terça-feira, 21 de outubro de 2025

ESPIRITISMO E A COMUNICAÇÃO INTERDIMENSIONAL
A CIÊNCIA DA IMORTALIDADE DA ALMA
- A Era do Espírito -

Introdução

Desde tempos imemoriais, a humanidade registra experiências de contato com inteligências invisíveis, interpretadas de diferentes formas conforme o contexto cultural e religioso. Os antigos chamavam-nas de deuses, anjos, sombras, ancestrais ou gênios; os modernos, sob o olhar científico e filosófico do século XIX, aprenderam a reconhecê-las como Espíritos, seres inteligentes que vivem além da matéria.

Com o advento do Espiritismo, codificado por Allan Kardec a partir de 1857, essas manifestações deixaram de ser apenas objeto de crença para tornarem-se objeto de estudo racional, inaugurando uma nova era de compreensão sobre a natureza do ser humano e suas relações com o mundo espiritual.

1. O diálogo entre os mundos: uma realidade antiga e universal

Em todas as civilizações — do Egito à Grécia, da Índia às Américas pré-colombianas —, há registros de práticas mediúnicas, ritos de comunicação com os mortos e experiências místicas envolvendo vozes e aparições.

A passagem evangélica — “E eis que lhes apareceram Moisés e Elias falando com Ele” (Mateus 17:3) — evidencia a realidade espiritual reconhecida por Jesus, que dialoga com Espíritos desencarnados em plena transfiguração. Tal fato, longe de ser sobrenatural, expressa a continuidade da vida e a intercomunicação entre planos de existência, princípios basilares do Espiritismo.

2. O despertar da era moderna: dos fenômenos às leis espirituais

O século XIX assistiu ao que Kardec denominou uma verdadeira “invasão espiritual organizada”. Em 1848, os fenômenos de Hydesville (EUA) — com as irmãs Fox — marcaram o início de uma nova etapa da revelação espiritual.

Pancadas inteligentes, mesas girantes e comunicações por meio de médiuns atraíram a atenção de cientistas e filósofos, entre eles Hippolyte Léon Denizard Rivail, que mais tarde adotaria o pseudônimo de Allan Kardec.

Enquanto muitos viam nos fenômenos apenas curiosidades, Kardec aplicou o método experimental e dedutivo, concluindo que “um efeito inteligente tem por causa uma força inteligente”. Da observação rigorosa surgiu O Livro dos Espíritos (1857) — marco fundador da Doutrina Espírita —, no qual as comunicações interdimensionais foram ordenadas em um corpo coerente de princípios filosóficos, científicos e morais.

3. O intercâmbio espiritual e a missão dos Espíritos

Conforme ensinam os Espíritos superiores, a comunicação entre os dois planos não é privilégio de médiuns ou templos, mas uma lei natural. Estamos constantemente sob influência espiritual — benéfica ou perturbadora — conforme nossas tendências, pensamentos e intenções.

“As comunicações entre o mundo espírita e o mundo corpóreo estão na ordem natural das coisas e não constituem fato sobrenatural.” (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, introdução VI)

As manifestações ostensivas — por escrita, fala ou fenômenos físicos — cumprem, segundo os próprios Espíritos, uma missão educativa: instruir e esclarecer a humanidade sobre a imortalidade da alma, as leis morais e o destino espiritual do ser.

Assim, a mediunidade, longe de ser espetáculo ou privilégio, é um instrumento de progresso espiritual, que deve ser praticado com discernimento, humildade e propósito moral elevado, conforme ensinado por Kardec e exemplificado na Revista Espírita (1858–1869).

4. A ordem universal: o mundo espiritual e a evolução da alma

A Doutrina Espírita apresenta uma cosmologia racional, explicando o universo como a interação contínua de dois mundos — o espiritual e o material —, ambos regidos pelas mesmas leis divinas.

Deus é o princípio supremo, e os Espíritos são seus filhos, criados simples e ignorantes, destinados à perfeição. A reencarnação é o mecanismo de progresso moral e intelectual, permitindo à alma lapidar-se ao longo das eras.

A vida corporal é transitória; a espiritual, permanente. O Espírito, ao libertar-se do corpo, conserva sua individualidade e continua aprendendo em novos estágios de existência. Essa concepção harmoniza fé e razão, substituindo o dogma pelo entendimento racional da justiça divina.

5. O Espiritismo hoje: ciência da alma e diálogo com a razão moderna

No século XXI, o avanço da neurociência, da física quântica e dos estudos sobre consciência reforçam a ideia de que o pensamento é energia e que a mente pode existir independente do cérebro. Pesquisas em Experiências de Quase-Morte (EQM), Transcomunicação Instrumental (TCI) e Fenômenos de Consciência ampliam o debate sobre a sobrevivência da alma, confirmando as intuições de Kardec: a vida espiritual é uma realidade observável.

O Espiritismo, ao integrar ciência, filosofia e moral, propõe uma síntese universalista: compreender o ser humano como Espírito imortal, sujeito às leis de causa e efeito e participante da evolução coletiva da humanidade.

Conclusão

A comunicação entre os mundos não é um privilégio místico, mas uma lei da Criação. O Espírito é o centro da vida, e o corpo, apenas seu instrumento transitório.

Compreender isso é libertar-se do materialismo e reconhecer que a imortalidade é o destino natural de todos os seres.

Kardec resumiu com clareza essa revelação restauradora:

“Os Espíritos vêm instruir os homens, não por meio de prodígios, mas para lhes abrir os olhos e lhes mostrar o caminho do bem.”

Que saibamos, pois, ouvir as vozes do Alto — não apenas nas mesas mediúnicas, mas sobretudo no templo da consciência, onde Deus se comunica com cada um de nós.

Referências

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1ª ed. 1857.
  • KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 1861.
  • KARDEC, Allan. A Gênese. 1868.
  • KARDEC, Allan. Revista Espírita (1858–1869).
  • FEP – Federação Espírita do Paraná. Jornal Mundo Espírita, edições de 2025.
  • CEI – Conselho Espírita Internacional. O Espiritismo e a Ciência da Imortalidade.

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