Vivemos
tempos de grandes desafios coletivos. O aumento de tarifas, as sanções
econômicas, o encarecimento dos produtos importados e um clima geral de
preocupação social fazem parte de um cenário que nos convida à reflexão mais
profunda.
Como
entender essa realidade à luz da Doutrina Espírita, codificada por Allan
Kardec?
A
resposta está nas Leis Morais contidas em O Livro dos Espíritos,
especialmente na Lei do Progresso, Lei de Sociedade, Lei de
Justiça, Amor e Caridade e Lei do Trabalho. A seguir, organizamos a
análise em tópicos para facilitar a compreensão:
1. A Crise como Instrumento de Progresso
A Doutrina Espírita ensina que nada acontece por
acaso e que toda dificuldade é uma oportunidade de crescimento moral e
espiritual.
No
item 783 de O Livro dos Espíritos, os Espíritos afirmam:
“O
homem não pode permanecer perpetuamente na infância; ele deve avançar, e é isso
o que o torna, algumas vezes, rebelde ao freio que o retém.”
(LE, questão 783)
Crises
econômicas ou políticas, por mais dolorosas que pareçam, são meios de
transformação coletiva. Elas revelam nossas fragilidades, testam nossos
valores e nos chamam à solidariedade e à consciência social.
2. Consequências da Lei de Causa e Efeito
Segundo a Doutrina Espírita, os efeitos coletivos
que colhemos hoje têm relação direta com as escolhas humanas do passado.
Desigualdades
sociais, injustiças econômicas, políticas egoístas ou de exclusão
inevitavelmente resultam em reajustes que, embora difíceis, visam restabelecer
o equilíbrio moral da sociedade.
No
capítulo sobre a Lei de Justiça, Amor e Caridade (LE, questões
873 a 892), Kardec nos lembra que:
“Toda injustiça será corrigida com o tempo,
pelas vias naturais da vida social e espiritual.”
Se uma
política tarifária ou uma sanção for movida por orgulho, ambição ou espírito de
dominação, ela traz consigo consequências morais inevitáveis, que cedo
ou tarde exigirão reparação.
3.
Solidariedade e Responsabilidade Coletiva
Na Lei
de Sociedade (LE, questões 766 a 774), os Espíritos ensinam que
fomos criados para viver em comunhão com o outro. O progresso humano só
é possível por meio da cooperação e da convivência pacífica.
Medidas
que rompem com essa solidariedade — como o fechamento de mercados ou o
isolamento econômico — ferem o princípio da fraternidade universal.
Os que
mais sofrem, geralmente, são os mais vulneráveis: trabalhadores, famílias de
baixa renda, pequenos comerciantes. Por isso, essas crises exigem uma
reflexão profunda sobre a nossa responsabilidade como cidadãos e como nações.
4. A Prova da Inteligência e do Livre-Arbítrio
A inteligência é um dom neutro. Kardec nos mostra
que ela pode servir tanto ao bem quanto ao mal. Quando decisões políticas são
tomadas sem uma base moral sólida, elas podem causar graves desequilíbrios
sociais.
O
Espiritismo nos convida a usar a razão a serviço da justiça e da caridade,
e não como instrumento de opressão.
“O verdadeiro homem de bem é aquele que
cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza.” (ESE, cap. XVII, item 3)
5. A Hora da Reflexão e do Despertar Espiritual
A
frase “alguns chorarão o dia inteiro”
representa o sofrimento causado pelas mudanças econômicas drásticas. No
entanto, sob o ponto de vista espírita, a dor é também um chamado à
renovação interior.
O
espírito Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier, sintetiza
essa ideia com clareza:
“Toda crise é uma convocação ao
reequilíbrio.” (O
Consolador, questão 251)
Cada
desafio é um convite ao despertar da consciência, ao abandono do egoísmo
e à construção de um mundo mais justo.
Conclusão:
O Que Fazer Diante das Crises?
O
Espiritismo não apenas nos ajuda a compreender os momentos difíceis, como
também nos orienta sobre como agir diante deles:
- Refletir com
serenidade e responsabilidade;
- Desenvolver solidariedade
ativa com os que mais sofrem;
- Cultivar a prece,
a fé e o pensamento elevado;
- Evitar o desespero
e a desesperança;
- Fazer escolhas
baseadas na justiça, na equidade e na paz social.
Mensagem Final
Se a
crise bate à porta, não percamos a fé no futuro. A dor de hoje pode ser
o impulso para um mundo mais fraterno e consciente amanhã. Tudo passa,
mas o bem permanece. Como ensinam os Espíritos superiores, o progresso é lei
da vida, e a Terra caminha — mesmo entre lágrimas — rumo à regeneração.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos – questões 766–783; 873–892.
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo – cap. XVII, item 3.
XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador, pelo espírito Emmanuel – questão 251.
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