terça-feira, 19 de agosto de 2025

O RETORNO DE JESUS E A TRANSIÇÃO DA TERRA
À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA
- A Era do Espírito -

Nota editorial: Este artigo apresenta uma reflexão sobre a presença de Jesus e a transição moral e espiritual da Terra à luz da Doutrina Espírita, oferecendo uma perspectiva racional, consoladora e esclarecedora. Ele se inspira nas obras de Allan Kardec, especialmente A Gênese, e destina-se a auxiliar leitores que buscam compreender a evolução do planeta e o papel do Cristo sem recorrer a interpretações sensacionalistas ou literais dos textos bíblicos.

Introdução

Ao longo da história, muitas pessoas aguardaram o retorno de Jesus à Terra como um evento espetacular, acompanhado de catástrofes e do chamado "juízo final". Essa expectativa, presente em interpretações literais da Bíblia, ainda hoje provoca ansiedade, medo e incompreensão. Sensacionalismo em livros, filmes e meios de comunicação frequentemente reforça essa visão apocalíptica.

A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, oferece uma interpretação diferente: racional, consoladora e profundamente espiritual. Para o Espiritismo, o “fim do mundo” não significa destruição física, mas uma transformação progressiva da Terra e da humanidade — uma transição da prova e expiação para a regeneração moral e espiritual.

O “fim do mundo” segundo o Espiritismo

Em A Gênese, capítulo XVIII, intitulado Os Tempos São Chegados, Kardec explica que o planeta passará de um mundo de provas e expiações a um mundo de regeneração. Essa mudança não é destrutiva, mas evolutiva: representa o fim de um ciclo e o início de outro, mais elevado, marcado pelo progresso moral da humanidade.

As transformações não se restringem a fenômenos naturais ou convulsões físicas. O essencial é a renovação interior e moral das pessoas. Espíritos que persistem no mal, resistentes à luz da consciência e da moral, deixarão de reencarnar na Terra e serão encaminhados para mundos compatíveis com seu grau de evolução, onde terão oportunidades de aprendizado adequadas. Por outro lado, Espíritos afinados com a nova era do planeta reencarnarão aqui, trazendo impulsos morais e intelectuais mais elevados e ajudando na construção de uma sociedade justa e solidária.

Kardec esclarece que a Terra não será destruída; ela se transformará à medida que a humanidade evolui. O “fim do mundo” é, portanto, uma renovação espiritual e ética, e não um cataclismo físico.

O papel de Jesus na transição

O Espiritismo ensina que Jesus nunca abandonou a Terra. Ele continua a conduzir a humanidade em espírito, orientando os Espíritos superiores que se dedicam à evolução moral do planeta e influenciando conscientemente o progresso humano.

A chamada “volta de Jesus” não é um evento físico esperado no futuro: é uma presença constante. Kardec, em diversos artigos da Revista Espírita, lembra que o Cristo age permanentemente por meio de sua influência espiritual, inspirando a regeneração moral e orientando a humanidade na transição do mundo de provas para o mundo de regeneração.

Reconhecer Jesus como presente e atuante, e não como figura distante a retornar de forma visível, oferece segurança, esperança e incentivo à prática do bem no dia a dia.

Da “síndrome do fim do mundo” ao discernimento

A crença em catástrofes finais e em julgamentos imediatos gera medo, ansiedade e até fanatismo. Kardec advertia que as profecias bíblicas precisam ser interpretadas à luz da razão e do espírito, não de forma literal.

O Espiritismo convida cada indivíduo a exercer discernimento e serenidade. A regeneração da Terra é progressiva e solidária: depende do esforço moral de cada habitante. É no aprimoramento pessoal, na prática do bem e na solidariedade que a humanidade participa efetivamente da transição para um mundo mais justo, pacífico e iluminado espiritualmente.

Conclusão

À luz do Espiritismo, a “segunda vinda de Cristo” não é espetáculo sensorial nem catástrofe a temer. É uma presença constante, atuante e consoladora, que guia a Terra rumo à regeneração.

O momento que vivemos é decisivo: cada gesto de bondade, cada ação de justiça, cada esforço de elevação moral contribui para a construção de uma sociedade mais equilibrada e fraterna. Assim, a verdadeira volta de Jesus se manifesta no progresso moral da humanidade, iluminando o caminho da Terra e oferecendo esperança e conforto para todos.

Referências

  • KARDEC, Allan. A Gênese. Cap. XVIII – “Os tempos são chegados”.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Cap. XXI – “Haverá falsos Cristos e falsos profetas”.
  • KARDEC, Allan. Revista Espírita (1858–1869). Diversos artigos sobre a missão do Cristo e a regeneração da humanidade.
  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Questões 100–113 (sobre as categorias dos Espíritos) e 784–785 (sobre o progresso da humanidade).

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