domingo, 19 de outubro de 2025

A TEORIA DAS CORDAS E O PRINCÍPIO ESPIRITUAL
DA UNIDADE DA MATÉRIA
CONVERGÊNCIAS ENTRE CIÊNCIA E ESPIRITISMO
- A Era do Espírito -

Introdução

A busca pela compreensão da origem do universo e da constituição íntima da matéria acompanha a humanidade desde os primórdios do pensamento filosófico e científico. Na contemporaneidade, a Teoria das Cordas representa uma das mais ousadas tentativas da física teórica moderna de unificar as forças fundamentais da natureza e reconciliar duas estruturas conceituais até então inconciliáveis: a Relatividade Geral, que descreve o cosmos em grande escala, e a Mecânica Quântica, que explica o comportamento do infinitamente pequeno.

Essa teoria propõe que, no âmago da realidade física, não existem partículas pontuais, mas cordas vibrantes unidimensionais, minúsculos filamentos de energia cujas oscilações produzem as diversas partículas, forças e formas de matéria conhecidas.

Sob a ótica espírita, tal hipótese dialoga de modo notável com os fundamentos da Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec, que, desde o século XIX, já afirmava a unidade substancial da matéria e a ação inteligente do Espírito sobre os elementos primitivos. A Teoria das Cordas, ao buscar a unificação das leis da física, encontra ressonância no princípio espiritual da unidade universal, descrito em O Livro dos Espíritos e na Revista Espírita.

1. A Matéria como Expressão de uma Substância Única

Segundo a Teoria das Cordas, toda a estrutura do universo — dos átomos às galáxias — se origina de um mesmo componente fundamental: cordas vibrantes de energia. Invisíveis até mesmo aos mais avançados instrumentos, essas cordas representariam o nível mais profundo e indivisível da realidade.

Em O Livro dos Espíritos, os Espíritos Superiores ensinam, na questão 30:

“A matéria é formada de um só elemento primitivo; os corpos que considerais simples não são verdadeiros elementos, são transformações da matéria primitiva.”

Essa afirmação, feita em 1857, antecipa, em linguagem filosófico-espiritual, a ideia hoje explorada pela física teórica: toda a matéria visível é uma manifestação transitória de uma essência unificada e imaterial.

Para o Espiritismo, essa essência é o fluido cósmico universal, a matéria elementar primitiva, que, sob a ação do pensamento divino e dos Espíritos, se transforma nas múltiplas expressões da natureza. A Teoria das Cordas, ao propor que todas as partículas derivam de um substrato vibracional comum, oferece uma analogia científica moderna desse mesmo princípio espiritual.

2. Vibração, Energia e Harmonia Universal

As cordas vibram em diferentes frequências, e cada modo de vibração gera uma partícula com propriedades específicas. Essa imagem de um universo em ressonância conduz à visão de uma sinfonia cósmica, na qual cada vibração participa de uma harmonia universal.

Do ponto de vista espírita, A Gênese (cap. VI) explica que o fluido cósmico universal é o “elemento primitivo de todos os corpos da natureza” e que suas modificações produzem todas as formas materiais e energéticas. Assim como as cordas da física oscilam em padrões distintos, o fluido cósmico vibra sob a direção das inteligências espirituais, originando mundos, seres e fenômenos.

O Espírito André Luiz, em Evolução em Dois Mundos (1958), descreve as “concentrações fluídico-magnéticas” conduzidas por inteligências superiores, que modelam a matéria elementar e formam as bases da vida. Ambas as visões — científica e espiritual — concordam quanto ao papel essencial da vibração e da energia como fundamentos da criação.

3. A Energia como Realidade Primária

Com a equação E = mc², Einstein demonstrou que massa e energia são equivalentes. A Teoria das Cordas amplia esse princípio ao afirmar que a energia vibrante das cordas origina as propriedades das partículas — como massa, carga e força — conforme o modo como elas oscilam.

Do ponto de vista espiritual, Pietro Ubaldi, em A Grande Síntese, afirma que a decomposição da matéria revela apenas “vórtices de energia em movimento”, e que a suposta solidez do mundo físico é uma ilusão sensorial.

Ele observa:

“Sem a velocidade de rotação dos elétrons, toda a imensa grandeza do universo físico se reduziria, em um átimo, ao que verdadeiramente é: um pouco de névoa de poeira impalpável.”

Essas concepções convergem para a mesma realidade: a energia é a base da matéria, e toda estrutura física é uma manifestação temporária da vibração ordenada de forças invisíveis.

4. Espírito e Matéria: A Causa Inteligente da Vibração

Enquanto a Teoria das Cordas busca a unificação das leis físicas sob um princípio matemático, o Espiritismo identifica a causa primeira dessa unidade na Inteligência Suprema — Deus.

Emmanuel, em O Consolador (questão 45), lembra que as leis da física se transformam conforme o progresso humano, e que “a ciência, afirmando-se atéia, caminha para o conhecimento de Deus”.

Do mesmo modo, André Luiz descreve, em suas obras, que as forças cósmicas são espiritualmente dirigidas, e que a ação organizadora do Espírito sobre a matéria é contínua em todos os planos do universo.

Assim, enquanto a física descreve como a energia se manifesta, o Espiritismo explica por que e sob que direção inteligente ela o faz. O Espírito é o princípio ordenador da matéria, e a vibração universal observada pela ciência é a expressão da vontade divina em ação.

5. Convergência de Saberes e o Futuro da Ciência

A Teoria das Cordas ainda é uma hipótese teórica, não confirmada experimentalmente, mas já representa um avanço no esforço de compreender a unidade fundamental da natureza.

O Espiritismo, desde o século XIX, antecipou esse princípio, ensinando que todas as leis do universo — físicas, morais e espirituais — derivam de uma única fonte divina. Em A Gênese (cap. VII), Kardec afirma:

“Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”

Quando a ciência reconhecer que toda vibração e toda energia são expressões do pensamento criador, ciência e espiritualidade se encontrarão no mesmo horizonte de entendimento, como duas faces de uma mesma busca pela verdade.

Conclusão

A Teoria das Cordas, ao propor que tudo o que existe é vibração de uma substância única, aproxima-se das concepções espíritas sobre a unidade da matéria e a ação inteligente que a organiza.

Enquanto a física procura o “campo unificado” que descreva as leis do universo, o Espiritismo identifica esse campo no fluido cósmico universal, veículo do pensamento divino e das ações do Espírito.

O que a ciência chama de cordas, o Espiritismo denomina vibrações do fluido universal; o que a física entende como energia, a filosofia espírita reconhece como vida em expansão.

Ambas convergem para uma mesma verdade essencial: o universo é uno, vibrante e consciente — a sinfonia eterna do Espírito em movimento.

Referências

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1857.
  • KARDEC, Allan. A Gênese. 1868.
  • KARDEC, Allan. Revista Espírita (1858–1869).
  • XAVIER, Francisco Cândido (pelo Espírito Emmanuel). O Consolador.
  • XAVIER, Francisco Cândido (pelo Espírito André Luiz). Evolução em Dois Mundos.
  • UBALDI, Pietro. A Grande Síntese.
  • GREENE, Brian. O Universo Elegante. Companhia das Letras, 2000.
  • DAVIES, Paul. A Mente de Deus. Companhia das Letras, 1992.

 

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