Foram
cinquenta anos de angustiosa procura.
Adolfo e Antônio, irmãos nascidos no interior de
Pernambuco, perderam o contato na década de 1960, quando deixaram o estado
natal rumo à região Sudeste do Brasil, em busca de melhores oportunidades.
Naquele tempo, os meios de comunicação eram
escassos e difíceis. Embora ambos tenham tentado, ao longo dos anos,
reencontrar-se, todos os esforços foram em vão.
Décadas depois, já aposentado, Adolfo decidiu
retornar ao Nordeste e fixou residência em Maceió, capital de Alagoas. Porém,
em razão de um problema de saúde, foi internado em um hospital da cidade.
No leito vizinho ao seu, um outro senhor também
recebia cuidados médicos.
As enfermeiras logo notaram que os dois pacientes
compartilhavam o mesmo sobrenome e perguntaram a Adolfo se ele conhecia alguém
chamado Antônio.
Esperançoso, ele pediu à filha que perguntasse ao
vizinho de quarto o nome do pai dele.
—
Pedro da Silva — respondeu o homem.
Adolfo sentiu o coração acelerar. Era o nome de seu
pai. Imediatamente, solicitou que alguém fosse à sua casa buscar uma antiga
fotografia de família, onde estavam registrados o pai e os irmãos.
Quando Antônio viu a imagem, lágrimas abundantes
lhe correram pela face. O reconhecimento foi imediato. Não havia mais dúvidas:
os irmãos haviam, finalmente, se reencontrado.
Para surpresa de ambos, descobriram que Antônio
também se mudara para Maceió após a aposentadoria. Moravam há quase dez anos na
mesma cidade, sem sequer imaginar que estavam tão próximos.
—
Passamos tantos anos separados... Foram inúmeras tentativas, todas frustradas.
E agora, de repente, somos internados no mesmo dia, lado a lado. Foi um
reencontro de emoção indescritível, um verdadeiro mistério de Deus —
declarou Adolfo, comovido.
A história real dos irmãos Adolfo e Antônio, que
passaram cinquenta anos separados até se reencontrarem em circunstâncias
extraordinárias, parece, à primeira vista, um caso raro de coincidência.
Contudo, à luz da Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec, compreendemos
que não se trata de acaso, mas sim da sábia e misericordiosa atuação das Leis
Divinas.
Segundo o Espiritismo, tudo o que nos acontece na
vida tem uma razão de ser. Nada é fortuito. O reencontro desses irmãos — após
décadas de busca e sofrimento — revela uma poderosa verdade espiritual: os
laços de afeto não se rompem com o tempo ou a distância, e a Providência Divina
age silenciosamente para reparar, reunir, educar e elevar os espíritos uns com
os outros, no tempo certo.
Laços de
Família e Afinidades Espirituais
Em O Livro dos Espíritos, questões 203 a
222, Allan Kardec trata da filiação espiritual e dos laços familiares. Ele nos
ensina que os Espíritos são reunidos em famílias por afinidade e por provas que
devem viver em conjunto. Muitas vezes, reencontramos, nesta vida, pessoas com
as quais já estivemos ligados em existências anteriores. O afeto ou o desafio
que esses reencontros trazem faz parte do nosso processo de aprendizado e
reparação.
Nesse sentido, o reencontro de Adolfo e Antônio não
é apenas um fato emotivo. É também o reflexo de um planejamento espiritual que,
por motivos que escapam à nossa visão imediata, permitiu que se separassem para
crescer, para buscar, para amadurecer — e, finalmente, para se reencontrarem no
momento justo. O Espiritismo ensina que, por trás de cada "acaso",
age uma causa justa, mesmo que oculta.
O Tempo
de Deus e o Livre-Arbítrio
O acaso, tão frequentemente invocado para explicar
encontros e desencontros, é desmistificado pelo Espiritismo. Em A Gênese,
capítulo XI, item 26, Kardec afirma:
“O
acaso não existe: o que parece acaso aos olhos dos homens é o efeito de leis
que desconhecem.”
Nosso livre-arbítrio nos permite escolher caminhos,
mas sempre sob a égide da lei de causa e efeito. O que fizermos — em palavras,
ações ou intenções — será registrado em nossa consciência e, no devido tempo,
retornará a nós em forma de experiência educativa.
Se os irmãos se desencontraram por décadas, é
possível que tal situação tivesse raízes em escolhas feitas anteriormente,
nesta ou em outras encarnações. Mas o reencontro, repleto de emoção e
reconciliação, mostra que a misericórdia de Deus age para unir corações no
momento propício, permitindo a reaproximação e o reajuste.
A
Providência que Surpreende
Joanna de Ângelis, no capítulo 3 do livro Alerta
(psicografia de Divaldo Franco), nos lembra:
“Imprevisível
é a presença Divina surpreendendo a qualquer falta cometida. Insuspeitável é a
interferência Divina sempre vigilante. Inesperado é a ocorrência Divina
trabalhando pela ordem.”
Essas palavras ecoam na experiência vivida por
Adolfo e Antônio. O reencontro deles, aparentemente improvável, foi preparado
pela Espiritualidade maior como uma lição viva de que nada está perdido, de que
o tempo não anula os laços verdadeiros, e de que a Divina Justiça — temperada pela
Misericórdia — sempre opera silenciosamente por trás dos bastidores da vida.
Conclusão:
O Mistério Amoroso da Vida
Histórias como essa nos convidam a refletir sobre a
vastidão da vida e sobre a inteligência que rege o universo. O Espiritismo nos
mostra que somos Espíritos imortais em contínua evolução e que a existência na
Terra é apenas um capítulo de uma jornada eterna.
A separação, os desafios, as dificuldades
familiares, tudo tem um propósito. A Justiça Divina jamais se esquece de nenhum
de seus filhos. O reencontro de dois irmãos que viveram décadas separados e se
encontraram, lado a lado, em um hospital, revela o amor de Deus em ação — nos
detalhes, nas coincidências que não são meras coincidências, nas surpresas que
tocam fundo a alma.
Nada acontece por acaso. E, quando o reencontro acontece, é porque o coração já está pronto para reatar o fio da eternidade que une todos os seres pela força do amor.
Referências DoutrináriasKARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Questões 203 a 222 – Laços de Família e Reencarnação.
KARDEC, Allan. A Gênese. Capítulo XI – Gênese Espiritual, item 26.
KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Segunda Parte – Exemplos, reencarnação e reconciliações.
FRANCO, Divaldo P. Alerta, pelo Espírito Joanna de Ângelis. Capítulo 3. Salvador: LEAL.
Com base em artigo no site: https://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=5328&let=&stat=0
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