Introdução
Desde os tempos mais remotos, a humanidade busca
compreender o que constitui a verdadeira felicidade. Para muitos, a posse de
bens materiais, o poder ou a posição social são considerados sinônimos de
plenitude. Entretanto, a experiência cotidiana e a sabedoria espiritual revelam
que tais conquistas, por si mesmas, não garantem paz de consciência, alegria
duradoura ou amor verdadeiro.
A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec,
convida-nos a refletir sobre o valor relativo da riqueza e o sentido mais
profundo da vida. Em diálogo com esse ensinamento, a singela narrativa de uma
mãe e seu filho nos recorda que os maiores tesouros não se compram com
dinheiro, mas se cultivam no coração.
A lição
do menino e a resposta da mãe
O episódio inicia com a alegria de uma criança,
encantada pela ostentação dos bens de um colega. Ao comentar sobre carros
luxuosos e brinquedos sofisticados, deixa transparecer o fascínio pelo poder do
dinheiro. Sua mãe, porém, com ternura e sabedoria, aproveita a ocasião para
educar-lhe a alma, mostrando que a felicidade verdadeira não está na posse de
objetos, mas nos valores imateriais que sustentam a vida: amizade, amor, fé,
saúde, paz e família.
Essa lição dialoga diretamente com a proposta
espírita de distinguir o transitório do essencial. Enquanto os bens materiais
são instrumentos passageiros, os valores morais e espirituais constituem
patrimônio imperecível do Espírito, acompanhando-o em sua jornada eterna.
O
dinheiro e sua função segundo o Espiritismo
Em O Livro dos Espíritos, questão 814, os
Espíritos afirmam:
“Se a riqueza houvesse de pertencer sempre aos
homens de bem, os maus ficariam sem a reeducação que lhes compete, por meio das
provações que a riqueza lhes impõe.”
Assim, a posse de bens materiais não é em si uma
bênção ou uma maldição, mas uma prova ou missão, cuja utilidade
dependerá do uso que dela se faça. O dinheiro, como ensina a mãe da narrativa,
é neutro: pode ser instrumento de progresso, quando aplicado ao bem, ou fonte
de quedas morais, quando usado para o egoísmo e o orgulho.
Kardec observa ainda, na Revista Espírita
(dezembro de 1863), que a riqueza é uma “faculdade dada por Deus para o bem”, e
seu mau emprego constitui “desperdício de oportunidades evolutivas”. Nesse
sentido, o Espiritismo não prega a negação da riqueza, mas a sua santificação
pelo trabalho útil, pela caridade e pelo serviço ao próximo.
Os
verdadeiros tesouros
O diálogo entre mãe e filho aponta para a essência
da mensagem evangélica, retomada pelo Espiritismo:
“Não
ajunteis para vós tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem consomem, e onde
os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai para vós tesouros no céu...” (Mateus
6:19-20).
A Doutrina Espírita amplia esse entendimento ao
mostrar que os tesouros espirituais são as aquisições da alma: virtudes,
conhecimentos, afetos verdadeiros e obras de amor. Estes não se perdem com a
morte, mas seguem com o Espírito, fortalecendo-o para novas etapas evolutivas.
Assim, o carinho da mãe, sua paciência e seus
ensinamentos morais são riquezas inestimáveis, que marcam a vida do filho muito
além de qualquer brinquedo ou luxo passageiro.
Conclusão
A narrativa mostra que, na simplicidade de um
diálogo cotidiano, podemos encontrar profundas lições espirituais. O
Espiritismo nos ensina a valorizar o dinheiro como recurso de progresso, mas
sempre subordinado à lei de justiça, amor e caridade.
Mais do que acumular bens, somos convidados a
cultivar virtudes, porque são elas que constituem o verdadeiro patrimônio do
Espírito imortal.
Que saibamos, à semelhança da mãe da história,
ensinar às novas gerações que os maiores valores não se compram, mas se
constroem no coração e no convívio amoroso da vida.
Referências
- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon
Ribeiro. FEB.
- KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB.
- KARDEC, Allan. Revista Espírita. Coleção completa
(1858-1869). FEB.
- KARDEC, Allan. A Gênese. FEB.
- Momento Espírita. Valores Verdadeiros. Disponível em: momento.com.br.
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