segunda-feira, 14 de julho de 2025



O LEGADO 
DE UM MUNDO MELHOR
ÀS GERAÇÕES PÓSTERAS
Elio Mollo


O Espírito e a Harmonia do Universo 

Nós, Espíritos imortais, somos hoje o resultado de tudo o que vivemos e construímos ao longo das eras. Essa trajetória é possível graças à forma como Deus estruturou o Universo: tudo nele é harmônico, solidário e interdependente. Quando nos alinhamos com essa ordem divina, a vida se torna mais justa, alegre e fraterna.  

A Vida: Um Presente Divino 

A vida é um dos maiores legados de Deus. Por meio dela, expressamo-nos no Universo, encarnados ou desencarnados. A vida pulsa ao nosso redor: nas pedras, nos jardins, nos animais, nas pessoas. Em tudo há movimento, em tudo há manifestação divina.  Viver é aprender a doar e receber. Esse é o ciclo natural que sustenta a evolução. Quando rompemos esse equilíbrio — querendo apenas receber, sem doar — retardamos nosso progresso, tornando o caminho mais difícil e doloroso. Podemos até acumular bens materiais, mas eles são passageiros e não seguem conosco para além da vida física.  

A Reencarnação: Caminho para o Aperfeiçoamento

Ao desencarnar, muitos Espíritos compreendem que deveriam ter compartilhado mais aquilo que conquistaram. A evolução espiritual exige desprendimento e fraternidade. Por isso, pedem novas oportunidades de reencarnar e, pouco a pouco, vão se ajustando à fraternidade universal que rege o Universo.  Na resposta à questão 192 de O Livro dos Espíritos, aprendemos que mesmo uma vida exemplar não basta para nos tornar Espíritos puros: é necessário passar por todos os degraus do aperfeiçoamento. Assim como uma criança precisa amadurecer ou um enfermo precisa convalescer, o Espírito deve adquirir gradualmente as virtudes da ciência e da moral.  Na questão 365, os Espíritos reforçam que o progresso deve ser integral — intelectual e moral. E quanto mais avançamos agora, menos penosas serão nossas futuras provas. Como disse Jesus: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.  

A Caridade como Instrumento de Elevação 

A questão 886 de O Livro dos Espíritos define a caridade como o amor em ação, que deve se manifestar em todas as nossas relações. Segundo Kardec, ela vai muito além da esmola: é o exercício contínuo de compreensão, paciência, bondade e fraternidade.  É por meio da troca de experiências e da convivência que crescemos. Recebemos ensinamentos dos mais adiantados e repassamos aos que vêm após nós. Ninguém evolui sozinho. Como diz São Vicente de Paulo na questão 888, cada Espírito está sempre entre um superior que o guia e um inferior a quem deve auxiliar.  

O Que É Eterno e o Que É Transitório 

Tudo o que é bom permanece. O que é verdadeiro e elevado resiste ao tempo: na ciência, na arte, na filosofia e, sobretudo, na moral. Já o mal, por mais que pareça forte em certos momentos, é transitório e acaba servindo de lição. As adversidades são como “sacudidelas divinas” que nos despertam e impulsionam para o bem.  

A Influência dos Pequenos Gestos 

O legado espiritual que deixamos não se restringe a grandes feitos. Está também nas pequenas atitudes: uma palavra amiga, um gesto de compaixão, um olhar acolhedor. Até mesmo o carinho de um animal ou a beleza de uma borboleta nos convida à reflexão e à mudança de pensamentos.  Tudo isso faz parte da pedagogia divina: nada é por acaso. Mesmo os relacionamentos desafiadores — com familiares, amigos ou cônjuges — são oportunidades de crescimento. Cabe a nós transformar as dificuldades em lições de amor, paciência e empatia.  

Plantar Hoje para Colher Amanhã

O mundo se transforma quando cada um de nós melhora. Quando eliminamos um defeito, sentimos alívio e paz, e o mundo também se torna um lugar melhor. Por isso, não devemos adiar nossa transformação interior.  Jesus nos ensinou há dois mil anos:

•  “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito... Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” (Mateus 22:37-39)

•  "Tudo o que quiserdes que os homens vos façam, fazei-o também a eles.” (Mateus 7:12) 

Uma Lição Final 

Conta-se que um ancião de mais de oitenta anos plantava um pessegueiro quando foi interpelado:  

— O senhor espera comer pêssegos dessa árvore?  

Ele respondeu:  

— Não. Em toda a minha vida comi pêssegos plantados por outros. Agora, é minha vez de retribuir. Planto não para mim, mas para os que virão.  

Assim é o bem: quando o praticamos com amor, plantamos árvores cujos frutos talvez nunca vejamos, mas que alimentarão gerações. Cada gesto de bondade é uma semente de luz. O bem que hoje fazemos é uma garantia de felicidade futura, mesmo que não saibamos quando, onde ou como essa felicidade nos alcançará.

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