Introdução
A vida em sociedade é, antes de tudo, uma escola.
Nas experiências diárias com familiares, colegas e amigos, encontramos
oportunidades preciosas de crescimento espiritual. Muitas vezes, esses
convívios se revelam desafiadores, seja pela diversidade de temperamentos, seja
pelas dificuldades morais que ainda carregamos. O Espiritismo, ao lançar luz
sobre a lei de sociedade e sobre a necessidade das provas reencarnatórias,
ensina-nos a compreender esses encontros não como meras casualidades, mas como
convites divinos ao progresso.
A
diversidade como recurso divino
Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, ao
tratar da lei de sociedade, recorda que o homem não foi feito para viver
isolado. O contato com o próximo é condição necessária para o desenvolvimento
de nossas faculdades e virtudes (LE, q. 766-768). A diferença de caracteres, de
experiências e de pensamentos, longe de ser obstáculo, constitui o meio de
aprendizagem e de aprimoramento mútuo.
Se, por vezes, deparamos com pessoas de difícil
trato, é porque estas se encontram em íntima desarmonia, carregando dores e
conflitos ainda não superados. No entanto, como ensinam os Espíritos, “os fortes devem ajudar os fracos” (LE,
q. 932), e muitas vezes cabe a nós oferecer o exemplo de paciência, respeito e
compreensão.
As
ofensas e os fardos desnecessários
No convívio, não raro, surgem críticas injustas,
humilhações ou atitudes que ferem nossa sensibilidade. Kardec, em O
Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XII, ensina-nos que o verdadeiro
espírita deve saber perdoar as ofensas, não apenas em palavras, mas sobretudo
no íntimo. Guardar mágoas equivale a carregar um peso inútil, que sufoca a alma
e impede a serenidade.
A Revista Espírita traz inúmeros relatos de
Espíritos arrependidos que, após a morte, reconhecem ter desperdiçado a
existência cultivando ressentimentos ou alimentando intrigas. Essas narrativas
funcionam como advertências: o mal não deve ser amplificado, nem mesmo pela
repetição da ofensa. Como lembra Kardec, “o
mal só tem a importância que lhe damos” (Revista Espírita, março de
1863).
Valorizar
o bem e cultivar a luz interior
Se as ofensas são fardos que devemos rejeitar, os
gestos de bondade e de estímulo, ainda que pequenos, merecem ser lembrados e
valorizados. O bem é alimento para a alma. Acostumar-se a reconhecer e comentar
as bênçãos recebidas é fortalecer o otimismo e preparar o coração para novas
conquistas.
A metáfora do sol interior lembra-nos que todos
podemos brilhar, ainda que tenuemente, irradiando luz de dentro para fora. Essa
luz não deve ser ofuscada pelas sombras das críticas ou das calúnias. A cada
dia, mesmo que seja pouco, cabe-nos avançar um passo no caminho da paciência,
da tolerância e da caridade.
Conclusão
A convivência humana é laboratório divino para o
progresso. Ao invés de acumularmos fardos inúteis – mágoas, ressentimentos,
ofensas – sejamos sábios em carregar apenas o que nos edifica e fortalece.
Assim, seguiremos mais leves no rumo da luz, contribuindo não apenas para o
nosso crescimento, mas também para a harmonia daqueles que caminham ao nosso
lado.
Referências
- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1857.
- KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 1864.
- KARDEC, Allan. A Gênese. 1868.
- KARDEC, Allan. Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos
(1858-1869).
- Momento Espírita. Fardos Inúteis. Disponível em: https://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=6655&stat=0.
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