sexta-feira, 15 de agosto de 2025

LUZ DAS ESTRELAS E LUZ DAS ALMAS
REFLEXÕES ESPÍRITAS SOBRE O BRILHAR INTERIOR
- A Era do Espírito -

Introdução

Ao contemplar o firmamento em uma noite límpida, distante das luzes artificiais que toldam a visão, sentimos um misto de admiração e humildade. O manto estrelado que se estende sobre nossas cabeças nos convida ao recolhimento íntimo e à meditação sobre nossa origem e destino. Desde a mais remota Antiguidade, o homem se deteve diante desse espetáculo silencioso, atribuindo às estrelas significados simbólicos, religiosos e filosóficos.

O Espiritismo, codificado por Allan Kardec, não despreza o conhecimento científico da Astronomia, mas amplia-o com a compreensão espiritual da criação, mostrando-nos que as leis que regem os astros e as que governam nossas vidas têm origem comum no pensamento divino. A Revista Espírita, em diversas passagens, nos recorda que o estudo dos mundos e de seus habitantes é parte integrante da revelação espírita, pois nos auxilia a compreender a pluralidade dos mundos habitados e a grandeza do Criador.

Assim como as estrelas brilham no céu físico, há também aquelas que brilham no céu moral da humanidade: as almas que, mesmo imperfeitas, irradiam luz de bondade, de amor e de consolo.

O Brilho das Estrelas e o Brilho da Alma

A ciência nos esclarece que as estrelas são imensos globos de plasma, geradores de luz e calor por meio de reações nucleares. Embora variem em tamanho, temperatura e cor, todas têm a função de irradiar energia ao espaço, sustentando e iluminando mundos.

No plano moral, podemos traçar um paralelo: cada Espírito é também um “astro” em potencial, destinado a irradiar a luz que provém do seu progresso intelectual e moral. Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos (q. 132), afirma que o objetivo da encarnação é alcançar a perfeição, ajudando, durante o processo, no progresso geral. Logo, mesmo na fase de imperfeição, cada criatura pode, à sua medida, aquecer e iluminar os que dela se aproximam.

Assim como as estrelas nascem de nuvens de gás e poeira, o Espírito, em sua origem simples e ignorante, surge no cenário da vida sem grandes claridades; mas, pelo trabalho incessante e pela depuração, vai adquirindo intensidade de luz, tornando-se fonte de calor moral para os outros.

Jesus: A Estrela Sublime

Se cada um de nós é chamado a ser uma pequena luz, Jesus é o sol divino que ilumina a estrada da humanidade. Kardec, em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. VI), apresenta-o como o guia e modelo supremo, cuja pureza e grandeza moral jamais foram igualadas. Sua presença na Terra foi o fulgor máximo que afastou trevas seculares e abriu novos horizontes para a compreensão da vida.

Na imagem poética da Doutrina Espírita, podemos dizer que, assim como o Sol sustenta a vida material, Jesus sustenta a vida espiritual, oferecendo luz, calor e direção segura. Por isso, quanto mais nos aproximamos de seu exemplo, mais intensa se torna a nossa própria luz.

O Compromisso de Irradiar Luz

A Revista Espírita (dezembro de 1863) lembra que “o bem que não se propaga é como a lâmpada colocada sob o alqueire: inútil para os que caminham na sombra.” É nosso dever, portanto, tornar visíveis e ativos os bens espirituais que possuímos.

A presença de uma alma generosa, mesmo silenciosa, aquece os corações abatidos; um olhar de compreensão, um sorriso sincero ou uma palavra amiga podem dissipar densas nuvens de tristeza. Pequenos gestos, quando impregnados de amor, tornam-se fagulhas capazes de acender novas esperanças.

O Espírito Joanna de Ângelis nos recorda, no pensamento final citado, que ninguém é tão pobre de valores espirituais que não possa oferecer algo. Esta verdade se harmoniza com o ensinamento kardeciano de que todos dispõem, ao menos, da boa vontade para praticar o bem.

Conclusão

Assim como as estrelas permanecem no firmamento, mantendo sua rota e seu brilho, sejamos constantes na tarefa de iluminar o mundo à nossa volta. Que a certeza de nossa presença amiga seja para os que nos buscam o que o céu estrelado é para o viajante noturno: referência segura, guia silencioso, promessa de que a luz sempre existirá.

O Espiritismo nos convida a compreender que a luz que podemos irradiar não vem apenas de nós, mas da sintonia com as leis divinas e com o exemplo do Cristo. E, quando a nossa jornada terrestre se encerrar, que possamos encontrar, no infinito espiritual, um céu interior tão belo quanto aquele que, em noites límpidas, contemplamos admirados.

Referências

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB.
  • KARDEC, Allan. Revista Espírita (1858-1869), edições de dezembro de 1863 e outras passagens sobre mundos habitados.
  • Momento Espírita. Iluminando o Universo. Disponível em: https://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=3838&let=I&stat=0
  • FRANCO, Divaldo Pereira. Vida Feliz, pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL.

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