sexta-feira, 22 de agosto de 2025

PRECONCEITOS: UM OBSTÁCULO
À EVOLUÇÃO ESPIRITUAL
- A Era do Espírito -

Introdução

O preconceito, em suas variadas manifestações, é um dos mais graves entraves ao progresso moral da Humanidade. Resultado do egoísmo e do orgulho, ele se apresenta como julgamento precipitado, exclusão e violência, separando os indivíduos e retardando a fraternidade universal.

A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, denuncia o preconceito como expressão da inferioridade moral ainda predominante na Terra, mundo de provas e expiações. Nos ensinos dos Espíritos e nas páginas da Revista Espírita (1858-1869), observa-se com clareza que a missão do Espiritismo é iluminar consciências, libertando-as da ignorância e da intolerância, que se enraízam no egoísmo humano.

O Preconceito como Herança do Egoísmo

O preconceito é herança do primarismo humano, quando predominava a busca exclusiva de prazer e vantagem pessoal. Ele se manifesta como chaga moral que divide, inferioriza e alimenta rivalidades.

Em O Livro dos Espíritos (questões 785-786), os Espíritos Superiores explicam que o progresso moral acompanha o progresso intelectual, mas o egoísmo e o orgulho constituem os maiores obstáculos à fraternidade. O preconceito, nesse contexto, é uma das faces mais visíveis do egoísmo coletivo, responsável por guerras, perseguições religiosas, políticas e raciais.

Preconceito Religioso e Científico

Ao longo da história, grandes missionários e pensadores foram perseguidos em nome do preconceito. Jesus, que trouxe ao mundo a Boa Nova do amor universal, foi vítima da intolerância religiosa de fariseus e doutores da lei. Outros, como João Huss, Jerônimo de Praga e Lutero, sofreram perseguições por desafiarem dogmas e estruturas de poder.

Também no campo científico, homens como Copérnico, Galileu e Newton enfrentaram a resistência de preconceitos oriundos da fé cega e do materialismo estagnado. Kardec, em sua própria trajetória, conheceu o peso do preconceito científico e religioso contra o Espiritismo. Nas páginas da Revista Espírita (1859, 1860 e anos seguintes), ele relata as críticas recebidas, que partiam tanto de religiosos ortodoxos quanto de cientistas materialistas, mas que acabavam desmentidas pelos fatos.

Exemplos de Superação do Preconceito

A história moderna testemunhou a luta de espíritos abnegados contra o preconceito. Gandhi combateu o preconceito racial e político pela via da não violência, sendo, no entanto, vítima da intolerância. Martin Luther King Jr., inspirado na mensagem cristã, enfrentou humilhações e perseguições, sacrificando-se pela causa da igualdade racial.

Essas vidas demonstram que o preconceito pode retardar, mas não impedir o avanço moral da humanidade. Emmanuel, em A Caminho da Luz, ensina que o Cristo conduz a história humana rumo à fraternidade universal, apesar dos reveses temporários.

O Espiritismo e a Superação do Preconceito

A Doutrina Espírita ensina que todo preconceito é contrário à Lei de Igualdade (cf. O Livro dos Espíritos, questão 803). Perante Deus, todos os Espíritos são criados simples e ignorantes, destinados à perfeição, e a diversidade de raças, culturas e crenças faz parte da pluralidade necessária ao progresso coletivo.

Kardec, na Revista Espírita de abril de 1865, observa que a fraternidade é a base da regeneração da Humanidade e que todas as lutas e resistências contra esse princípio são apenas provas transitórias.

Jesus, modelo e guia da Humanidade, rompeu com todos os preconceitos de seu tempo — contra mulheres, estrangeiros, publicanos, samaritanos e enfermos — instaurando uma nova era de união espiritual. O Espiritismo, como Consolador Prometido, retoma essa mensagem e convida os homens a combaterem toda forma de exclusão e intolerância.

Conclusão

O preconceito é atraso ético e espiritual, expressão de egoísmo e ignorância que ainda resiste nas sociedades humanas. Combatê-lo é tarefa de educação moral e espiritual, tanto individual quanto coletiva.

A Doutrina Espírita nos convida a superar preconceitos de cor, raça, crença, política ou ciência, iluminando a consciência com o Evangelho de Jesus e com o esclarecimento racional das leis divinas. A verdadeira fraternidade universal, objetivo da Humanidade regenerada, só será alcançada quando todos reconhecerem no próximo um irmão em Deus, herdeiro da mesma destinação imortal.

Referências

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1ª ed. 1857.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 1ª ed. 1864.
  • KARDEC, Allan. Revista Espírita: Jornal de Estudos Psicológicos (1858-1869). Diversos números.
  • KARDEC, Allan. A Gênese. 1ª ed. 1868.
  • XAVIER, Francisco Cândido (pelo Espírito Emmanuel). A Caminho da Luz. FEB, 1939.
  • FRANCO, Divaldo P. (pelo Espírito Joanna de Ângelis). Estudos Espíritas. LEAL, 1976.

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