Sob a ótica da Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec, o bloqueio de comunicações como rádio, televisão, GPS, telefone, internet e outros meios tecnológicos entre países pode ser analisado em diferentes camadas — moral, social, espiritual e coletiva. A seguir, abordamos esse tema à luz dos princípios espíritas.
1. Livre-Arbítrio e Responsabilidade Moral
📘 Referência: O Livro dos Espíritos, questões 122 a 132
A Doutrina Espírita ensina que os seres humanos são dotados de livre-arbítrio e agem com liberdade dentro das condições em que vivem. Governos ou instituições que impõem bloqueios de comunicação estão fazendo uso de seu livre-arbítrio — mas não se eximem da responsabilidade moral por suas escolhas.
Se tais bloqueios forem motivados por intenções autoritárias, como o controle ideológico, a manipulação da informação ou o isolamento deliberado de populações, estaremos diante de uma violação da Lei de Liberdade, uma das leis morais fundamentais ensinadas pelos Espíritos Superiores. Nesse caso, os responsáveis responderão espiritualmente pelas consequências de seus atos, conforme a justiça divina.
2. Lei de Liberdade e de Progresso
📘 Referência: O Livro dos Espíritos, questões 825 a 833 (Lei de Liberdade) e 776 a 802 (Lei de Progresso)
A liberdade de expressão, de
pensamento e de comunicação é um dos frutos naturais do progresso
intelectual e moral da humanidade. Bloquear deliberadamente os meios de
comunicação entre povos representa uma tentativa de conter a marcha do
progresso, limitando a circulação de ideias, o intercâmbio fraterno e o
acesso ao conhecimento.
Entretanto, o Espiritismo afirma que o progresso pode ser retardado, mas jamais detido. As forças da estagnação e do retrocesso são temporárias, pois a evolução é uma lei divina, irresistível e contínua.
3. Provas Coletivas e Expiações Sociais
📘 Referência: O Livro dos Espíritos, questões 737 e seguintes
Quando bloqueios severos causam sofrimento coletivo — como isolamento cultural, privação de informação ou prejuízos materiais —, podem estar inseridos no contexto das chamadas provas coletivas, destinadas ao amadurecimento espiritual de um povo, ou mesmo de expiações coletivas, como forma de reparação de faltas históricas cometidas por comunidades ou nações inteiras.
Todavia, isso não justifica moralmente os atos praticados por aqueles que impõem tais bloqueios. Cada Espírito é responsável por seus atos diante da Lei de Deus, mesmo quando age dentro de um contexto coletivo.
4. Ação dos Espíritos e a Comunicação Invisível
📘
Referência: A Gênese, capítulos XIV e XV — Ação dos Espíritos sobre a
matéria
A comunicação espiritual, diferentemente da material, não pode ser bloqueada por meios físicos ou tecnológicos. Os Espíritos se comunicam pelo pensamento, utilizando o fluido universal como intermediário.
Assim, mesmo que um governo bloqueie as comunicações humanas, não pode impedir a ação dos Espíritos. Inspirações, intuições, ideias renovadoras e movimentos íntimos continuam ocorrendo por vias invisíveis, que escapam ao controle dos mecanismos humanos. Onde a liberdade externa é restringida, muitas vezes, a liberdade interior se amplia.
5. O Papel da Ciência e o Avanço Moral
📘 Referência: A Gênese, capítulos I e XI
As tecnologias de comunicação são conquistas legítimas do progresso intelectual da humanidade. Contudo, como adverte Kardec, o progresso verdadeiro só é pleno quando se alia ao avanço moral.
Quando o conhecimento científico e tecnológico é utilizado para oprimir, manipular ou restringir liberdades fundamentais, ocorre um desvio da finalidade elevada do saber. O Espiritismo ensina que toda invenção humana, cedo ou tarde, será orientada para o bem, pois as leis divinas corrigem os desvios com o tempo, por meio da reencarnação, da justiça espiritual e da evolução coletiva.
✅ Conclusão: O Bloqueio das
Comunicações como Expressão de Atraso Moral
À luz da Doutrina Espírita, o bloqueio das comunicações entre nações:
- Constitui falta moral grave
quando motivado por dominação, censura ou egoísmo político;
- Retarda o progresso,
mas não o impede;
- Implica responsabilidade
espiritual para os que, deliberadamente, violam a Lei de
Liberdade;
- Pode configurar provas ou
expiações coletivas, sem jamais justificar o mal praticado;
- Não alcança o plano espiritual, onde a comunicação transcende todas as barreiras materiais.
O Espiritismo, portanto, convida-nos à reflexão sobre a liberdade de consciência, o respeito à dignidade humana e o uso responsável do progresso intelectual. Acima de tudo, confia na ação constante da justiça divina, que conduz a humanidade, ainda que por caminhos ásperos, ao destino glorioso do bem comum e da fraternidade universal.
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