Introdução
Vivemos
uma era em que os avanços tecnológicos ampliam os limites da percepção humana.
Entre eles, a realidade virtual (RV) destaca-se como um recurso que permite ao
indivíduo mergulhar em ambientes digitais, interagir com objetos e compartilhar
espaços que, embora artificiais, são experimentados como se fossem reais.
No campo
espiritual, Allan Kardec já havia apresentado conceitos que dialogam com essa
experiência tecnológica. Em A Gênese, ele descreve como o pensamento
cria imagens fluídicas que se refletem no perispírito, formando verdadeiras
cenas perceptíveis no plano espiritual. Essa comparação entre a realidade
virtual tecnológica e a realidade fluídica descrita pelo Espiritismo nos
oferece valiosa oportunidade de reflexão sobre os poderes da mente, os riscos
do apego e a importância do discernimento.
A Realidade Virtual e suas Possibilidades
A
realidade virtual, conforme descrita em manuais técnicos e em fontes de
referência como a Wikipédia, é uma interface que simula ambientes imersivos,
nos quais o usuário pode interagir com elementos digitais de forma quase
natural. Óculos especiais e luvas sensoriais ampliam a sensação de presença,
permitindo que o cérebro reconheça aquele espaço como um “ambiente real”, ainda
que seja apenas uma construção computacional.
Essa
tecnologia vem sendo aplicada em diversas áreas: da medicina à educação, do
entretenimento à engenharia. Sua principal vantagem é justamente a
transferência da intuição do mundo físico para a manipulação de objetos
virtuais, aproximando duas dimensões distintas — a material e a digital — por
meio da experiência sensorial.
O Pensamento como Criador de Realidades
Muito
antes da invenção da realidade virtual, Allan Kardec destacou que o pensamento
humano é força criadora. Em A Gênese, afirmou:
“O
pensamento cria imagens fluídicas, e se reflete no envoltório perispiritual
como num espelho; o pensamento toma corpo e aí se fotografa de alguma forma.”
Assim
como o computador gera ambientes virtuais para o usuário, o Espírito, encarnado
ou desencarnado, projeta no perispírito as imagens que carrega em sua mente.
Essas criações, embora invisíveis ao olhar físico, são perceptíveis a outros
Espíritos e influenciam diretamente o ambiente espiritual.
Um
Espírito ainda apegado à matéria, ao desencarnar, pode criar ao seu redor
paisagens, objetos e situações que refletem seus desejos e fixações. Trata-se
de uma realidade subjetiva, mas tão intensa que pode prendê-lo a ilusões e
dificultar sua libertação.
O Perispírito como “Interface Espiritual”
Fazendo
um paralelo, o perispírito funciona como um dispositivo de realidade virtual
natural, muito mais avançado que qualquer tecnologia humana. Ele é capaz de projetar
imagens em 360 graus e transmitir ao Espírito não apenas a visão, mas também as
sensações correspondentes.
Essa
capacidade explica por que alguns relatos mediúnicos descrevem o mundo
espiritual como semelhante ao mundo físico, mas “melhorado”. Muitas vezes,
trata-se de criações mentais coletivas, mantidas pelo poder do pensamento de
Espíritos em sintonia, que acabam por estabelecer ambientes transitórios.
Tais
ambientes não são falsos em si, mas não representam a realidade espiritual em
sua essência. São, antes, criações transitórias moldadas pelo apego à matéria,
comparáveis às realidades virtuais que conhecemos: ficcionais, mas
experimentadas como reais.
Entre a Ilusão e o Progresso Espiritual
A
reflexão que decorre dessa comparação é clara: se, mesmo com o corpo físico,
podemos nos “perder” em mundos digitais, quanto mais poder terá a mente
desencarnada, livre para criar e experimentar suas próprias imagens?
Daí a
importância do cultivo do desapego e da educação dos pensamentos. O Espiritismo
nos alerta que cada Espírito, após a morte, encontra aquilo que semeou em sua
mente e em seu coração. Aqueles que se aferram aos prazeres materiais podem
aprisionar-se em ilusões que, embora pareçam confortáveis, não os conduzem ao
progresso. Já os que buscam a elevação moral e espiritual desfrutam da
verdadeira liberdade, construindo realidades mais próximas da harmonia divina.
Conclusão
A
realidade virtual, como tecnologia, é um instrumento útil que amplia horizontes
de conhecimento e experiência. No entanto, ela também serve como metáfora para
compreendermos os processos fluídicos descritos por Kardec. Tanto no mundo
físico quanto no espiritual, a mente é a grande criadora de realidades.
O desafio
que se coloca para cada um de nós é aprender a discernir entre o transitório e
o essencial, entre a ilusão e a verdade. O Espiritismo ensina que somente pela
vivência da lei de amor, justiça e caridade nos libertamos das prisões criadas
pelo pensamento e alcançamos a vida plena anunciada por Jesus.
Referências
- KARDEC, Allan. A Gênese.
FEB.
- KARDEC, Allan. O Livro
dos Espíritos. FEB.
- KARDEC, Allan. Revista
Espírita (1858-1869). FEB.
- WIKIPÉDIA. “Realidade
Virtual”. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Realidade_virtual.
Acesso em: 2025.
- XAVIER, Francisco Cândido
(pelo Espírito André Luiz). Evolução em Dois Mundos. FEB.
- ClaudiaC, Mundo
Espiritual ou Realidade Virtual?, Artigo.
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