sexta-feira, 3 de outubro de 2025

BRANDURA: FORÇA SILENCIOSA E TRANSFORMADORA
- A Era do Espírito -

Introdução

Em tempos de aceleração e imediatismo, a virtude da brandura costuma ser confundida com fraqueza ou passividade. Muitos ainda associam serenidade à inércia, quando na realidade ela expressa uma forma de inteligência emocional e espiritual capaz de transformar situações difíceis em aprendizado. A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, oferece elementos para compreender a brandura como um valor essencial ao progresso moral da humanidade, destacando sua força silenciosa diante da violência e da precipitação.

A falsa ideia de fraqueza

A sociedade contemporânea, marcada pela competitividade e pelo culto à rapidez, tende a valorizar respostas imediatas e enérgicas. No entanto, a experiência mostra que atitudes impulsivas frequentemente conduzem a consequências desastrosas — seja em acidentes, conflitos familiares ou até em situações de violência urbana. Dados atuais sobre violência no trânsito, por exemplo, revelam que grande parte das ocorrências está associada a reações impacientes, como a agressividade e a intolerância.

A força da serenidade

A comparação clássica da água que desgasta a pedra ou do cais que contém o oceano resume bem o papel da brandura: uma força discreta, mas constante, que equilibra e sustenta. No campo espiritual, ela é a capacidade de absorver desafios, convertendo-os em material de crescimento interior. Como ensina O Evangelho segundo o Espiritismo, Jesus exaltou os brandos de coração porque compreendia que somente aqueles que sabem esperar e agir com paciência podem construir a paz verdadeira.

Brandura como reação consciente

Não se trata de omitir-se diante das dificuldades, mas de reagir com inteligência e equilíbrio. Enquanto a violência devolve violência, criando um ciclo de destruição, a brandura responde com calma, evitando agravar os problemas. Essa virtude mostra-se essencial em um mundo em que as tensões sociais, políticas e ambientais exigem mais ponderação do que precipitação.

Perspectiva espírita

Kardec, em suas obras e especialmente na Revista Espírita, destacou que a evolução moral é inseparável da capacidade de controlar as paixões inferiores, entre elas a cólera e a irritabilidade. André Luiz, em obras psicografadas por Francisco Cândido Xavier, reforça a importância de cultivar a serenidade como recurso de saúde espiritual e física. Hoje, estudos em psicologia e medicina confirmam que a irritabilidade crônica e a raiva descontrolada favorecem doenças cardiovasculares e transtornos emocionais — uma convergência entre ciência e espiritualidade.

Conclusão

Ser brando não significa ignorar os perigos, mas enfrentá-los com clareza e serenidade. A brandura é a escolha de não devolver ofensa com ofensa, e sim de transformar a adversidade em lição construtiva. É uma virtude que se aprende com o tempo, cultivando paciência, fé e respeito ao próximo. Em um mundo ainda dominado por conflitos, a brandura permanece como a força silenciosa que sustenta a esperança de uma convivência mais humana e espiritualizada.

Referências

Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo.
Allan Kardec, Revista Espírita (1858–1869).
Waldo Vieira, Espírito André Luiz, Sol nas Almas, cap. 53, ed. CEC.
Momento Espírita, Brandura e violência, momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=7524&stat=0.

 

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