A
incessante busca da ciência por desvendar os mistérios da vida levou à hipótese
da clonagem humana. À luz da Doutrina Espírita – codificada por Allan Kardec e
aprofundada em obras como O Livro dos Espíritos, A Gênese e na
coleção Revista Espírita (1858–1869) – tal possibilidade exige reflexão
sobre o verdadeiro papel do Espírito na formação da vida e os limites éticos
que devem nortear a pesquisa.
1. A clonagem segundo alguns pesquisadores
espíritas
Pesquisadores
espíritas consideram a clonagem humana uma “utopia patética”, uma vez que a
manipulação científica, nesses moldes, contraria leis superiores. Afirmam que a
clonagem verdadeira é realizada no plano espiritual, dentro da lei natural, e
que a tecnologia científica não alcançará esse domínio em curto prazo, por
causa de entraves técnicos, éticos e legais.
Ainda
que se conseguisse clonar um ser humano, surgiria uma questão fundamental: por
que indivíduos geneticamente idênticos apresentam personalidades diferentes? A
resposta espírita é clara: cada corpo recebe um Espírito único, distinto, o que
garante a singularidade de cada ser.
Nesse
sentido, os gêmeos univitelinos já demonstram essa realidade. Embora tenham a
mesma carga genética, cada um revela características próprias em virtude de
fatores ambientais, experiências distintas e, sobretudo, pela individualidade
espiritual que os anima.
2. A visão da Doutrina Espírita sobre ciência e
progresso
Allan
Kardec destacou que o Espiritismo caminha lado a lado com o progresso
científico, disposto a revisar seus ensinamentos à luz de novas descobertas. Em
A Gênese, lemos:
“O Espiritismo,
marchando lado a lado com o progresso da ciência, jamais será ultrapassado; se
uma nova verdade se revelar, ele a aceitará.”
Assim,
a Doutrina Espírita não teme a ciência, mas a reconhece como instrumento do
progresso humano, desde que vinculada à moral e ao respeito à vida.
3. O Espírito na formação corporal — Doutrina Espírita
e clonagem
3.1. Cada corpo clonado acolhe um Espírito
único
O Espiritismo ensina que o DNA ou o genoma não
determinam o Espírito. Mesmo em organismos geneticamente iguais, como no caso
de gêmeos univitelinos ou de animais clonados, a individualidade é assegurada
pela presença de Espíritos distintos.
A experiência da ovelha Dolly mostrou diferenças
fenotípicas e comportamentais em relação ao animal doador, reforçando que é o
Espírito quem dá a vida e conduz a personalidade.
3.2. Magnetismo e afinidade espiritual
Kardec explica, em A Gênese, que o Espírito
se liga ao corpo por meio de um laço fluídico — o perispírito —, que organiza,
sustenta e protege a matéria física. Esse processo de atração ocorre por
afinidade fluídica e magnética, e não pela carga genética em si. Assim, ainda
que corpos clonados sejam viáveis, apenas Espíritos em sintonia poderão
animá-los.
3.3. A clonagem como palco de esclarecimento
espiritual
Diversos autores espíritas entendem que a clonagem
poderá contribuir para a ciência reconhecer que a vida não é apenas biológica.
Mesmo que surjam corpos geneticamente idênticos, as diferenças de consciência,
caráter e individualidade revelarão a atuação do Espírito. Esse campo de estudo
poderá, portanto, abrir novas reflexões sobre a sobrevivência da alma e o papel
do Espírito na formação do ser.
4. Ética e responsabilidade espiritual na
biotecnologia
4.1. Respeito à vida
A Doutrina Espírita enfatiza que todo avanço
científico deve estar comprometido com o respeito incondicional à vida.
Técnicas que envolvam destruição de embriões, manipulação irresponsável ou
experimentos sem ética atentam contra as leis divinas que regem a reencarnação.
4.2. O Espírito como guia do progresso moral
A biotecnologia só será benéfica quando aliada ao
progresso moral. A clonagem terapêutica, quando voltada ao bem coletivo, pode
ser considerada válida, desde que respeite os princípios da solidariedade, da
responsabilidade e das leis espirituais. O verdadeiro progresso não se limita à
técnica: precisa caminhar em conjunto com a ética e a espiritualidade.
5. Conclusão — Espiritualidade acima da genética
A
clonagem humana, no campo científico, pode um dia ser concretizada. No entanto,
segundo a Doutrina Espírita, o verdadeiro milagre da vida está na individualidade
do Espírito. Cada ser, ainda que gerado por clonagem, será habitado por um
Espírito distinto, com sua própria história e jornada evolutiva.
Portanto,
a clonagem não ameaça a visão espiritualista da vida. Ao contrário, poderá
servir como prova de que a consciência transcende a matéria, reforçando a
certeza de que a vida não se reduz ao código genético.
Referências
- KARDEC, Allan. A
Gênese. Sobre progresso científico e ligação espírito-corpo.
Disponível em: Portal do Espírito.
- KARDEC, Allan. O
Livro dos Espíritos. Princípios sobre progresso e espiritualidade.
Disponível em: Curso de Espiritismo; Wikipédia.
- Portal do Espírito.
Clonagem: e o Espírito? Explicações sobre clonagem, perispírito e
fenomenologia espírita. Disponível em: Portal do Espírito.
- Portal do Espírito.
Clonagem — Um Problema ou uma Solução? Diferenças entre gêmeos e
clones. Disponível em: Portal do Espírito.
- Portal do Espírito.
O clone tem alma? Reflexões sobre magnetismo e ligação espiritual.
Disponível em: Portal do Espírito.
- ALEXANDRE, Carlos. O
Espiritismo e as questões éticas da biotecnologia. Disponível em: Letra Espírita.
- DAHER, Jorge C. Os
avanços da Biologia perante o Espiritismo. Disponível em: Com Kardec.
- ROSSI, Marlene.
Reportagem sobre Dolly — afirmação de que clones possuem alma distinta e
perispírito atuante. Disponível em: ComCiência.
- OLIVEIRA, Sérgio
Felipe. Clonagem e Espiritualidade. Disponível em: Espiritualidades.com.br.
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