sábado, 26 de julho de 2025

 

A ALMA EM EVOLUÇÃO: DO MINERAL AO ARCANJO SEGUNDO O ESPIRITISMO E A SABEDORIA ORIENTAL 
- A Era do Espírito –
 

O trecho do poema “Urânia – Os Médiuns sem o Saber”, de Porry de Marseille, publicado na Revista Espírita de novembro de 1859 por Allan Kardec, nos apresenta uma visão sublime e poética da evolução da alma — visão essa que ecoa uma antiga máxima atribuída a sabedoria hindu:

“A alma dorme no mineral, sonha no vegetal, se agita no animal e desperta no homem.”

Neste artigo, vamos refletir sobre essas duas expressões — o poema francês e a frase oriental — e compreender como elas se entrelaçam de maneira harmoniosa à luz da Doutrina Espírita.

O Verbo Criador e a Centelha Divina

“O Verbo criador na planta dormita,
Sonha no animal, e no homem desperta...”

No poema, o Verbo é apresentado como o princípio criador universal, assim como no prólogo do Evangelho de João:

“No princípio era o Verbo...”

Ele é a Força divina que, como uma centelha, anima tudo o que existe. Essa centelha jamais perece, e percorre todas as etapas da criação, das mais simples às mais elevadas.

A Escala da Evolução Espiritual

O poema de Porry descreve com beleza o progresso do espírito ao longo dos reinos da natureza:

Estágio

Poema de Porry

Sabedoria Hindu

Interpretação Espírita

Mineral

"a pedra começa"

"a alma dorme no mineral"

Princípio inteligente em estado latente, sem consciência

Vegetal

"na planta dormita"

"sonha no vegetal"

Início da vitalidade, vida sem sensibilidade individualizada

Animal

"sonha no animal"

"se agita no animal"

Desenvolvimento dos instintos e da percepção

Homem

"e no homem desperta"

"desperta no homem"

Consciência moral, razão, livre-arbítrio

Arcanjo

"o arcanjo termina"

(implícito na sabedoria oriental)

Espírito puro, em comunhão com a Vontade Divina

Essa trajetória é explicada de forma clara em O Livro dos Espíritos (questões 540 a 610), onde Allan Kardec expõe o processo de evolução do princípio espiritual rumo à perfeição.

A Liberdade no Cume da Evolução

O poema traz um detalhe belíssimo:

“Esse arcanjo elevado [...]
Está livre para guardar sua personalidade,
Ou de se fundir no seio da Onipotência...”

Ou seja, quando o Espírito atinge o grau máximo de elevação, ele não perde sua individualidade, mas pode se tornar tão puro, tão harmonizado com Deus, que se une à Sua Vontade por amor, num grau de sintonia espiritual tão grande que beira a fusão simbólica com o Todo.

Esse não é um aniquilamento da alma, mas sim uma comunhão voluntária com o Bem Supremo.

O Orgulho como Obstáculo

O poema alerta:

“Outros, invejando sua glória soberana [...]
Quiseram do Mais Alto discutir os decretos;”

Aqui encontramos a queda pelo orgulho, que também é explicada no Espiritismo como uma das causas do sofrimento espiritual. Espíritos dotados de livre-arbítrio podem usar mal sua liberdade, afastando-se da luz e atrasando seu próprio progresso.

Harmonia entre Ocidente e Oriente

Apesar das origens culturais distintas, tanto o poema francês quanto a máxima hindu revelam a mesma verdade universal:

A alma é uma centelha divina em constante evolução,
que atravessa os reinos da natureza até despertar plenamente no homem,
e que pode ascender ao estado sublime do Espírito puro,
em comunhão com Deus.

O Espiritismo reconcilia e explica essa ideia com base em uma filosofia progressista, racional e moral.

🌟 Conclusão: O Espírito é o Arquiteto de Seu Destino

A Doutrina Espírita nos ensina que:

  • Deus cria o princípio inteligente simples e ignorante;
  • Ele evolui gradualmente pelas experiências dos diversos reinos da natureza;
  • E atinge a perfeição por meio do progresso intelectual e moral.

Essa ascensão é sempre feita com liberdade, e cada Espírito constrói seu caminho pela vontade, pelo amor ou pelo orgulho.

Somos todos sementes de luz, caminhando da pedra ao arcanjo.

Que possamos escolher a direção do Alto, guiados pelo bem, pela verdade e pelo amor.

Referências:

  • Revista Espírita, novembro de 1859 — Allan Kardec (Poema “Urânia – Os Médiuns sem o Saber” de Porry de Marseille)
  • O Livro dos Espíritos, Allan Kardec – questões 540 a 610
  • Máxima tradicional da sabedoria oriental: “A alma dorme no mineral...”
  • Evangelho de João 1:1: “No princípio era o Verbo...”

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