quarta-feira, 1 de outubro de 2025

REALIDADE VIRTUAL E CRIAÇÕES DO PENSAMENTO
REFLEXÕES À LUZ DO ESPIRITISMO
- A Era do Espírito -

Introdução

Vivemos uma era em que os avanços tecnológicos ampliam os limites da percepção humana. Entre eles, a realidade virtual (RV) destaca-se como um recurso que permite ao indivíduo mergulhar em ambientes digitais, interagir com objetos e compartilhar espaços que, embora artificiais, são experimentados como se fossem reais.

No campo espiritual, Allan Kardec já havia apresentado conceitos que dialogam com essa experiência tecnológica. Em A Gênese, ele descreve como o pensamento cria imagens fluídicas que se refletem no perispírito, formando verdadeiras cenas perceptíveis no plano espiritual. Essa comparação entre a realidade virtual tecnológica e a realidade fluídica descrita pelo Espiritismo nos oferece valiosa oportunidade de reflexão sobre os poderes da mente, os riscos do apego e a importância do discernimento.

A Realidade Virtual e suas Possibilidades

A realidade virtual, conforme descrita em manuais técnicos e em fontes de referência como a Wikipédia, é uma interface que simula ambientes imersivos, nos quais o usuário pode interagir com elementos digitais de forma quase natural. Óculos especiais e luvas sensoriais ampliam a sensação de presença, permitindo que o cérebro reconheça aquele espaço como um “ambiente real”, ainda que seja apenas uma construção computacional.

Essa tecnologia vem sendo aplicada em diversas áreas: da medicina à educação, do entretenimento à engenharia. Sua principal vantagem é justamente a transferência da intuição do mundo físico para a manipulação de objetos virtuais, aproximando duas dimensões distintas — a material e a digital — por meio da experiência sensorial.

O Pensamento como Criador de Realidades

Muito antes da invenção da realidade virtual, Allan Kardec destacou que o pensamento humano é força criadora. Em A Gênese, afirmou:

“O pensamento cria imagens fluídicas, e se reflete no envoltório perispiritual como num espelho; o pensamento toma corpo e aí se fotografa de alguma forma.”

Assim como o computador gera ambientes virtuais para o usuário, o Espírito, encarnado ou desencarnado, projeta no perispírito as imagens que carrega em sua mente. Essas criações, embora invisíveis ao olhar físico, são perceptíveis a outros Espíritos e influenciam diretamente o ambiente espiritual.

Um Espírito ainda apegado à matéria, ao desencarnar, pode criar ao seu redor paisagens, objetos e situações que refletem seus desejos e fixações. Trata-se de uma realidade subjetiva, mas tão intensa que pode prendê-lo a ilusões e dificultar sua libertação.

O Perispírito como “Interface Espiritual”

Fazendo um paralelo, o perispírito funciona como um dispositivo de realidade virtual natural, muito mais avançado que qualquer tecnologia humana. Ele é capaz de projetar imagens em 360 graus e transmitir ao Espírito não apenas a visão, mas também as sensações correspondentes.

Essa capacidade explica por que alguns relatos mediúnicos descrevem o mundo espiritual como semelhante ao mundo físico, mas “melhorado”. Muitas vezes, trata-se de criações mentais coletivas, mantidas pelo poder do pensamento de Espíritos em sintonia, que acabam por estabelecer ambientes transitórios.

Tais ambientes não são falsos em si, mas não representam a realidade espiritual em sua essência. São, antes, criações transitórias moldadas pelo apego à matéria, comparáveis às realidades virtuais que conhecemos: ficcionais, mas experimentadas como reais.

Entre a Ilusão e o Progresso Espiritual

A reflexão que decorre dessa comparação é clara: se, mesmo com o corpo físico, podemos nos “perder” em mundos digitais, quanto mais poder terá a mente desencarnada, livre para criar e experimentar suas próprias imagens?

Daí a importância do cultivo do desapego e da educação dos pensamentos. O Espiritismo nos alerta que cada Espírito, após a morte, encontra aquilo que semeou em sua mente e em seu coração. Aqueles que se aferram aos prazeres materiais podem aprisionar-se em ilusões que, embora pareçam confortáveis, não os conduzem ao progresso. Já os que buscam a elevação moral e espiritual desfrutam da verdadeira liberdade, construindo realidades mais próximas da harmonia divina.

Conclusão

A realidade virtual, como tecnologia, é um instrumento útil que amplia horizontes de conhecimento e experiência. No entanto, ela também serve como metáfora para compreendermos os processos fluídicos descritos por Kardec. Tanto no mundo físico quanto no espiritual, a mente é a grande criadora de realidades.

O desafio que se coloca para cada um de nós é aprender a discernir entre o transitório e o essencial, entre a ilusão e a verdade. O Espiritismo ensina que somente pela vivência da lei de amor, justiça e caridade nos libertamos das prisões criadas pelo pensamento e alcançamos a vida plena anunciada por Jesus.

Referências

  • KARDEC, Allan. A Gênese. FEB.
  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. FEB.
  • KARDEC, Allan. Revista Espírita (1858-1869). FEB.
  • WIKIPÉDIA. “Realidade Virtual”. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Realidade_virtual. Acesso em: 2025.
  • XAVIER, Francisco Cândido (pelo Espírito André Luiz). Evolução em Dois Mundos. FEB.
  • ClaudiaC, Mundo Espiritual ou Realidade Virtual?, Artigo.

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