Introdução
Em
tempos de aceleração e imediatismo, a virtude da brandura costuma ser
confundida com fraqueza ou passividade. Muitos ainda associam serenidade à
inércia, quando na realidade ela expressa uma forma de inteligência emocional e
espiritual capaz de transformar situações difíceis em aprendizado. A Doutrina
Espírita, codificada por Allan Kardec, oferece elementos para compreender a
brandura como um valor essencial ao progresso moral da humanidade, destacando
sua força silenciosa diante da violência e da precipitação.
A
falsa ideia de fraqueza
A
sociedade contemporânea, marcada pela competitividade e pelo culto à rapidez,
tende a valorizar respostas imediatas e enérgicas. No entanto, a experiência
mostra que atitudes impulsivas frequentemente conduzem a consequências
desastrosas — seja em acidentes, conflitos familiares ou até em situações de
violência urbana. Dados atuais sobre violência no trânsito, por exemplo,
revelam que grande parte das ocorrências está associada a reações impacientes,
como a agressividade e a intolerância.
A
força da serenidade
A
comparação clássica da água que desgasta a pedra ou do cais que contém o oceano
resume bem o papel da brandura: uma força discreta, mas constante, que
equilibra e sustenta. No campo espiritual, ela é a capacidade de absorver
desafios, convertendo-os em material de crescimento interior. Como ensina O
Evangelho segundo o Espiritismo, Jesus exaltou os brandos de coração porque
compreendia que somente aqueles que sabem esperar e agir com paciência podem
construir a paz verdadeira.
Brandura
como reação consciente
Não se
trata de omitir-se diante das dificuldades, mas de reagir com inteligência e
equilíbrio. Enquanto a violência devolve violência, criando um ciclo de
destruição, a brandura responde com calma, evitando agravar os problemas. Essa
virtude mostra-se essencial em um mundo em que as tensões sociais, políticas e
ambientais exigem mais ponderação do que precipitação.
Perspectiva
espírita
Kardec,
em suas obras e especialmente na Revista Espírita, destacou que a
evolução moral é inseparável da capacidade de controlar as paixões inferiores,
entre elas a cólera e a irritabilidade. André Luiz, em obras psicografadas por
Francisco Cândido Xavier, reforça a importância de cultivar a serenidade como
recurso de saúde espiritual e física. Hoje, estudos em psicologia e medicina
confirmam que a irritabilidade crônica e a raiva descontrolada favorecem
doenças cardiovasculares e transtornos emocionais — uma convergência entre
ciência e espiritualidade.
Conclusão
Ser
brando não significa ignorar os perigos, mas enfrentá-los com clareza e
serenidade. A brandura é a escolha de não devolver ofensa com ofensa, e sim de
transformar a adversidade em lição construtiva. É uma virtude que se aprende
com o tempo, cultivando paciência, fé e respeito ao próximo. Em um mundo ainda
dominado por conflitos, a brandura permanece como a força silenciosa que
sustenta a esperança de uma convivência mais humana e espiritualizada.
Referências
Allan
Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo.
Allan Kardec, Revista Espírita (1858–1869).
Waldo Vieira, Espírito André Luiz, Sol nas Almas, cap. 53, ed. CEC.
Momento Espírita, Brandura e violência, momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=7524&stat=0.
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