Introdução
Quando elevamos o pensamento ao infinito,
imaginando a vastidão do Universo, somos convidados a refletir sobre nossa
verdadeira dimensão diante da Criação. A Doutrina Espírita, codificada por
Allan Kardec, ensina que o Universo é obra de Deus, e que nele todos os mundos
e seres cumprem uma finalidade definida, regidos por leis divinas perfeitas.
O estudo das estrelas e dos mundos não é apenas
contemplação científica, mas também uma lição moral: a de que, apesar de nossa
pequenez material, somos Espíritos imortais destinados à perfeição. A parábola
cósmica aqui apresentada nos conduz a um olhar mais humilde e fraterno,
integrando ciência, filosofia e espiritualidade.
A
Grandeza do Cosmos e a Presença de Deus
A ciência material descreve a origem do Universo
pelo fenômeno que denominou Big Bang, há cerca de 14 bilhões de anos.
Para o olhar espiritual, esse momento não foi um acaso, mas a manifestação da
vontade divina — o “Faça-se a luz”
das Escrituras.
Bilhões de sóis e incontáveis planetas percorrem,
silenciosos, as órbitas designadas, compondo a “sinfonia dos mundos” que Allan Kardec descreveu em A Gênese
(cap. VI). Esse equilíbrio cósmico reflete a harmonia das Leis Naturais, revelando
a inteligência suprema que as criou.
Mesmo os cometas — mensageiros errantes — cumprem
funções de ordem e renovação, espalhando elementos que contribuem para a vida
nos mundos, numa constante expressão da Lei de Progresso.
A Terra:
Um Pequeno Mundo Entre Inúmeros
No conjunto da Criação, nosso planeta é apenas um
ponto azul na imensidão sideral. Porém, nele se desenvolve uma das mais
importantes experiências do Espírito: a escola da fraternidade e da moralidade.
O Livro dos Espíritos
(q. 55) esclarece que existem inúmeros mundos habitados, destinados a
diferentes estágios de progresso. A Terra é ainda um mundo de provas e
expiações, onde os Espíritos reencarnam para reparar faltas e desenvolver
virtudes.
A consciência dessa realidade convida à humildade:
compreender que não somos senhores do Universo, mas aprendizes, auxiliares da
obra divina. Tal percepção deveria inspirar a paciência diante dos problemas e
favorecer o perdão, pois nossas querelas humanas se tornam ínfimas diante da
eternidade.
As
Moradas da Casa do Pai
Jesus afirmou: “Há
muitas moradas na casa de meu Pai” (João 14:2). A Doutrina Espírita explica
que essas “moradas” são os diferentes
mundos que compõem o Universo, cada um servindo de estação de aprendizado para
os Espíritos em diferentes graus de evolução.
Essas esferas são escolas variadas, nas quais
progredimos tecnológica, intelectual e moralmente. Ao longo das reencarnações,
percorremos diferentes mundos, enriquecendo-nos com experiências que ampliam
nossa sabedoria e nos aproximam de Deus (O Livro dos Espíritos, q. 172 a
188).
A viagem espiritual é, portanto, cósmica: um
roteiro de ascensão em que o destino final é a perfeição relativa e a união
plena com o Criador.
O Chamado
à Fraternidade Universal
Ao contemplar a grandeza do Universo, o Espírito
sente-se pequeno, mas também protegido pela presença constante de Deus. Somos
como crianças espirituais, ainda em processo de aprendizado, necessitando da
orientação divina para fortalecer a fé, desenvolver a sabedoria e fazer do amor
a base de nossas ações.
O Espiritismo ensina que a fraternidade universal
não é uma utopia distante, mas uma meta inevitável inscrita na Lei de
Progresso. Ao praticarmos a caridade, cultivarmos a paz e vivermos com alegria
serena, plantamos as sementes do mundo regenerado — a próxima etapa evolutiva
da Terra, quando o bem será a norma e a harmonia o idioma comum entre todos os
povos e mundos.
Conclusão
O Cosmos é um livro aberto, onde cada estrela é um
ponto luminoso que nos fala da presença de Deus. A visão espiritual da criação
convida à humildade, ao respeito pela vida e ao esforço constante pelo nosso
aperfeiçoamento moral.
Somos viajores da eternidade, destinados a
transitar por mundos cada vez mais belos e harmoniosos, até que, purificados,
possamos compreender plenamente a grandeza do Criador. Que a música celeste dos
mundos nos inspire a viver em harmonia, conscientes de que, no imenso palco da
vida universal, nossa maior tarefa é aprender a amar.
Referências
- Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. FEB.
- Kardec, Allan. A Gênese. FEB.
- Kardec, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo.
FEB.
- Momento Espírita. “Música Celeste”.
Disponível em: https://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=4164&let=M&stat=0.
- Revista Espírita (Allan Kardec) – Diversos
volumes.
- Bíblia Sagrada, João 14:2.
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