terça-feira, 21 de outubro de 2025

O GRÃO DE MOSTARDA O CRESCIMENTO INTERIOR
E A AUTOILUMINAÇÃO DO ESPÍRITO
- A Era do Espírito – 

E contou-lhes outra parábola: "O Reino dos céus é como um grão de mostarda que um homem plantou em seu campo. Embora seja a menor entre todas as sementes, quando cresce, torna-se uma das maiores plantas e atinge a altura de uma árvore, de modo que as aves do céu vêm fazer os seus ninhos em seus ramos". - Mateus 13:31-32.

Introdução

A parábola do grão de mostarda (Mateus 13:31-32; Marcos 4:30-32; Lucas 13:18-19) é uma das mais belas expressões simbólicas de Jesus sobre o crescimento espiritual. A pequenez da semente, que se transforma em uma árvore capaz de abrigar as aves do céu, representa o desenvolvimento do Espírito humano em direção à sua perfeição. Sob a luz da Doutrina Espírita, essa parábola reflete a lei do progresso, a educação moral e o esforço contínuo do ser em direção a Deus — finalidade suprema da vida.

O crescimento espiritual é, pois, o resultado da perseverança e da constante reavaliação de valores, num processo longo e paciente de autoeducação. Tal como o grão que precisa de solo fértil e cuidados para germinar, o Espírito requer esforço próprio, disciplina e fé racional para expandir-se em luz e sabedoria.

O Reino de Deus e o Crescimento Interior

Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec ensina que o homem é um Espírito em aprendizado, chamado a progredir incessantemente pela ação de sua vontade e pelo uso consciente do livre-arbítrio. O Reino dos Céus, portanto, não é um lugar físico, mas um estado da alma que reflete o grau de harmonia interior e afinidade com as leis divinas.

O grão de mostarda simboliza o princípio divino implantado em cada consciência — a centelha espiritual que, cultivada pela educação e pela prática do bem, torna-se árvore frondosa de virtudes. O campo é o coração humano; a semente é a palavra divina; o crescimento é a obra da alma perseverante.

Como afirmava Kardec na Revista Espírita (abril de 1866), “o progresso é a lei da natureza; todos os seres da criação, animados e inanimados, são submetidos a ela.” Assim, o homem cresce espiritualmente na medida em que transforma o conhecimento em virtude e o sofrimento em aprendizado, convertendo as experiências em degraus para a ascensão moral.

A Autoeducação como Caminho de Iluminação

A parábola revela que o crescimento do Espírito é obra pessoal e intransferível. “O desenvolvimento do progresso nos indivíduos obedece à educação de que o fazem, ou de que ele próprio se faz objeto” — ensina Kardec em O Livro dos Espíritos (questões 776-785).

A educação moral, no sentido espírita, é o cultivo da alma. É o esforço consciente de disciplinar os pensamentos, depurar sentimentos e fortalecer a vontade. Como a semente que se abre sob a pressão da terra, o Espírito cresce em meio às dificuldades, desenvolvendo paciência, humildade e perseverança.

Esse processo não se realiza de um dia para o outro. A iluminação é conquista de muitas existências. O homem deve, como o velho mercador da parábola simbólica, trabalhar incessantemente na tessitura de seu “tapete interior”, corrigindo os defeitos e recomeçando sempre que necessário. Cada esforço sincero de superação moral acrescenta novos fios de luz ao tecido da alma, até que, um dia, a obra da perfeição se revele em toda a sua beleza espiritual.

Perseverança e Reavaliação de Valores

No caminho evolutivo, o progresso espiritual exige continuidade e reavaliação. Como observa Joanna de Ângelis (em Alerta, psicografia de Divaldo Franco), o crescimento íntimo demanda “persistência em face das dificuldades”, pois a transformação moral requer esforço constante e resistência interior.

A cada obstáculo vencido, o Espírito reexamina suas motivações, ajusta sua rota e aprende a distinguir o essencial do supérfluo. A reavaliação de valores é, portanto, uma forma de poda espiritual que fortalece as raízes da fé e da consciência moral.

O homem deve aprender a esperar, como o lavrador que confia no tempo da colheita. A precipitação é inimiga do crescimento interior. Assim, a parábola ensina que o Reino de Deus não se instala de forma súbita, mas através de um amadurecimento progressivo — o desabrochar da semente divina que habita em cada um de nós.

Conclusão: Crescer para Deus

Crescer espiritualmente é crescer para Deus. O grão de mostarda, embora pequeno, contém a potencialidade da árvore. Assim também o Espírito humano, mesmo limitado na carne, traz em si o germe da perfeição divina.

A Doutrina Espírita esclarece que esse crescimento é lei universal — ninguém está condenado à estagnação. Cada reencarnação é um novo terreno onde o Espírito é chamado a semear experiências, colher aprendizados e fortalecer suas raízes no bem.

Quando a semente do Evangelho floresce no coração, o homem torna-se abrigo para as “aves do céu”, isto é, um foco de paz, bondade e inspiração para outros Espíritos. Nesse ponto, o Reino de Deus já começa a manifestar-se na Terra, através das consciências iluminadas que aprendem a servir, amar e esperar.

Como o mercador do tapete perfeito, todos estamos tecendo, ponto a ponto, a obra da nossa autoiluminação. E, embora inacabada aos nossos olhos, ela brilhará plenamente quando compreendermos que a perfeição é a soma de todos os esforços sinceros em direção ao bem.

Referências

  • Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, A Gênese e Revista Espírita (1858–1869).
  • Angel Aguarod. Parábola do Grão de Mostarda, in Grandes e Pequenos Problemas.
  • Huberto Rohden. O Quinto Evangelho.
  • Divaldo P. Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis. Alerta.
  • Marcos Vinicius. O Saber Esperar.
  • O Evangelho de Tomé. Tradução e estudos comparativos.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O GRÃO DE MOSTARDA O CRESCIMENTO INTERIOR E A AUTOILUMINAÇÃO DO ESPÍRITO - A Era do Espírito –   E contou-lhes outra parábola: "O Rei...