sexta-feira, 15 de agosto de 2025

CONHEÇA O ESPIRITISMO
UMA VISÃO À LUZ DA CODIFICAÇÃO DE ALLAN KARDEC
- A Era do Espírito -

Introdução

O Espiritismo, codificado por Allan Kardec no século XIX, constitui-se em uma doutrina de caráter científico, filosófico e moral, que nasceu do diálogo entre o mundo visível e o mundo invisível. Mais do que uma crença, trata-se de um corpo de princípios universais, revelados pelos Espíritos Superiores e sistematizados por Kardec nas cinco obras fundamentais: O Livro dos Espíritos (1857), O Livro dos Médiuns (1861), O Evangelho segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno (1865) e A Gênese (1868).

Na Revista Espírita (1858-1869), periódico dirigido por Allan Kardec, encontramos o registro vivo do desenvolvimento da Doutrina, com relatos de experiências, comunicações mediúnicas, análises filosóficas e reflexões sobre a aplicação prática dos princípios espíritas na vida humana.

O Espiritismo, portanto, não se limita a um sistema de crenças ou de culto exterior. É, conforme ensinava o Codificador, “a ciência nova que vem revelar aos homens, por provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corporal” (O que é o Espiritismo, 1859).

O que é o Espiritismo

O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica, e não é outra a sua verdadeira natureza; como ciência prática, ocupa-se das relações que se estabelecem entre o mundo material e o mundo invisível ou espiritual; como filosofia, compreende todas as consequências morais que decorrem dessas mesmas relações, mostrando ao homem, com a luz da razão e o testemunho dos fatos, a sua origem, a sua destinação e as condições de sua felicidade futura.

Mostra, ainda, que a existência terrena não constitui senão uma das fases transitórias da vida do Espírito, o qual, criado simples e ignorante, percorre, através das vicissitudes e das provas, um caminho de aperfeiçoamento intelectual e moral, e que as dores, as lutas e os reveses, longe de serem castigos arbitrários, representam meios providenciais de progresso e instrumentos de lapidação do ser. Por este modo, vem confirmar e esclarecer, pelo raciocínio e pela experiência, as máximas morais do Evangelho, restituindo-as à sua pureza primitiva, e satisfazendo, ao mesmo tempo, à necessidade de compreender que caracteriza o espírito humano na presente fase de sua evolução.

Os seus princípios fundamentais ensinam:

  • que Deus é a Inteligência Suprema e causa primária de todas as coisas (O Livro dos Espíritos, q. 1);
  • que o Universo se compõe de dois elementos gerais — o material e o espiritual —, ambos criados por Deus; que a vida se estende a uma pluralidade de mundos, habitados segundo diferentes graus de adiantamento;
  • que o Espírito, revestido temporariamente de um envoltório semimaterial denominado perispírito, sobrevive à morte do corpo;
  • e que, submetido à lei do progresso, o ser espiritual caminha, de existência em existência, para a perfeição que lhe está destinada.

Assim, não se dirigindo à fé cega nem à aceitação irrefletida, mas convidando ao exame livre e ao estudo sério, o Espiritismo se apresenta como o Consolador prometido por Jesus, chamado a ensinar todas as coisas e a recordar o que ele disse (João 14:16-17, 26), não por meio de revelações místicas ou arbitrárias, mas pela revelação universal que os Espíritos superiores transmitem, de forma concordante, através dos médiuns, e que a razão sanciona.

O que revela

O Espiritismo responde às questões existenciais fundamentais: Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Qual a razão da dor e do sofrimento?

As comunicações dos Espíritos, registradas desde as primeiras experiências de Kardec até as inúmeras ocorrências narradas na Revista Espírita, mostram que:

  • O Espírito é imortal, preserva sua individualidade e reencarna tantas vezes quantas forem necessárias;
  • A vida futura reserva consequências compatíveis com o respeito ou o descumprimento às Leis Divinas;
  • As relações entre encarnados e desencarnados são constantes e universais, sendo a mediunidade a ponte natural dessa interação.

Abrangência

Por sua natureza, o Espiritismo toca todas as áreas da vida humana. Ele pode ser estudado sob o prisma:

  • Científico: pela observação e análise dos fenômenos mediúnicos, à maneira que Kardec conduziu;
  • Filosófico: ao propor reflexões sobre a origem, o destino e a finalidade da vida;
  • Moral-cristão: ao apresentar Jesus como guia e modelo da humanidade, estabelecendo a caridade como regra fundamental.

Essa tríplice abordagem permite ao Espiritismo dialogar com a ciência, a filosofia, a ética, a educação, a psicologia, a sociologia e tantas outras áreas do conhecimento humano.

Princípios fundamentais

Entre os pontos centrais da Doutrina, destacam-se:

  1. Deus – eterno, imutável, único, soberanamente justo e bom.
  2. O Universo – criação divina que abriga seres materiais e espirituais.
  3. O Espírito – criado simples e ignorante, destinado ao progresso contínuo.
  4. Reencarnação – lei natural que possibilita a evolução moral e intelectual.
  5. Pluralidade dos mundos habitados – realidades diversas com Espíritos em diferentes estágios evolutivos.
  6. Lei de causa e efeito – cada ação gera consequências compatíveis com o bem ou o mal praticados.
  7. Livre-arbítrio e responsabilidade – o homem é responsável por suas escolhas.
  8. Jesus – guia e modelo, cuja moral constitui o roteiro seguro para a felicidade.
  9. Caridade – sintetizada no lema: “Fora da caridade não há salvação”.
  10. Prece – ato natural de ligação do homem com Deus e meio de receber auxílio dos bons Espíritos.

A prática espírita

A prática espírita é simples, gratuita e desprovida de rituais exteriores, conforme o princípio de que “Deus deve ser adorado em espírito e verdade” (João 4:24).

  • Não existem sacerdotes, sacramentos ou objetos de culto.
  • Toda atividade é realizada com base no estudo, na prece, na prática da caridade e no exercício mediúnico responsável.
  • A mediunidade é considerada uma faculdade natural, não privilégio de alguns, mas patrimônio da humanidade.
  • O Espiritismo respeita todas as crenças e valoriza todo esforço sincero de fazer o bem.

Conclusão

O Espiritismo se apresenta como um convite ao autoaperfeiçoamento, à fraternidade e à vivência da moral de Cristo.

Conforme dizia Allan Kardec na Revista Espírita de dezembro de 1868:

“O Espiritismo não vem destruir as religiões, mas completá-las e restabelecer todas as coisas no seu verdadeiro sentido.”

Em síntese, a Doutrina Espírita é uma proposta de vida, fundada na razão e na fé, capaz de conduzir o Espírito humano ao seu destino maior: a perfeição relativa e a felicidade imortal.

Referências

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1857.
  • KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 1861.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 1864.
  • KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. 1865.
  • KARDEC, Allan. A Gênese. 1868.
  • KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo. 1859.
  • KARDEC, Allan. Revista Espírita. (Coleção completa: 1858-1869).
  • Obras subsidiárias e estudos contemporâneos da Doutrina Espírita.

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