“A esperança é a fé voltada para o futuro.”
(Joanna de Ângelis – Diretrizes para o Êxito, cap. 25)
Introdução
A palavra esperança evoca, para muitos, a imagem de
um coração voltado para um futuro melhor. No entanto, seu real significado e
sua verdadeira aplicação no progresso espiritual nem sempre são compreendidos.
Filósofos como André Comte-Sponville e Nietzsche, ainda que com perspectivas
diferentes, alertam para os perigos da esperança ilusória ou paralisante.
O Espiritismo, codificado por Allan Kardec, oferece
uma visão mais profunda: a esperança verdadeira não é simples espera passiva,
mas força ativa que se apoia na fé raciocinada e no trabalho constante para o
próprio aperfeiçoamento.
A falsa
esperança: um obstáculo ao progresso
Nietzsche, com seu olhar crítico, afirmou que “a
esperança prolonga o sofrimento, por isso seria o pior dos males”.
Comte-Sponville, mais brando, observa que a esperança pode trazer incerteza e
angústia quando não se sabe se o desejado se realizará.
Esses apontamentos, embora carregados de
pessimismo, tocam num ponto essencial: quando a esperança é confundida com
comodismo, ela se transforma em estagnação espiritual.
O Espiritismo alerta para essa distorção. Muitos
dizem esperar um mundo melhor, mas não percebem que a transformação começa em
si mesmos. Outros sonham com melhorias na vida pessoal, mas não se mobilizam
para conquistá-las, esquecendo que, conforme as Leis Divinas, “a cada um será
dado segundo as suas obras” (Mateus 16:27).
A
esperança segundo a Doutrina Espírita
Para a filosofia espírita, a esperança legítima é
virtude ativa. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo (cap. IX e cap.
XXV), Allan Kardec nos lembra que a confiança no futuro se apoia na certeza de
que Deus é justo e sábio, e que nada acontece sem causa ou finalidade. Essa
confiança afasta a ansiedade e sustenta a perseverança mesmo nas provações.
Joanna de Ângelis (espírito), em Diretrizes para
o Êxito, afirma que a verdadeira esperança não é passiva, mas repleta de
disposição e ânimo. Ela fortalece nas horas difíceis, conduz à ação e inspira o
trabalho persistente, ainda que o resultado pareça distante.
Esperança
como força construtiva
Quando ancorada na fé raciocinada, a esperança:
- Orienta decisões — diante de encruzilhadas,
estimula a escolha do caminho mais nobre;
- Sustenta na adversidade — mesmo sob “céus
borrascosos”, anuncia que a tormenta é passageira;
- Motiva o recomeço — após fracassos, renova o
ânimo para novas tentativas;
- Conforta na separação — diante da morte, alimenta
a certeza do reencontro com entes queridos.
Essa postura ativa aproxima a esperança da
caridade, pois quem confia no futuro em harmonia com as Leis Divinas tende a
agir para semear o bem no presente.
Conclusão
A esperança que o Espiritismo propõe não é o mero
“esperar” resignado, mas a confiança operante nas Leis Divinas, sustentada pelo
trabalho, perseverança e vigilância moral. Ela é irmã da fé e da caridade,
formando o tripé das virtudes teologais reinterpretadas pela visão espírita.
Se a falsa esperança paralisa, a esperança
verdadeira liberta, impulsiona e ilumina. É a certeza de que, independentemente
das dificuldades presentes, tudo concorre para o nosso crescimento espiritual,
e que o futuro, em conformidade com a soberana sabedoria e justiça divinas,
sempre será um campo de oportunidades para o bem.
Referências
- KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Federação
Espírita Brasileira, caps. IX – “Bem-aventurados os mansos e pacíficos” e
XXV – “Buscai e achareis”.
- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Federação Espírita
Brasileira, questões 920 e seguintes.
- COMTE-SPONVILLE, André. Pequeno Tratado das Grandes Virtudes.
São Paulo: Martins Fontes, cap. “Gratidão”.
- FRANCO, Divaldo Pereira. Diretrizes para o Êxito, pelo
Espírito Joanna de Ângelis. Salvador: LEAL, cap. 25 – “Esperança”.
- “NECESSÁRIA ESPERANÇA”. Momento de Reflexão. Disponível em: http://www.reflexao.com.br/imprimir.php?id=2033
- Bíblia Sagrada. Mateus 16:27.
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