sexta-feira, 22 de agosto de 2025

CIÊNCIA, CLONAGEM E O DESTINO ESPIRITUAL DO HOMEM: REFLEXÕES À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA
- A Era do Espírito -

Introdução

O avanço científico e tecnológico, sobretudo nas áreas da biologia, da genética e da medicina, oferece ao ser humano recursos antes inimagináveis. A clonagem, os estudos do DNA e as perspectivas de manipulação genética suscitam debates profundos sobre os limites da ciência, os direitos da vida e as implicações morais das descobertas modernas.

A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec e enriquecida pelos estudos da Revista Espírita e pelas obras complementares, oferece luz para o entendimento desses fenômenos. Nela encontramos a chave para compreender que o progresso material e intelectual deve caminhar em sintonia com o progresso moral, sob a égide das Leis Naturais, que são expressão da Lei Divina.

A evolução do corpo e do Espírito

Kardec, em O Livro dos Espíritos (questões 776 a 785), mostra que a humanidade progride simultaneamente no campo material e moral, mas nem sempre de forma equilibrada. O corpo físico, por sua vez, acompanha as transformações espirituais, pois a matéria é moldada pela energia espiritual que lhe serve de sustentáculo.

Como lembra a Revista Espírita (dezembro de 1863), “o Espírito é o arquiteto do corpo”. Dessa forma, as modificações morfológicas e biológicas da humanidade, ao longo do tempo, não são obra exclusiva do acaso ou da seleção natural, mas refletem a atuação dos Espíritos e dos planos de Deus para o progresso do orbe.

Assim, não é a manipulação humana que garante a perfeição da forma, mas a ascensão moral e intelectual do Espírito que, em reencarnações sucessivas, plasma corpos cada vez mais aptos às suas necessidades evolutivas.

Clonagem, genética e os limites da ciência

A ciência material, ao tentar manipular a vida, muitas vezes esquece-se de que o espírito (LE, q. 23)  é o princípio inteligente do Universo (O Livro dos Espíritos, q. 23). Sem ele, não há consciência, nem sentimentos, nem destino.

Na Revista Espírita (abril de 1862), Kardec comenta que o espírito (LE, q. 23) não pode ser fabricado em laboratório, pois sua origem é divina, independente dos processos humanos. Dessa forma, a clonagem de corpos humanos, ainda que um dia se concretize tecnicamente, não será capaz de gerar seres conscientes, pois faltará o elemento essencial: o Espírito (LE, q. 76) reencarnante.

Os experimentos que visam à produção de corpos sem alma, programados para funções utilitárias, representam um desvio da finalidade sublime da ciência. Kardec advertia em A Gênese (cap. XI, item 15) que a ciência sem moral pode tornar-se instrumento de destruição, mas quando aliada à ética e ao amor, torna-se força libertadora.

O risco da eugenia e a ilusão da perfeição material

A história recente mostra os perigos da eugenia, como no nazismo, que tentou impor uma raça pura através da violência e da eliminação dos considerados “imperfeitos”. A Doutrina Espírita ensina, entretanto, que as aparentes limitações físicas e mentais são oportunidades de aprendizado, escolhidas muitas vezes pelos próprios Espíritos, como meio de progresso e reparação.

Na Revista Espírita (janeiro de 1864), encontramos a explicação de que “as doenças e as deformidades são, frequentemente, provas aceitas pelo Espírito antes de renascer”. Assim, ao buscar eliminar tais experiências, a ciência corre o risco de atentar contra a pedagogia divina que conduz cada ser ao seu aperfeiçoamento.

A ética espiritual da ciência

Kardec estabelece, em O Livro dos Espíritos (q. 780), que o progresso moral é o freio do progresso intelectual. Enquanto o homem não subordinar suas descobertas ao bem coletivo e à lei de amor, a ciência poderá ser instrumento de sofrimento.

Por outro lado, a Doutrina Espírita não condena o avanço científico. Ao contrário, reconhece-o como parte essencial da evolução humana. As conquistas da medicina, ao prolongar a vida e aliviar dores, são instrumentos divinos quando colocados a serviço do bem.

A clonagem de órgãos para transplantes, a correção de anomalias genéticas e as pesquisas para curar doenças encontram respaldo no Evangelho quando buscam o amparo ao próximo. Mas a produção de clones humanos ou a manipulação voltada ao prazer e ao poder são desvios que cedo ou tarde serão corrigidos pelas Leis Naturais.

Conclusão

O futuro reserva à humanidade um equilíbrio entre ciência e espiritualidade. A clonagem e as manipulações genéticas, sem a compreensão do papel do Espírito, permanecerão limitadas e arriscadas. Mas quando a ética evangélica iluminar o laboratório, o cientista será também servidor da Lei Divina, contribuindo para uma sociedade mais justa, fraterna e feliz.

Jesus, o modelo e guia da humanidade, já nos advertia que apenas o amor edifica e liberta. O progresso verdadeiro será aquele que respeite a vida, em todas as suas expressões, e reconheça no Espírito imortal o verdadeiro centro da criação.

Referências

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB.
  • KARDEC, Allan. A Gênese. FEB.
  • KARDEC, Allan. Revista Espírita (1858-1869). Diversos volumes.
  • KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. FEB.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB.
  • XAVIER, Francisco Cândido (pelo Espírito Emmanuel). A Caminho da Luz. FEB.
  • FRANCO, Divaldo Pereira (pelo Espírito Joanna de Ângelis). O Homem Integral. LEAL.

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