terça-feira, 23 de setembro de 2025

O VALOR DAS PARÁBOLAS DE JESUS 
NA EDUCAÇÃO ESPIRITUAL DA HUMANIDADE
- A Era do Espirito -

Introdução

Ao longo da história, as parábolas de Jesus têm inspirado reflexões, despertado consciências e orientado o ser humano em sua busca pelo sentido da vida. Narradas de forma simples e acessível, essas histórias carregam um conteúdo espiritual profundo, que atravessa os séculos e se mantém atual. Para o Espiritismo, codificado por Allan Kardec, as parábolas representam um recurso pedagógico universal, capaz de adaptar a Verdade às condições morais e intelectuais da humanidade em cada época.

Ao analisar esse método de ensino, compreendemos melhor por que o Mestre de Nazaré é reconhecido não apenas como guia espiritual da humanidade, mas também como um pedagogo divino. Sua forma de ensinar unia clareza, profundidade e poder transformador.

A Parábola como Método Pedagógico Universal

O Evangelho segundo o Espiritismo ressalta que a linguagem simbólica das parábolas visava atingir diferentes níveis de consciência. Para o homem simples, ofereciam lições morais imediatas. Para o sábio, revelavam significados mais profundos, acessíveis pela reflexão e amadurecimento espiritual.

Assim, Jesus conseguia ensinar simultaneamente a diferentes públicos — do camponês ao doutor da lei —, ajustando a grandeza da Verdade à limitação do entendimento humano. Kardec (1864) destacou que as parábolas, pela sua simplicidade e beleza, mantêm sua atualidade, pois atravessam culturas e tempos, conservando o núcleo moral imutável.

Parábolas: A Verdade Velada

A comparação com a fábula, que veste a Verdade para torná-la aceitável, ajuda a entender por que Jesus utilizava parábolas. A Verdade, apresentada em sua pureza, poderia ferir ou ser rejeitada; velada em narrativas simples, era acolhida, guardada no coração e compreendida gradualmente.

É nesse ponto que a Doutrina Espírita contribui de modo decisivo: ao esclarecer leis como a reencarnação, a lei de causa e efeito e a imortalidade da alma, amplia nossa compreensão das parábolas, revelando dimensões antes inacessíveis ao raciocínio humano.

Atualidade das Parábolas

As parábolas de Jesus continuam a dialogar com os problemas contemporâneos. O Filho Pródigo, por exemplo, pode ser visto como símbolo da queda moral e da possibilidade de recomeço, aplicável hoje aos dramas de relacionamentos conflituosos e ao vazio existencial. Já a parábola dos Trabalhadores Maus ilustra a resistência humana ao progresso espiritual, ainda presente em atitudes materialistas e imediatistas.

O Espiritismo ensina que a essência dessas narrativas é a evolução espiritual, e que a verdadeira felicidade não se reduz a conquistas materiais, mas resulta do crescimento moral e do amor ao próximo.

Unidade da Mensagem de Jesus

Embora diferentes tradições religiosas interpretem as parábolas de maneiras diversas, a Doutrina Espírita mostra que a mensagem central de Jesus é universal e destina-se a toda a humanidade. A verdade, ainda que muitas vezes distorcida por interpretações ou interesses, permanece inalterável em sua essência.

Kardec, em Revista Espírita (1858-1869), já alertava para o risco de manipulações do texto evangélico, mas ressaltava que a moral do Cristo resistiria a todas as adulterações, por estar alicerçada nas leis divinas.

Conclusão

As parábolas de Jesus são uma ponte entre o humano e o divino, entre a limitação do entendimento e a grandeza da Verdade. Por meio delas, o Mestre deixou à humanidade um tesouro pedagógico inesgotável, cujos significados se renovam à medida que o espírito progride.

A Doutrina Espírita nos auxilia a decifrar esse conteúdo profundo, mostrando que, em cada parábola, há sempre uma convocação à evolução, à fraternidade e ao amor universal. Mais do que lições morais, as parábolas são convites à transformação íntima, que fazem de cada indivíduo um colaborador de Deus na construção de um mundo mais justo e fraterno.

Referências

  • KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 1864.
  • KARDEC, Allan. Revista Espírita (1858-1869). Diversos volumes.
  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1857.
  • XAVIER, Francisco Cândido. A Caminho da Luz. Pelo Espírito Emmanuel. Federação Espírita Brasileira.
  • JOANNA DE ÂNGELIS (espírito), psicografia de Divaldo Franco. Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda.

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