quarta-feira, 16 de julho de 2025

 

QUEM TEM OLHOS PARA VER, VEJA:
UM CONVITE AO DESPERTAR ESPIRITUAL
- A Era do Espírito -

1. Introdução – O Chamado à Consciência 

A expressão “Quem tem olhos para ver, veja” é mais do que uma simples frase. É um convite ao despertar interior, um alerta de que a realidade vai além da aparência. Muitas vezes, os acontecimentos ao nosso redor carregam mensagens profundas, mas nem sempre as percebemos — por falta de atenção, por preconceito ou por comodismo.

Essa expressão, que também aparece com a adição “e quem tem ouvidos para ouvir, ouça”, está presente nos Evangelhos e foi retomada pela Doutrina Espírita como um chamado ao discernimento, à reflexão e ao uso consciente da razão. Ela nos convida a ver e ouvir com os sentidos da alma, e não apenas com os olhos e ouvidos do corpo. 

2. A Doutrina Espírita e o Princípio do Discernimento 

Allan Kardec, ao codificar o Espiritismo, propôs uma doutrina baseada na razão, na experiência e no progresso moral. Em "O Evangelho segundo o Espiritismo", ele mostra que as palavras de Jesus não devem ser interpretadas ao pé da letra, mas com profundidade espiritual, segundo o grau de maturidade de cada um. 

O Espiritismo ensina que todos temos faculdades espirituais em desenvolvimento, e que compreender a verdade exige esforço pessoal, estudo e vontade de crescer moralmente. Por isso, ver e ouvir no sentido espiritual significa abrir o coração e a mente para aprender, questionar e transformar-se. 

3. O Mito da Caverna – A Ilusão da Aparência 

Na República de Platão, encontramos o Mito da Caverna, que pode ser interpretado como uma grande metáfora do despertar da consciência. No mito, pessoas vivem acorrentadas dentro de uma caverna, vendo apenas sombras projetadas na parede. Para elas, aquelas sombras são a realidade. 

Um dia, uma dessas pessoas consegue se libertar, sai da caverna e, após se adaptar à luz do sol, vê o mundo verdadeiro. Quando volta para contar aos outros, é desacreditada e ridicularizada. 

Este mito nos lembra que a verdade muitas vezes incomoda, e que nem todos estão prontos para enxergar além das sombras. Isso se conecta diretamente à expressão “quem tem olhos para ver”, pois só vê a luz quem aceita deixar a escuridão da ignorância. Assim também acontece no processo de educação espiritual que o Espiritismo propõe: sair das ilusões materiais para descobrir a realidade da alma e da vida imortal. 

4. A Lenda do Peixinho Vermelho – Emmanuel e o Despertar Interior 

A Lenda do Peixinho Vermelho, contada por Emmanuel e psicografada por Chico Xavier, apresenta um ensinamento semelhante. Trata-se de um pequeno peixe, de cor diferente dos demais, que, inconformado com o mundo limitado em que vivia, resolve buscar algo além. Movido por uma inquietação interior, ele nada contra a corrente, enfrenta perigos, críticas e zombarias, mas segue adiante em busca de algo maior. 

No final, o Peixinho Vermelho encontra uma nova realidade – mais ampla, luminosa, cheia de sentido. Ao retornar para contar aos outros, poucos o ouvem com atenção. A maioria não quer sair da zona de conforto. 

Essa narrativa, poética e simbólica, fala da coragem de buscar a verdade, da resistência que o progresso moral encontra, e da necessidade de perseverança para enxergar além do imediatismo e do egoísmo. 

5. O Espírito que Aprende a Ver 

A Doutrina Espírita ensina que o Espírito está em constante evolução. O uso da razão, da liberdade de pensamento e da vontade de melhorar são ferramentas fundamentais para que cada um de nós abra seus próprios olhos espirituais. 

·    - Em "O Livro dos Espíritos", Allan Kardec afirma que “a missão dos Espíritos é abrir os olhos e os ouvidos dos homens” (Introdução). 

·   - Em "A Gênese", mostra que a revelação espírita é progressiva e adaptada ao grau de compreensão da humanidade. Ou seja, cada um verá e ouvirá segundo o que estiver pronto para perceber. 

A verdade espiritual, portanto, não é imposta, mas descoberta por esforço próprio. O Espiritismo convida-nos a sermos ativos nesse processo, como o Peixinho Vermelho e o homem que saiu da caverna, abrindo os olhos para além das ilusões da matéria. 

6. Conclusão – Ver com os Olhos da Alma 

Quem tem olhos para ver, veja” é um apelo à consciência. Não basta estar encarnado, com sentidos físicos funcionando. É preciso educar os sentidos da alma, para que possamos enxergar as leis divinas que regem a vida, reconhecer os sinais do mundo espiritual e compreender os ensinamentos do Cristo. 

A Doutrina Espírita, com sua proposta de fé raciocinada, nos ajuda a sair das cavernas da ignorância e da indiferença. Convida-nos a nadar contra as correntezas da acomodação, como o Peixinho Vermelho, e a buscar a verdade com humildade, discernimento e perseverança.

Porque ver com os olhos do Espírito é começar a despertar para o que realmente somos: seres imortais em jornada de aprendizado e transformação.

 

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