Uma leitura reflexiva a partir da metáfora da rosa
e da sabedoria do espírito imortal
“A
cada existência nova, o Espírito dá um passo no caminho do progresso; quando se
despoja de todas as suas impurezas, não tem mais necessidade das provas da vida
corporal.”
— Allan Kardec, O Livro dos Espíritos,
questão 166.
A flor
que desabrocha: a infância como promessa
A trajetória humana, quando observada com
sensibilidade, pode ser comparada a uma rosa no jardim da vida. O botão que
desponta representa a infância — essa fase sublime em que o Espírito renasce
para uma nova experiência corporal, trazendo em si as marcas de vidas
anteriores e as possibilidades do porvir. Na pureza da criança, vemos a beleza
de um coração livre de malícias, a esperança do progresso e a espontaneidade
que expressa a essência do Espírito em sua fase mais livre da influência das
paixões mundanas.
Conforme nos ensina Allan Kardec em O Livro dos
Espíritos (questões 383 a 385), a infância não é apenas um estágio
biológico, mas sobretudo uma fase espiritual de readaptação. É nesse período
que o Espírito, ainda sob o véu da fragilidade física, se mostra mais acessível
à educação moral e mais disposto ao aprendizado regenerador.
O
desabrochar da consciência: juventude e maturidade
À medida que a rosa se abre, a vida se mostra em
plenitude. A juventude e a maturidade chegam com as descobertas, as emoções, os
desafios e os conflitos. É nesse estágio que o Espírito tem maior liberdade de
ação e, consequentemente, maior responsabilidade sobre suas escolhas. Porém,
paradoxalmente, é também nessa fase que muitos começam a perder a coragem de
viver com o mesmo entusiasmo da infância.
Enquanto a criança arrisca, insiste e tenta sem
medo de errar, o adulto muitas vezes se detém diante das dificuldades, envolto
por receios e crenças limitantes. No entanto, segundo os Espíritos Superiores,
não há obstáculos intransponíveis para aquele que confia na Providência Divina
e trabalha com fé e perseverança (cf. O Evangelho segundo o Espiritismo,
cap. V, item 18).
O tempo e
a alma: envelhecer é colher, não desistir
Com o avançar dos anos, o corpo fenece, como a rosa
que perde o viço. No entanto, o Espírito permanece intacto — eterno e
perfectível. A Doutrina Espírita nos convida a enxergar o envelhecimento sob
outra perspectiva: não como uma decadência, mas como uma fase rica de
significado, aprendizado e ação espiritual.
“Enquanto
o corpo envelhece, o Espírito amadurece”, poderíamos dizer. E Kardec é
claro ao afirmar que o Espírito não tem idade, pois continua a progredir mesmo
após a morte do corpo físico (O Livro dos Espíritos, questão 192).
Assim, o envelhecimento não deve ser visto como o fim da linha, mas como um
momento privilegiado de colheita, de reflexão e, sobretudo, de renovação
interior.
Aqueles que compreendem a reencarnação sabem que o
tempo no corpo é uma oportunidade bendita. E quando essa oportunidade é bem
aproveitada, a idade se torna apenas um detalhe da matéria, jamais um limite
para o Espírito.
Progresso
eterno: nunca é tarde para aprender
A Doutrina Espírita nos ensina que “não há
estagnação na Lei Divina”. O Espírito é chamado ao progresso constante, e esse
chamado independe da idade do corpo. Em O Céu e o Inferno, Allan Kardec
apresenta inúmeros relatos de Espíritos que despertam para novas
responsabilidades mesmo após a morte, reconhecendo que poderiam ter feito mais
durante a vida física.
Por isso, o envelhecimento deve ser acompanhado de
novos projetos, metas, leituras, descobertas. Aprender a tocar um instrumento,
estudar uma nova língua, dedicar-se a uma causa ou iniciar uma atividade que
sempre foi adiada. É isso que significa viver com propósito, manter acesa a
chama da vontade, combater a ociosidade espiritual.
O espírito de Emmanuel, pela mediunidade de Chico
Xavier, reforça essa ideia ao afirmar que “o
tempo que passa não destrói, apenas transforma. E o Espírito, em sua essência
divina, não envelhece nunca.”
Conclusão:
cultivar a flor eterna da alma
Envelhecer com dignidade é cultivar o jardim da
alma com perseverança, fé e amor. É olhar-se no espelho da vida e reconhecer
que cada ruga é uma história, cada cicatriz é uma lição, e cada novo dia é uma
bênção para continuar crescendo, mesmo que seja em silêncio.
A Doutrina Espírita, ao iluminar a compreensão
sobre a imortalidade da alma, nos convida a abandonar os preconceitos sociais e
culturais sobre a velhice. Em vez disso, ela nos propõe a visão de que cada
etapa da existência tem sua função educativa. Como ensina Léon Denis em O
Problema do Ser, do Destino e da Dor, “a velhice do corpo é apenas o outono
da alma que se prepara para novo ciclo de florescimento”.
Sigamos, pois, como rosas espirituais,
desabrochando eternamente no jardim infinito do progresso.
Referências doutrinárias:
- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. FEB.
- KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. FEB.
- KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. FEB.
- DENIS, Léon. O Problema do Ser, do Destino e da Dor. FEB.
- XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. Pelo espírito
Emmanuel. FEB.
- Texto-base: “Momento Espírita – Jardim da Vida”.
Disponível em: https://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=4250&let=J&stat=0
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