racional 

Na Introdução de O Livro dos Espíritos, especialmente no item VII – A Ciência e o Espiritismo, Kardec distingue bem os campos de atuação da ciência oficial e da ciência espírita. A ciência tradicional se ocupa do mundo material, das leis físicas e da observação sensorial; o Espiritismo, por sua vez, trata das leis morais e espirituais, estudando os fenômenos da alma, suas manifestações e consequências. 

Kardec afirma que o Espiritismo é uma ciência de observação e uma filosofia de consequências morais. Ele não se opõe à ciência, mas a complementa, indo além da matéria para estudar o ser espiritual, sua origem, destino e relações com o mundo invisível. Por isso, sua abordagem é também progressiva, aberta a novos conhecimentos que se confirmem pela experiência e pelo bom senso. 

Autoridade e Método do Espiritismo: Uma Doutrina Coletiva e Universal 

Em O Evangelho segundo o Espiritismo, na seção Autoridade da Doutrina Espírita, Kardec esclarece que o Espiritismo não é uma doutrina pessoal, criada por um homem ou grupo isolado. Ao contrário, sua autoridade vem do conjunto de inúmeras comunicações dos Espíritos superiores, recebidas em diversos lugares, por médiuns diferentes, sem conexão entre si e em tempos distintos. 

É o chamado Controle Universal do Ensino dos Espíritos (CUEE), um dos pilares metodológicos da Codificação. Ele garante que as verdades espirituais reveladas não sejam frutos de opinião individual ou capricho, mas sim expressão da vontade de Espíritos mais elevados, coerentes entre si, e cuja finalidade é conduzir a humanidade ao progresso moral e intelectual. 

Esse controle evita o personalismo, o dogmatismo e a fragmentação doutrinária, tornando o Espiritismo uma doutrina fundamentada na universalidade e na concordância do ensino espiritual. 

A Revelação Espírita: Características de uma Nova Era

Na obra A Gênese, capítulo Caracteres da Revelação Espírita (itens 14 a 18 e 55), Allan Kardec aprofunda o entendimento sobre o tipo de revelação trazida pelo Espiritismo. Ele demonstra que essa revelação: 

Não é sobrenatural nem miraculosa, mas natural e racional, porque vem por meio de leis universais ainda pouco compreendidas;

- E progressiva, acompanhando o amadurecimento da humanidade. Assim, Deus não impõe verdades prontas, mas permite que cada geração avance um passo conforme seu grau de entendimento;

É coletiva, e não de um profeta isolado: a verdade não vem por autoridade pessoal, mas pela convergência das comunicações dos Espíritos superiores em todo o mundo;

É verificável, pois não exige fé cega, mas convida à análise, à comparação e à razão iluminada pela moral cristã;

É científica, pois parte da observação de fatos espirituais e da sistematização de seus princípios. 

No item 55, Kardec destaca que o Espiritismo é a terceira revelação da Lei de Deus, sucedendo o judaísmo e o cristianismo, mas sem os substituir: ele os completa e os explica, desvelando o que estava oculto ou simbólico nas revelações anteriores. 

Conclusão – Uma Nova Luz para a Humanidade 

A Doutrina Espírita surge, portanto, como um chamado à razão, à moral e à consciência. Não é uma religião no sentido tradicional, mas uma ciência da alma com implicações éticas profundas, que convida à transformação interior e ao autoconhecimento. 

O percurso de Allan Kardec desde sua iniciação até a sistematização do Espiritismo é um testemunho de que fé e razão podem caminhar juntas. Seu legado é uma proposta de fé raciocinada, que respeita a liberdade de pensar, a responsabilidade do ser humano e a lógica das leis divinas. 

Em tempos de incerteza e busca por sentido, o Espiritismo apresenta-se como luz serena que esclarece, consola e liberta, mostrando que o verdadeiro progresso começa no íntimo de cada Espírito.

 

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