terça-feira, 19 de agosto de 2025

VALORIZANDO O TEMPO:
REFLEXÕES ESPÍRITAS SOBRE AS HORAS VAZIAS
- A Era do Espírito -

Introdução

O tempo é um presente divino que nos é dado para aprender, trabalhar e evoluir. No cotidiano, muitas vezes ele escapa despercebido, seja na correria das tarefas ou na ociosidade que, longe de proporcionar descanso, pode gerar distração e desequilíbrio.

A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, enfatiza a importância da organização do tempo e da ocupação produtiva da mente e das mãos. Como nos ensina O Livro dos Espíritos, o Espírito deve buscar sempre o aprimoramento moral e intelectual, utilizando cada momento para o bem (Questões 788 a 790). O exemplo do menino que corria à avó e ouvia o conselho “É preciso ocupar bem o tempo” é emblemático: o ensinamento simples da infância revela, à maturidade, uma profunda sabedoria espiritual.

O perigo das horas vazias

Quando o tempo não é utilizado de forma consciente, a mente tende a vagar sem direção, abrindo espaço para pensamentos inúteis, preocupações desnecessárias e atitudes inadequadas. Kardec, em diversas comunicações publicadas na Revista Espírita (1858-1869), alerta que o Espírito desocupado corre riscos de desvios morais e de influências negativas, uma vez que pensamentos ociosos podem atrair más companhias espirituais ou despertar sentimentos inferiores.

As palavras psicografadas por Joanna de Ângelis refletem essa mesma orientação: “Cabeça ociosa é perigo à vista. Mãos desocupadas facultam o desequilíbrio que se instala. Grandes males são maquinados quando se dispõe de espaço mental em aberto.” A Doutrina Espírita reforça que a disciplina e a ocupação construtiva são ferramentas essenciais para a evolução moral e intelectual.

Descanso e alternância de atividades

O repouso físico é natural e necessário, pois o corpo precisa recompor-se após esforço. No entanto, a Doutrina Espírita nos lembra que o descanso também pode assumir outras formas. Podemos alternar atividades mentais e físicas, combinando prazer e aprendizado. Por exemplo, quando cansados do trabalho intelectual, podemos nos dedicar a tarefas manuais, passear, cuidar de plantas ou brincar com animais. Quando cansados fisicamente, atividades como leitura edificante, estudo de idiomas, prática de música ou escrita oferecem descanso ao corpo e estímulo à mente.

A chave está em preencher o tempo de forma positiva e significativa, garantindo que cada momento contribua para nossa evolução.

O valor do tempo em benefício do próximo

O Espiritismo enfatiza que a ocupação do tempo não se restringe a atividades pessoais; ela se amplia quando oferecemos nosso tempo em favor do próximo. Voluntariado, consolo a quem sofre, esclarecimento de dúvidas, orientação moral ou simples companhia a quem se sente só são maneiras de preencher as horas com amor e serviço. Allan Kardec explica que a caridade é o caminho mais seguro para o progresso do Espírito (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIX).

Transformar o tempo em serviço ao próximo é também uma forma de proteger a mente das influências negativas, promovendo equilíbrio emocional e moral.

Organização e disciplina: construindo uma vida mais rica

Para aproveitar melhor o tempo, é útil planejar nossas atividades, estabelecendo prioridades e metas. Criar uma lista do que desejamos realizar — estudo, lazer, trabalho, serviço ao próximo — permite que cada hora se transforme em oportunidade de crescimento. Assim, o tempo deixa de ser um recurso desperdiçado e torna-se um instrumento de enriquecimento interior, alegria e paz.

Kardec alerta que os males da humanidade muitas vezes refletem o uso inadequado do tempo: pensamentos dispersos, hábitos prejudiciais e falta de disciplina conduzem a desequilíbrios morais e emocionais.

Conclusão

A vida é composta de momentos que podem ser transformados em aprendizado e progresso espiritual. A Doutrina Espírita nos orienta a valorizar o tempo, ocupando-o de maneira construtiva, equilibrada e solidária.

Cada hora aproveitada é um passo no caminho da evolução, um estímulo à prática do bem e uma contribuição para a própria paz interior. Como dizia a avó do menino, “Deus nos deu as mãos e a mente para que as ocupássemos em coisas boas, o tempo todo.” Seguindo essa orientação, construímos uma vida mais rica, plena de sentido e alinhada à lei de progresso que rege a humanidade.

Referências

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Questões 788–790.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. XIX – Caridade.
  • KARDEC, Allan. Revista Espírita (1858–1869). Artigos sobre disciplina, caridade e ocupação do tempo.
  • JOANNA DE ÂNGELIS, psicografia de Divaldo Pereira Franco. Episódios Diários, cap. 8.
  • MOMENTO ESPÍRITA. Ante as horas vazias, momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=4964&let=A&stat=0

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