Introdução
Ao
longo da história, a humanidade conheceu inúmeros conquistadores, reis e
generais que deixaram marcas de violência e dominação. No entanto, nenhum deles
transformou o destino do mundo como Jesus de Nazaré. Enquanto os poderosos se
imortalizavam em guerras e monumentos, Cristo inaugurava uma era nova, marcada
pelo amor, pela fraternidade e pela esperança na imortalidade da alma.
A
Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec a partir de 1857, convida-nos a
compreender Jesus não apenas como o “mestre moral” ou o “fundador do
cristianismo”, mas como o Guia e Modelo da humanidade, o Espírito mais puro que
já habitou a Terra (O Livro dos Espíritos, questão 625). Nesse contexto,
o nascimento de Jesus não representa apenas um marco histórico, mas a chegada
de um novo ciclo espiritual para o planeta.
A humanidade antes de Jesus
A
civilização humana, nos séculos que antecederam a vinda do Cristo, era marcada
pela violência, pela escravidão e pela opressão. Governos autoritários
exploravam os povos e a força bélica ditava a lei. Os nomes de Ramsés,
Nabucodonosor, Alexandre Magno e César atravessaram a história como símbolos de
poder, mas seus impérios ruíram com o tempo.
Como observa
Kardec na Revista Espírita (dezembro de 1868), a lei do progresso conduz
os povos, mesmo quando estes se desviam pelos caminhos da violência. No
entanto, era necessário que um enviado especial viesse trazer ao mundo um novo
código moral, universal e eterno.
O nascimento de Jesus
É
nesse cenário que Jesus surge. Seu nascimento humilde, em Belém de Judá,
simboliza a ruptura com as glórias ilusórias do mundo. Não veio cercado de
exércitos nem coroado de riquezas, mas envolto pela simplicidade da natureza e
pela vibração espiritual superior que ressoava naquela noite.
Segundo
Emmanuel, em A Caminho da Luz, a escolha do período de Augusto César,
marcado por relativa paz e florescimento cultural, favoreceu a difusão da
mensagem cristã. Jesus, ao contrário dos conquistadores, inaugurou uma era de
renovação íntima e coletiva, baseada na lei do amor.
A missão libertadora do Cristo
Ao
iniciar seu ministério, Jesus rompeu com os paradigmas sociais de seu tempo.
Preferiu os pobres, os enfermos, os marginalizados e os aflitos como
companheiros de sua causa. Sem ignorar os poderosos, demonstrou-lhes a vaidade
de suas glórias e os convidou ao despertar espiritual.
Enquanto
os generais conquistavam territórios, Jesus conquistava corações. Sua vitória
não se mediu em espólios ou fronteiras, mas na transformação íntima dos que o
ouviam. Como destaca Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap.
I, item 2), “a missão de Jesus não foi outra senão ensinar ao homem a
verdadeira vida, aquela que não se extingue com a morte do corpo”.
Mesmo
na cruz, quando parecia vencido, Ele permanecia invencível, mostrando que o
amor é mais forte do que a morte.
Os falsos conquistadores da história
Após
sua passagem, a humanidade continuou a experimentar períodos de trevas, nos
quais surgiram novos dominadores como Átila, Gêngis Khan e, mais tarde,
ditadores modernos como Hitler. Contudo, todos eles, como observa a filosofia
espírita, retornaram ao pó, enquanto a mensagem de Jesus permaneceu intacta e
cada vez mais viva.
A Revista
Espírita (fevereiro de 1862) ressalta que os Espíritos Superiores conduzem
a marcha da humanidade, permitindo que o mal se manifeste apenas como
instrumento temporário de progresso. Assim, enquanto os falsos conquistadores
desapareceram, Jesus permaneceu como o verdadeiro libertador da consciência
humana.
O Natal como marco espiritual
O
nascimento de Jesus não deve ser visto apenas como celebração histórica, mas
como oportunidade de renovação espiritual. O Espiritismo nos lembra que cada
Natal é convite à fraternidade, à caridade e à vivência do Evangelho no
cotidiano.
Evocar
o presépio singelo de Belém significa reconhecer que a grandeza espiritual se
manifesta na simplicidade e que o verdadeiro poder é o amor. Como ensina A
Gênese (cap. XVII, item 56), “Jesus é
o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem, para lhe servir de guia e
modelo”.
Conclusão
Se
antes da vinda do Cristo a Terra era palco de guerras e domínios efêmeros,
desde o seu advento a humanidade recebeu a semente do amor, destinada a
florescer ao longo dos séculos. Embora ainda convivamos com sombras de
violência e egoísmo, o Espiritismo nos recorda que a lei de progresso é
inexorável e que a vitória final pertence ao amor inaugurado por Jesus.
O
Natal, portanto, não é apenas memória, mas compromisso: cada gesto de
fraternidade, cada ação de auxílio aos sofredores e cada esforço de melhoria
íntima são formas de construir o Reino de Deus em nós e ao nosso redor.
Referências
- KARDEC, Allan. O
Livro dos Espíritos. 1857.
- KARDEC, Allan. O
Evangelho segundo o Espiritismo. 1864.
- KARDEC, Allan. A
Gênese. 1868.
- KARDEC, Allan. Revista
Espírita (1858-1869). Diversos volumes.
- XAVIER, Francisco
Cândido (pelo Espírito Emmanuel). A Caminho da Luz. 1938.
- FRANCO, Divaldo Pereira, (pelo Espírito
Joanna de Ângelis). Conquistador Incomum.
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