quinta-feira, 9 de outubro de 2025

O CORAÇÃO QUE PERMANECE VIVO
- A Era do Espírito -

O presente artigo propõe uma reflexão sobre o uso positivo das mídias sociais como instrumento de disseminação do bem e da esperança. Destaca a ideia de que “morremos quando morre o nosso coração”, isto é, quando perdemos a capacidade de amar, de exercer a compaixão e de manter um propósito elevado. Convida à necessidade de manter o coração “avivado” por meio da sintonia com Deus e de atitudes fundamentadas em Suas leis de amor, recordando que viver verdadeiramente significa agir com consciência, autenticidade e valores espirituais, mesmo quando o mundo segue em direção contrária.

Introdução

Vivemos numa era de conexões instantâneas e interações constantes. As mídias sociais, quando bem utilizadas, tornaram-se ferramentas valiosas para a disseminação do bem, da beleza e da esperança. No entanto, ao mesmo tempo em que nos aproximam virtualmente, podem nos distanciar emocional e espiritualmente, se não soubermos manter viva a chama do sentimento genuíno.

Uma reflexão recente — “morremos quando morre o nosso coração” — conduz-nos a um exame profundo sobre o que significa, em termos espirituais, manter o coração vivo.

A morte simbólica do coração

Do ponto de vista biológico, a morte é definida pela ciência como a cessação irreversível das funções cerebrais, a chamada morte encefálica. Contudo, o palestrante a que se refere o texto original não tratava de conceitos médicos, mas de mortes morais e espirituais — aquelas que ocorrem quando perdemos a capacidade de sentir, de compadecer e de amar.

Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos (questão 938), ensina que o sofrimento moral é um sinal de que a alma ainda vive e sente. A indiferença, ao contrário, seria a expressão de um coração adormecido, que já não vibra diante do bem ou da dor alheia. Nesse sentido, morrer espiritualmente é perder o sentido da existência e desligar-se das leis de amor que regem a vida.

Avivando o coração: uma necessidade espiritual

O Espiritismo nos recorda que o verdadeiro viver não é apenas existir, mas estar em harmonia com as Leis Divinas. Jesus afirmou: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (João 10:10). Essa abundância não se refere à posse de bens, mas à plenitude do ser que ama, serve e evolui.

Avivar o coração é, portanto, renovar diariamente os sentimentos que nos conectam ao Criador e aos semelhantes. Na Revista Espírita (junho de 1862), Kardec registra comunicações espirituais que ressaltam o papel do amor como força regeneradora, capaz de “reanimar as almas ressequidas pelo egoísmo e pela indiferença”.

Essa vitalidade espiritual nasce de pequenas atitudes: uma visita a um parente idoso, a paciência no lar, o perdão sincero, a oração diária, a leitura edificante. São gestos simples que restituem à alma o vigor da fé e o calor da esperança.

O desafio contemporâneo: viver com propósito

Em um mundo marcado pela velocidade e pela superficialidade, torna-se comum justificar comportamentos desviados pela regra do “todo mundo faz”. Mas a consciência desperta — orientada pela razão e pelo sentimento — sabe que não há progresso espiritual sem autenticidade moral.

Kardec, em A Gênese, capítulo XVII, lembra que “o progresso moral é fruto da compreensão das leis divinas”. Assim, não basta aderir externamente a um ideal de fé; é necessário incorporá-lo à vida cotidiana, refletindo-o em escolhas éticas, em relações fraternas e na coerência entre o que se prega e o que se pratica.

Manter o coração vivo é conservar-se sensível às dores do mundo e fiel ao compromisso de crescer espiritualmente. É resistir à indiferença, ao automatismo, à vaidade disfarçada de virtude. É, enfim, não permitir que o amor se apague sob o peso das distrações modernas.

Conclusão

Deus é amor, e o amor é a essência que sustenta a vida em todas as dimensões. Quando alimentamos o coração nas fontes puras do bem, renovamos nossa sintonia com o Pai e mantemos acesa a luz interior que nos guia na caminhada evolutiva.

Morre o coração que esquece de amar; vive aquele que, mesmo em meio às dificuldades, insiste em servir, compreender e perdoar.

Avivar o coração é, portanto, o maior ato de fé que podemos oferecer à vida — e o mais belo testemunho de que ainda estamos espiritualmente vivos.

Referências

  • Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. 84ª ed. FEB, 2024.
  • Allan Kardec. A Gênese. Cap. XVII — “Predições do Evangelho”. FEB, 2022.
  • Allan Kardec. Revista Espírita (junho de 1862).
  • Momento Espírita. Morremos quando morre o nosso coração. Disponível em: momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=7527&stat=0.
  • Leonardo Machado. Palestra O amor que dói e constrói, em Momentos Evangélicos, Centro Espírita Caminho da Redenção, Salvador/BA, 12 jul. 2025.

 

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