terça-feira, 2 de setembro de 2025

FARDOS INÚTEIS E LIÇÕES DE CONVIVÊNCIA
- A Era do Espírito -

Introdução

A vida em sociedade é, antes de tudo, uma escola. Nas experiências diárias com familiares, colegas e amigos, encontramos oportunidades preciosas de crescimento espiritual. Muitas vezes, esses convívios se revelam desafiadores, seja pela diversidade de temperamentos, seja pelas dificuldades morais que ainda carregamos. O Espiritismo, ao lançar luz sobre a lei de sociedade e sobre a necessidade das provas reencarnatórias, ensina-nos a compreender esses encontros não como meras casualidades, mas como convites divinos ao progresso.

A diversidade como recurso divino

Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, ao tratar da lei de sociedade, recorda que o homem não foi feito para viver isolado. O contato com o próximo é condição necessária para o desenvolvimento de nossas faculdades e virtudes (LE, q. 766-768). A diferença de caracteres, de experiências e de pensamentos, longe de ser obstáculo, constitui o meio de aprendizagem e de aprimoramento mútuo.

Se, por vezes, deparamos com pessoas de difícil trato, é porque estas se encontram em íntima desarmonia, carregando dores e conflitos ainda não superados. No entanto, como ensinam os Espíritos, “os fortes devem ajudar os fracos” (LE, q. 932), e muitas vezes cabe a nós oferecer o exemplo de paciência, respeito e compreensão.

As ofensas e os fardos desnecessários

No convívio, não raro, surgem críticas injustas, humilhações ou atitudes que ferem nossa sensibilidade. Kardec, em O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XII, ensina-nos que o verdadeiro espírita deve saber perdoar as ofensas, não apenas em palavras, mas sobretudo no íntimo. Guardar mágoas equivale a carregar um peso inútil, que sufoca a alma e impede a serenidade.

A Revista Espírita traz inúmeros relatos de Espíritos arrependidos que, após a morte, reconhecem ter desperdiçado a existência cultivando ressentimentos ou alimentando intrigas. Essas narrativas funcionam como advertências: o mal não deve ser amplificado, nem mesmo pela repetição da ofensa. Como lembra Kardec, “o mal só tem a importância que lhe damos” (Revista Espírita, março de 1863).

Valorizar o bem e cultivar a luz interior

Se as ofensas são fardos que devemos rejeitar, os gestos de bondade e de estímulo, ainda que pequenos, merecem ser lembrados e valorizados. O bem é alimento para a alma. Acostumar-se a reconhecer e comentar as bênçãos recebidas é fortalecer o otimismo e preparar o coração para novas conquistas.

A metáfora do sol interior lembra-nos que todos podemos brilhar, ainda que tenuemente, irradiando luz de dentro para fora. Essa luz não deve ser ofuscada pelas sombras das críticas ou das calúnias. A cada dia, mesmo que seja pouco, cabe-nos avançar um passo no caminho da paciência, da tolerância e da caridade.

Conclusão

A convivência humana é laboratório divino para o progresso. Ao invés de acumularmos fardos inúteis – mágoas, ressentimentos, ofensas – sejamos sábios em carregar apenas o que nos edifica e fortalece. Assim, seguiremos mais leves no rumo da luz, contribuindo não apenas para o nosso crescimento, mas também para a harmonia daqueles que caminham ao nosso lado.

Referências

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1857.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 1864.
  • KARDEC, Allan. A Gênese. 1868.
  • KARDEC, Allan. Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos (1858-1869).
  • Momento Espírita. Fardos Inúteis. Disponível em: https://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=6655&stat=0.

 

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