Você já contemplou um girassol?
Trata-se de uma flor de grande porte, de coloração
amarela vibrante, cuja característica mais notável é a de mover-se sempre na
direção do sol. É por essa razão que a natureza lhe deu o nome popular de girassol.
Desde que brota da semente, ainda frágil entre
outras plantas, ela instintivamente se volta para a luz solar, como se
reconhecesse que é ali — no calor e na claridade do sol — que encontrará os
recursos essenciais para a vida.
Mas o que aconteceria se colocássemos essa flor
dentro de uma redoma escura, isolada da luz? Certamente, ela murcharia em pouco
tempo, incapaz de realizar seu propósito natural.
Essa metáfora simples nos leva a profundas
reflexões à luz da Doutrina Espírita. Assim como os girassóis, nós — Espíritos
encarnados — necessitamos da luz para viver. Mas não apenas a luz solar que
sustenta nosso corpo físico. Precisamos, sobretudo, da Luz Divina, que
sustenta o Espírito imortal em sua jornada evolutiva.
Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec nos
ensina que o ser humano é composto por três elementos essenciais: o corpo, o
perispírito e o Espírito (LE, questão 135-A). O corpo necessita de alimento,
abrigo e cuidados médicos. Mas o Espírito, essência eterna, precisa de algo
mais: esperança, consolo, afeto, fé, conhecimento e comunhão com Deus.
O Espírito, quando encarnado, traz consigo
tendências, imperfeições e desafios que resultam das múltiplas experiências
anteriores. Muitas vezes, diante das provas da vida, permitimo-nos o desânimo,
o egoísmo ou o isolamento, esquecendo que viemos à Terra com um objetivo
superior: o nosso próprio progresso.
Mas, como o girassol que gira em busca do sol, o
Espírito deve girar, se mover, buscar ativamente as fontes da luz espiritual: a
prece, o estudo, o serviço ao próximo, a vigilância moral, a paciência nas provas.
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Quando nos enclausuramos na redoma da desesperança,
da mágoa ou da rebeldia, podemos, pouco a pouco, perder o ânimo e nos afastar
dos recursos que Deus nos oferece para nos erguer.
No entanto, ensina-nos o Espírito Emmanuel, por
meio da psicografia de Francisco Cândido Xavier, que “ninguém está
desamparado”, e que “Deus coloca recursos de renovação e socorro ao
alcance de todos aqueles que buscam com sinceridade o bem” (Livro: Vinha
de Luz).
A Doutrina Espírita nos recorda que não estamos
sós. A família que temos, os amigos que nos apoiam, os desafios que
enfrentamos, os obstáculos que nos exigem paciência — tudo faz parte de um planejamento
reencarnatório orientado por Espíritos superiores, conforme detalhado por André
Luiz em Missionários da Luz.
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Deus, em sua infinita justiça e bondade, oferece ao
Espírito encarnado as oportunidades necessárias para o seu progresso. Como
explica Joanna de Ângelis, pela psicografia de Divaldo Franco, "a dor é uma lição e a luta é uma
bênção", pois nos despertam para os valores eternos da vida.
Por isso, quando a sombra da tristeza nos envolver,
quando os pensamentos negativos obscurecerem o horizonte de nossa fé, imitemos
os girassóis.
Levantemos o olhar para o alto. Busquemos a prece
sincera, a leitura edificante, a prática da caridade, a renovação dos
sentimentos. Como ensina Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo, “a fé é a mãe de muitas virtudes, é o
remédio para todas as dores, é o consolo supremo” (cap. XIX).
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Considerações finais
A imagem do girassol é um convite simbólico e
profundo para que, mesmo em meio às dificuldades, busquemos a luz da verdade,
da esperança e do amor.
Nosso destino espiritual é a perfeição relativa — e
para alcançá-la é preciso crescer, aprender, cair e reerguer-se quantas vezes
forem necessárias.
A Doutrina Espírita nos mostra que, mesmo nas horas
mais sombrias, a luz de Deus nunca se apaga. E como Espíritos imortais,
cabe-nos a responsabilidade de não permanecer na escuridão. Assim como o
girassol se orienta naturalmente para o sol, devemos orientar nossas
escolhas morais para o Bem Supremo.
Aos que enfrentam lutas silenciosas, dores da alma,
ou o desafio de continuar, que este chamado suave da natureza — o girassol —
sirva de lembrete: busque a luz, ainda que pareça distante.
E essa luz, como nos ensinam os Espíritos
superiores, é sempre Jesus, o Sol espiritual que jamais se apaga.
REFERÊNCIAS
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIX.
XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz, por Emmanuel.
XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da Luz, por André Luiz.
FRANCO, Divaldo Pereira. Diversas obras de Joanna de Ângelis.
Momento Espírita. “Na barca do coração”. www.momento.com.br
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