segunda-feira, 11 de agosto de 2025

ESPERANÇA VIRTUDE ATIVA NA CAMINHADA ESPIRITUAL À LUZ DO ESPIRITISMO
- A Era do Espírito -

“A esperança é a fé voltada para o futuro.”
(Joanna de Ângelis – Diretrizes para o Êxito, cap. 25)

Introdução

A palavra esperança evoca, para muitos, a imagem de um coração voltado para um futuro melhor. No entanto, seu real significado e sua verdadeira aplicação no progresso espiritual nem sempre são compreendidos. Filósofos como André Comte-Sponville e Nietzsche, ainda que com perspectivas diferentes, alertam para os perigos da esperança ilusória ou paralisante.

O Espiritismo, codificado por Allan Kardec, oferece uma visão mais profunda: a esperança verdadeira não é simples espera passiva, mas força ativa que se apoia na fé raciocinada e no trabalho constante para o próprio aperfeiçoamento.

A falsa esperança: um obstáculo ao progresso

Nietzsche, com seu olhar crítico, afirmou que “a esperança prolonga o sofrimento, por isso seria o pior dos males”. Comte-Sponville, mais brando, observa que a esperança pode trazer incerteza e angústia quando não se sabe se o desejado se realizará.

Esses apontamentos, embora carregados de pessimismo, tocam num ponto essencial: quando a esperança é confundida com comodismo, ela se transforma em estagnação espiritual.

O Espiritismo alerta para essa distorção. Muitos dizem esperar um mundo melhor, mas não percebem que a transformação começa em si mesmos. Outros sonham com melhorias na vida pessoal, mas não se mobilizam para conquistá-las, esquecendo que, conforme as Leis Divinas, “a cada um será dado segundo as suas obras” (Mateus 16:27).

A esperança segundo a Doutrina Espírita

Para a filosofia espírita, a esperança legítima é virtude ativa. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo (cap. IX e cap. XXV), Allan Kardec nos lembra que a confiança no futuro se apoia na certeza de que Deus é justo e sábio, e que nada acontece sem causa ou finalidade. Essa confiança afasta a ansiedade e sustenta a perseverança mesmo nas provações.

Joanna de Ângelis (espírito), em Diretrizes para o Êxito, afirma que a verdadeira esperança não é passiva, mas repleta de disposição e ânimo. Ela fortalece nas horas difíceis, conduz à ação e inspira o trabalho persistente, ainda que o resultado pareça distante.

Esperança como força construtiva

Quando ancorada na fé raciocinada, a esperança:

  • Orienta decisões — diante de encruzilhadas, estimula a escolha do caminho mais nobre;
  • Sustenta na adversidade — mesmo sob “céus borrascosos”, anuncia que a tormenta é passageira;
  • Motiva o recomeço — após fracassos, renova o ânimo para novas tentativas;
  • Conforta na separação — diante da morte, alimenta a certeza do reencontro com entes queridos.

Essa postura ativa aproxima a esperança da caridade, pois quem confia no futuro em harmonia com as Leis Divinas tende a agir para semear o bem no presente.

Conclusão

A esperança que o Espiritismo propõe não é o mero “esperar” resignado, mas a confiança operante nas Leis Divinas, sustentada pelo trabalho, perseverança e vigilância moral. Ela é irmã da fé e da caridade, formando o tripé das virtudes teologais reinterpretadas pela visão espírita.

Se a falsa esperança paralisa, a esperança verdadeira liberta, impulsiona e ilumina. É a certeza de que, independentemente das dificuldades presentes, tudo concorre para o nosso crescimento espiritual, e que o futuro, em conformidade com a soberana sabedoria e justiça divinas, sempre será um campo de oportunidades para o bem.

Referências

  • KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Federação Espírita Brasileira, caps. IX – “Bem-aventurados os mansos e pacíficos” e XXV – “Buscai e achareis”.
  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Federação Espírita Brasileira, questões 920 e seguintes.
  • COMTE-SPONVILLE, André. Pequeno Tratado das Grandes Virtudes. São Paulo: Martins Fontes, cap. “Gratidão”.
  • FRANCO, Divaldo Pereira. Diretrizes para o Êxito, pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador: LEAL, cap. 25 – “Esperança”.
  • “NECESSÁRIA ESPERANÇA”. Momento de Reflexão. Disponível em: http://www.reflexao.com.br/imprimir.php?id=2033
  • Bíblia Sagrada. Mateus 16:27.

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