quinta-feira, 31 de julho de 2025

AS LEIS NATURAIS E OS CICLOS DO UNIVERSO
- A Era do Espírito -

Uma reflexão espírita sobre as transformações ambientais da Terra

Vivemos tempos desafiadores. A natureza tem dado sinais claros de desequilíbrio: secas prolongadas, enchentes violentas, incêndios devastadores, ondas de calor sem precedentes. Recentemente, um conjunto de imagens comparativas do Rio São Francisco — um dos mais emblemáticos cursos d’água do Brasil — revelou o alarmante recuo de suas águas em determinadas regiões. Onde antes havia um caudaloso e majestoso rio, hoje se observam margens secas e trechos de terra exposta, outrora cobertos pelo curso natural da água. As causas imediatas? Estiagens severas, mudanças climáticas e manejo inadequado dos recursos hídricos.

Contudo, a Doutrina Espírita oferece uma visão mais profunda e abrangente, capaz de integrar esses acontecimentos aos ciclos planetários e à responsabilidade moral da humanidade. Para compreender esse tema — a devastação ambiental em correlação com os ciclos da Terra e sua posição no Universo — à luz do Espiritismo, é fundamental integrarmos três grandes eixos:

  1. As Leis Naturais da Criação, segundo o Espiritismo
  2. Os ciclos da Terra como reflexo da Lei do Progresso e da Lei de Conservação
  3. A responsabilidade moral e espiritual do ser humano como co-criador no planeta

1. As Leis Naturais e os Ciclos do Universo

A Doutrina Espírita, conforme codificada por Allan Kardec, nos ensina que o Universo é regido por leis imutáveis, sábias e harmônicas, que expressam a vontade divina (cf. O Livro dos Espíritos, questões 614 a 618). Dentre essas leis, destacam-se para nosso tema:

  • Lei do Progresso (q. 776 a 785)
    Tudo evolui: o planeta, os seres vivos, as sociedades e as consciências. Inclusive a Terra passa por transformações físicas e espirituais, movendo-se no espaço e atravessando estágios planetários — de mundos primitivos até de regeneração.
  • Lei de Conservação (q. 701 a 707)
    Deus dá ao ser humano os recursos necessários à vida, mas exige que ele use esses bens com sabedoria e respeito. O desperdício, a ganância e o desequilíbrio geram consequências inevitáveis.
  • Lei de Destruição (q. 728 a 741)
    A destruição é parte da renovação. Ela é necessária ao equilíbrio dos ecossistemas e à regeneração das formas, mas quando provocada pelo abuso humano, torna-se desequilíbrio e dor.

Essas leis nos mostram que nada está isolado. Os movimentos naturais ― as estações, as secas, as enchentes ― estão entrelaçados ao movimento do planeta em torno de si, ao redor do Sol e na galáxia.

A TERRA EM MOVIMENTO E A LEI DO PROGRESSO

O movimento da Terra ao redor do Sol (ano) e sobre seu eixo (dia e noite), bem como seu deslocamento dentro do sistema solar e da galáxia, não são apenas fenômenos físicos, mas também símbolos de movimento espiritual. A Terra avança não só no espaço, mas no tempo evolutivo — passando por fases morais, como disse Emmanuel em A Caminho da Luz.

Por isso, crises ambientais como a seca no Rio São Francisco não podem ser vistas apenas como fenômenos meteorológicos ou cíclicos naturais. Elas também refletem um desajuste moral e coletivo, indicando o nível espiritual da humanidade.

2. Desrespeito à Natureza: Entre Causa e Consequência

A degradação ambiental resulta do afastamento do homem das leis divinas. O Espiritismo nos ensina que:

  • Somos espíritos encarnados para progredir em inteligência e moralidade;
  • O planeta é uma morada transitória, que precisa ser respeitada como obra divina;
  • O mau uso da liberdade — quando escolhemos a destruição em vez da harmonia — gera consequências educativas, individuais e coletivas.

A destruição de rios, florestas e ecossistemas, o uso excessivo de agrotóxicos e a emissão desenfreada de gases poluentes, como no caso do Rio São Francisco, não são castigos divinos, mas respostas naturais e sociais às ações humanas, conforme a lei de causa e efeito.

E mesmo os flagelos naturais (secas, enchentes, terremotos), quando não provocados diretamente pelo homem, funcionam como instrumentos pedagógicos, que despertam solidariedade, resignação, compaixão e renovação moral (cf. O Livro dos Espíritos, q. 737 e 741).

3. Responsabilidade Coletiva e Consciência Planetária

“A Terra não pertence ao homem, o homem pertence à Terra”
— (Sabedoria ancestral, reafirmada por Espíritos Superiores)

Kardec nos lembra que os bens da Terra são para todos (q. 711), e o uso egoísta, predatório e destrutivo gera desequilíbrios, escassez e sofrimento. A espiritualidade superior também nos mostra que:

  • A Terra é um planeta em transição, e essa regeneração exige renovação moral;
  • Os recursos naturais são bens comuns, cuja gestão envolve responsabilidade espiritual;
  • A destruição provocada pelo homem acelera o processo de transformação planetária, mas com maior dor.

Portanto, não basta atribuir os eventos à “vontade de Deus” ou a um “carma coletivo”. Devemos assumir, como espíritos conscientes, a coautoria dos desequilíbrios ambientais e também o compromisso com a reparação.

4. A Conexão entre Cosmos, Natureza e Espírito

Ao considerarmos os ciclos da Terra — como as eras geológicas, os períodos de glaciação e aquecimento, os ciclos orbitais e a movimentação dentro da Via Láctea — percebemos que tudo é movimento e transformação. O planeta acompanha o fluxo cósmico, mas sua vibração é influenciada pela conduta moral de seus habitantes.

A regeneração do planeta não virá apenas por fenômenos naturais, mas pela renovação interior do ser humano, que começa no pensamento e se expressa em ações concretas: consumo consciente, respeito à vida, justiça social e preservação ambiental.

5. Conclusão Inspiradora: O Bom Combate pelo Planeta

A Doutrina Espírita nos convida ao bom combate: aquele que começa dentro de nós, no enfrentamento das más tendências, da indiferença, da omissão e do egoísmo. A seca no Rio São Francisco, os desastres ambientais, as tragédias climáticas não são meras fatalidades — são apelos da Terra e da espiritualidade superior ao despertar da consciência humana.

Seja pelas leis físicas que regem os ciclos planetários, seja pelas leis morais que regem o espírito imortal, tudo converge para o bem e o progresso. Mas esse progresso depende de nossa escolha diária.

“O futuro pertence aos que forem bons.”
(O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. III)

Referências Doutrinárias
Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. Ed. FEB.
Kardec, Allan. A Gênese. Ed. FEB.
Emmanuel. A Caminho da Luz. Psicografado por Francisco Cândido Xavier.
Pereira, Marcelo Henrique. O sinal visível da devastação da Natureza e da poluição humana sobre a Terra.

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