Introdução
O
Espiritismo nos convida a compreender os recursos que Deus concede para o
alívio das dores humanas e o progresso espiritual da humanidade. Entre esses
recursos, encontra-se a prática dos passes e da fluidificação da água,
expressões da caridade em ação, pelas quais o ser humano pode doar e receber
energias que auxiliam no reequilíbrio físico, psíquico e espiritual.
Na
Codificação Espírita, Allan Kardec estuda o magnetismo e seus desdobramentos em
O Livro dos Médiuns e em A Gênese, sempre ressaltando a influência
dos Espíritos na ação magnética humana. A Revista Espírita registra
diversos casos de curas e alívios obtidos por meio dessa interação entre
encarnados e desencarnados.
Dessa
forma, a fluidoterapia espírita não se apoia em rituais exteriores, mas
na força moral, no pensamento elevado e na ação conjunta dos bons Espíritos, em
nome de Jesus.
O Passe: imposição das mãos e transfusão de
energias
Jesus,
durante sua passagem pela Terra, curou impondo as mãos e transmitindo a força
de seu amor divino. Os Evangelhos narram diversas situações em que cegos,
paralíticos e enfermos foram restaurados, não apenas pela energia que dele
fluía, mas pela fé sincera dos que o buscavam (Marcos 5:23).
A
Doutrina Espírita nos mostra que essa faculdade não foi privilégio exclusivo do
Cristo, mas pode ser exercida, em menor grau, por todos que desejem servir ao
bem. Kardec explica que a ação magnética pode se dar de três formas (O Livro
dos Médiuns, item 176):
- Magnetismo humano — emissão dos
próprios fluidos do passista.
- Magnetismo
espiritual
— ação direta dos Espíritos benfeitores.
- Magnetismo misto — combinação entre
os fluidos humanos e espirituais.
Assim,
o passe espírita é mais do que uma transfusão de energias: é uma doação
de amor, sustentada pela oração e pela sintonia com o mundo espiritual
superior.
O Papel do Perispírito e a Gênese das Doenças
O
Espírito, ao reencarnar, se liga ao corpo físico por meio do perispírito,
que é o corpo fluídico intermediário. É nesse envoltório que se registram as
impressões da mente e os reflexos das condutas morais.
Em A
Gênese, Kardec explica que “o
perispírito é o agente de transmissão de todas as sensações” (cap. XIV).
Por isso, desequilíbrios mentais e morais — como ódio, mágoa e vícios
persistentes — podem gerar desarmonias fluídicas, que repercutem no corpo
físico em forma de doenças.
O
passe atua exatamente nesse nível intermediário, auxiliando a recomposição das
energias, dispersando fluidos deletérios e favorecendo o restabelecimento do
equilíbrio orgânico.
Fluidificação da Água
A
água, em sua constituição simples, pode receber a impregnação de fluidos
benéficos pela ação do pensamento e pela assistência dos Espíritos. Essa
prática é descrita na Codificação e exemplificada em inúmeras experiências
narradas na Revista Espírita.
Kardec
afirma que os fluidos espirituais podem modificar as propriedades da água,
tornando-a veículo de elementos salutares (A Gênese, cap. XIV, item 31).
A fluidificação, portanto, é um ato de cooperação entre encarnados e
desencarnados, que, pela prece sincera, fazem da água um medicamento espiritual
acessível a todos.
Condições do Passista e do Paciente
A
eficiência do passe depende, sobretudo, da qualidade moral do passista.
Kardec lembra em Obras Póstumas que “o
homem de bem depura o seu fluido, tornando-o mais benéfico e reparador”.
Assim,
ao passista é recomendado:
- vida equilibrada e
sóbria;
- fé em Deus e
confiança no auxílio espiritual;
- prática da oração
antes do serviço;
- disciplina e
esforço de autossuperação.
Quanto
ao paciente, sua maior colaboração é a fé raciocinada e o desejo sincero
de transformação moral. Sem essa disposição interior, o auxílio recebido pode
ser apenas temporário.
A Caridade como Essência
Todo
recurso fluidoterápico é expressão da caridade. O passe e a água fluidificada
não substituem o tratamento médico, mas o complementam, pois o Espiritismo
reconhece que a ciência humana é também instrumento divino para a cura.
Mais
do que técnica, a fluidoterapia é exercício de amor, continuidade do
ministério de Jesus, que nos disse: “De graça recebestes, de graça dai”
(Mateus 10:8).
Conclusão
A
fluidoterapia espírita, seja pelo passe ou pela água fluidificada, é recurso de
socorro e renovação que Deus concede à humanidade. Fundamentada no Evangelho de
Jesus e na Codificação Espírita, constitui-se em prática de auxílio fraterno,
que não exige rituais exteriores, mas apenas fé, amor e desejo sincero de
servir.
É
dever do espírita estudar esses recursos, praticá-los com humildade e
aplicá-los sempre em consonância com a caridade cristã, lembrando que a
verdadeira cura começa pela transformação moral do ser.
Referências
- KARDEC, Allan. O
Livro dos Espíritos.
- KARDEC, Allan. O
Livro dos Médiuns.
- KARDEC, Allan. A
Gênese.
- KARDEC, Allan. O
Evangelho segundo o Espiritismo.
- KARDEC, Allan. Obras
Póstumas.
- KARDEC, Allan. Revista
Espírita (1858-1869).
- CURTI, Rino. O
Passe.
- FRANCO, Divaldo P., Psicografado por, mensagem de
Joanna de Ângelis.
- XAVIER, Francisco
Cândido. Missionários da Luz. Pelo Espírito André Luiz.
- FRANCO, Divaldo P. O
Passe: estudo e prática.
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