sexta-feira, 22 de agosto de 2025

JESUS E A ERA DO AMOR:
REFLEXÕES À LUZ DO ESPIRITISMO
- A Era do Espírito -

Introdução

Ao longo da história, a humanidade conheceu inúmeros conquistadores, reis e generais que deixaram marcas de violência e dominação. No entanto, nenhum deles transformou o destino do mundo como Jesus de Nazaré. Enquanto os poderosos se imortalizavam em guerras e monumentos, Cristo inaugurava uma era nova, marcada pelo amor, pela fraternidade e pela esperança na imortalidade da alma.

A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec a partir de 1857, convida-nos a compreender Jesus não apenas como o “mestre moral” ou o “fundador do cristianismo”, mas como o Guia e Modelo da humanidade, o Espírito mais puro que já habitou a Terra (O Livro dos Espíritos, questão 625). Nesse contexto, o nascimento de Jesus não representa apenas um marco histórico, mas a chegada de um novo ciclo espiritual para o planeta.

A humanidade antes de Jesus

A civilização humana, nos séculos que antecederam a vinda do Cristo, era marcada pela violência, pela escravidão e pela opressão. Governos autoritários exploravam os povos e a força bélica ditava a lei. Os nomes de Ramsés, Nabucodonosor, Alexandre Magno e César atravessaram a história como símbolos de poder, mas seus impérios ruíram com o tempo.

Como observa Kardec na Revista Espírita (dezembro de 1868), a lei do progresso conduz os povos, mesmo quando estes se desviam pelos caminhos da violência. No entanto, era necessário que um enviado especial viesse trazer ao mundo um novo código moral, universal e eterno.

O nascimento de Jesus

É nesse cenário que Jesus surge. Seu nascimento humilde, em Belém de Judá, simboliza a ruptura com as glórias ilusórias do mundo. Não veio cercado de exércitos nem coroado de riquezas, mas envolto pela simplicidade da natureza e pela vibração espiritual superior que ressoava naquela noite.

Segundo Emmanuel, em A Caminho da Luz, a escolha do período de Augusto César, marcado por relativa paz e florescimento cultural, favoreceu a difusão da mensagem cristã. Jesus, ao contrário dos conquistadores, inaugurou uma era de renovação íntima e coletiva, baseada na lei do amor.

A missão libertadora do Cristo

Ao iniciar seu ministério, Jesus rompeu com os paradigmas sociais de seu tempo. Preferiu os pobres, os enfermos, os marginalizados e os aflitos como companheiros de sua causa. Sem ignorar os poderosos, demonstrou-lhes a vaidade de suas glórias e os convidou ao despertar espiritual.

Enquanto os generais conquistavam territórios, Jesus conquistava corações. Sua vitória não se mediu em espólios ou fronteiras, mas na transformação íntima dos que o ouviam. Como destaca Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. I, item 2), “a missão de Jesus não foi outra senão ensinar ao homem a verdadeira vida, aquela que não se extingue com a morte do corpo”.

Mesmo na cruz, quando parecia vencido, Ele permanecia invencível, mostrando que o amor é mais forte do que a morte.

Os falsos conquistadores da história

Após sua passagem, a humanidade continuou a experimentar períodos de trevas, nos quais surgiram novos dominadores como Átila, Gêngis Khan e, mais tarde, ditadores modernos como Hitler. Contudo, todos eles, como observa a filosofia espírita, retornaram ao pó, enquanto a mensagem de Jesus permaneceu intacta e cada vez mais viva.

A Revista Espírita (fevereiro de 1862) ressalta que os Espíritos Superiores conduzem a marcha da humanidade, permitindo que o mal se manifeste apenas como instrumento temporário de progresso. Assim, enquanto os falsos conquistadores desapareceram, Jesus permaneceu como o verdadeiro libertador da consciência humana.

O Natal como marco espiritual

O nascimento de Jesus não deve ser visto apenas como celebração histórica, mas como oportunidade de renovação espiritual. O Espiritismo nos lembra que cada Natal é convite à fraternidade, à caridade e à vivência do Evangelho no cotidiano.

Evocar o presépio singelo de Belém significa reconhecer que a grandeza espiritual se manifesta na simplicidade e que o verdadeiro poder é o amor. Como ensina A Gênese (cap. XVII, item 56), “Jesus é o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem, para lhe servir de guia e modelo”.

Conclusão

Se antes da vinda do Cristo a Terra era palco de guerras e domínios efêmeros, desde o seu advento a humanidade recebeu a semente do amor, destinada a florescer ao longo dos séculos. Embora ainda convivamos com sombras de violência e egoísmo, o Espiritismo nos recorda que a lei de progresso é inexorável e que a vitória final pertence ao amor inaugurado por Jesus.

O Natal, portanto, não é apenas memória, mas compromisso: cada gesto de fraternidade, cada ação de auxílio aos sofredores e cada esforço de melhoria íntima são formas de construir o Reino de Deus em nós e ao nosso redor.

Referências

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1857.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 1864.
  • KARDEC, Allan. A Gênese. 1868.
  • KARDEC, Allan. Revista Espírita (1858-1869). Diversos volumes.
  • XAVIER, Francisco Cândido (pelo Espírito Emmanuel). A Caminho da Luz. 1938.
  • FRANCO, Divaldo Pereira, (pelo Espírito Joanna de Ângelis). Conquistador Incomum.

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