O presente artigo propõe uma
reflexão sobre o uso positivo das mídias sociais como instrumento de
disseminação do bem e da esperança. Destaca a ideia de que “morremos quando morre o nosso coração”, isto é, quando perdemos a
capacidade de amar, de exercer a compaixão e de manter um propósito elevado.
Convida à necessidade de manter o coração “avivado” por meio da sintonia com
Deus e de atitudes fundamentadas em Suas leis de amor, recordando que viver verdadeiramente
significa agir com consciência, autenticidade e valores espirituais, mesmo
quando o mundo segue em direção contrária.
Introdução
Vivemos
numa era de conexões instantâneas e interações constantes. As mídias sociais,
quando bem utilizadas, tornaram-se ferramentas valiosas para a disseminação do
bem, da beleza e da esperança. No entanto, ao mesmo tempo em que nos aproximam
virtualmente, podem nos distanciar emocional e espiritualmente, se não
soubermos manter viva a chama do sentimento genuíno.
Uma reflexão
recente — “morremos quando morre o nosso
coração” — conduz-nos a um exame profundo sobre o que significa, em termos
espirituais, manter o coração vivo.
A morte simbólica do coração
Do
ponto de vista biológico, a morte é definida pela ciência como a cessação
irreversível das funções cerebrais, a chamada morte encefálica. Contudo,
o palestrante a que se refere o texto original não tratava de conceitos
médicos, mas de mortes morais e espirituais — aquelas que ocorrem quando
perdemos a capacidade de sentir, de compadecer e de amar.
Allan
Kardec, em O Livro dos Espíritos (questão 938), ensina que o sofrimento
moral é um sinal de que a alma ainda vive e sente. A indiferença, ao contrário,
seria a expressão de um coração adormecido, que já não vibra diante do bem ou
da dor alheia. Nesse sentido, morrer espiritualmente é perder o sentido da
existência e desligar-se das leis de amor que regem a vida.
Avivando o coração: uma necessidade espiritual
O Espiritismo
nos recorda que o verdadeiro viver não é apenas existir, mas estar em
harmonia com as Leis Divinas. Jesus afirmou: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (João
10:10). Essa abundância não se refere à posse de bens, mas à plenitude do ser
que ama, serve e evolui.
Avivar
o coração é, portanto, renovar diariamente os sentimentos que nos conectam ao
Criador e aos semelhantes. Na Revista Espírita (junho de 1862), Kardec
registra comunicações espirituais que ressaltam o papel do amor como força
regeneradora, capaz de “reanimar as almas
ressequidas pelo egoísmo e pela indiferença”.
Essa
vitalidade espiritual nasce de pequenas atitudes: uma visita a um parente
idoso, a paciência no lar, o perdão sincero, a oração diária, a leitura
edificante. São gestos simples que restituem à alma o vigor da fé e o calor da
esperança.
O desafio contemporâneo: viver com propósito
Em um
mundo marcado pela velocidade e pela superficialidade, torna-se comum
justificar comportamentos desviados pela regra do “todo mundo faz”. Mas a
consciência desperta — orientada pela razão e pelo sentimento — sabe que não
há progresso espiritual sem autenticidade moral.
Kardec,
em A Gênese, capítulo XVII, lembra que
“o progresso moral é fruto da compreensão das leis divinas”. Assim, não
basta aderir externamente a um ideal de fé; é necessário incorporá-lo à vida
cotidiana, refletindo-o em escolhas éticas, em relações fraternas e na
coerência entre o que se prega e o que se pratica.
Manter
o coração vivo é conservar-se sensível às dores do mundo e fiel ao compromisso
de crescer espiritualmente. É resistir à indiferença, ao automatismo, à vaidade
disfarçada de virtude. É, enfim, não permitir que o amor se apague sob o
peso das distrações modernas.
Conclusão
Deus é
amor, e o amor é a essência que sustenta a vida em todas as dimensões. Quando
alimentamos o coração nas fontes puras do bem, renovamos nossa sintonia com o
Pai e mantemos acesa a luz interior que nos guia na caminhada evolutiva.
Morre
o coração que esquece de amar; vive aquele que, mesmo em meio às dificuldades,
insiste em servir, compreender e perdoar.
Avivar
o coração é, portanto, o maior ato de fé que podemos oferecer à vida — e o mais
belo testemunho de que ainda estamos espiritualmente vivos.
Referências
- Allan Kardec. O Livro
dos Espíritos. 84ª ed. FEB, 2024.
- Allan Kardec. A
Gênese. Cap. XVII — “Predições do Evangelho”. FEB, 2022.
- Allan Kardec. Revista
Espírita (junho de 1862).
- Momento Espírita. Morremos
quando morre o nosso coração. Disponível em: momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=7527&stat=0.
- Leonardo Machado.
Palestra O amor que dói e constrói, em Momentos Evangélicos,
Centro Espírita Caminho da Redenção, Salvador/BA, 12 jul. 2025.
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