Nota editorial: Este artigo apresenta uma
reflexão sobre a presença de Jesus e a transição moral e espiritual da Terra à
luz da Doutrina Espírita, oferecendo uma perspectiva racional, consoladora e
esclarecedora. Ele se inspira nas obras de Allan Kardec, especialmente A
Gênese, e destina-se a auxiliar leitores que buscam compreender a evolução
do planeta e o papel do Cristo sem recorrer a interpretações sensacionalistas
ou literais dos textos bíblicos.
Introdução
Ao longo da história, muitas pessoas aguardaram o
retorno de Jesus à Terra como um evento espetacular, acompanhado de catástrofes
e do chamado "juízo final". Essa expectativa, presente em
interpretações literais da Bíblia, ainda hoje provoca ansiedade, medo e
incompreensão. Sensacionalismo em livros, filmes e meios de comunicação
frequentemente reforça essa visão apocalíptica.
A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec,
oferece uma interpretação diferente: racional, consoladora e profundamente
espiritual. Para o Espiritismo, o “fim do mundo” não significa destruição
física, mas uma transformação progressiva da Terra e da humanidade — uma
transição da prova e expiação para a regeneração moral e espiritual.
O “fim do
mundo” segundo o Espiritismo
Em A Gênese, capítulo XVIII, intitulado Os
Tempos São Chegados, Kardec explica que o planeta passará de um mundo de
provas e expiações a um mundo de regeneração. Essa mudança não é destrutiva,
mas evolutiva: representa o fim de um ciclo e o início de outro, mais elevado,
marcado pelo progresso moral da humanidade.
As transformações não se restringem a fenômenos
naturais ou convulsões físicas. O essencial é a renovação interior e moral
das pessoas. Espíritos que persistem no mal, resistentes à luz da consciência e
da moral, deixarão de reencarnar na Terra e serão encaminhados para mundos
compatíveis com seu grau de evolução, onde terão oportunidades de aprendizado
adequadas. Por outro lado, Espíritos afinados com a nova era do planeta
reencarnarão aqui, trazendo impulsos morais e intelectuais mais elevados e
ajudando na construção de uma sociedade justa e solidária.
Kardec esclarece que a Terra não será destruída;
ela se transformará à medida que a humanidade evolui. O “fim do mundo” é,
portanto, uma renovação espiritual e ética, e não um cataclismo físico.
O papel de
Jesus na transição
O Espiritismo ensina que Jesus nunca abandonou a
Terra. Ele continua a conduzir a humanidade em espírito, orientando os
Espíritos superiores que se dedicam à evolução moral do planeta e influenciando
conscientemente o progresso humano.
A chamada “volta de Jesus” não é um evento físico
esperado no futuro: é uma presença constante. Kardec, em diversos artigos da Revista
Espírita, lembra que o Cristo age permanentemente por meio de sua
influência espiritual, inspirando a regeneração moral e orientando a humanidade
na transição do mundo de provas para o mundo de regeneração.
Reconhecer Jesus como presente e atuante, e não
como figura distante a retornar de forma visível, oferece segurança, esperança
e incentivo à prática do bem no dia a dia.
Da
“síndrome do fim do mundo” ao discernimento
A crença em catástrofes finais e em julgamentos
imediatos gera medo, ansiedade e até fanatismo. Kardec advertia que as
profecias bíblicas precisam ser interpretadas à luz da razão e do espírito,
não de forma literal.
O Espiritismo convida cada indivíduo a exercer discernimento
e serenidade. A regeneração da Terra é progressiva e solidária: depende do
esforço moral de cada habitante. É no aprimoramento pessoal, na prática do bem
e na solidariedade que a humanidade participa efetivamente da transição para um
mundo mais justo, pacífico e iluminado espiritualmente.
Conclusão
À luz do Espiritismo, a “segunda vinda de Cristo”
não é espetáculo sensorial nem catástrofe a temer. É uma presença constante,
atuante e consoladora, que guia a Terra rumo à regeneração.
O momento que vivemos é decisivo: cada gesto de
bondade, cada ação de justiça, cada esforço de elevação moral contribui para a
construção de uma sociedade mais equilibrada e fraterna. Assim, a verdadeira
volta de Jesus se manifesta no progresso moral da humanidade, iluminando
o caminho da Terra e oferecendo esperança e conforto para todos.
Referências
- KARDEC, Allan. A Gênese. Cap. XVIII – “Os tempos são
chegados”.
- KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Cap. XXI –
“Haverá falsos Cristos e falsos profetas”.
- KARDEC, Allan. Revista Espírita (1858–1869). Diversos
artigos sobre a missão do Cristo e a regeneração da humanidade.
- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Questões 100–113 (sobre as categorias dos Espíritos) e 784–785 (sobre o progresso da humanidade).
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