sexta-feira, 15 de agosto de 2025

A FLUIDOTERAPIA À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA
- A Era do Espírito -

Introdução

O Espiritismo nos convida a compreender os recursos que Deus concede para o alívio das dores humanas e o progresso espiritual da humanidade. Entre esses recursos, encontra-se a prática dos passes e da fluidificação da água, expressões da caridade em ação, pelas quais o ser humano pode doar e receber energias que auxiliam no reequilíbrio físico, psíquico e espiritual.

Na Codificação Espírita, Allan Kardec estuda o magnetismo e seus desdobramentos em O Livro dos Médiuns e em A Gênese, sempre ressaltando a influência dos Espíritos na ação magnética humana. A Revista Espírita registra diversos casos de curas e alívios obtidos por meio dessa interação entre encarnados e desencarnados.

Dessa forma, a fluidoterapia espírita não se apoia em rituais exteriores, mas na força moral, no pensamento elevado e na ação conjunta dos bons Espíritos, em nome de Jesus.

O Passe: imposição das mãos e transfusão de energias

Jesus, durante sua passagem pela Terra, curou impondo as mãos e transmitindo a força de seu amor divino. Os Evangelhos narram diversas situações em que cegos, paralíticos e enfermos foram restaurados, não apenas pela energia que dele fluía, mas pela fé sincera dos que o buscavam (Marcos 5:23).

A Doutrina Espírita nos mostra que essa faculdade não foi privilégio exclusivo do Cristo, mas pode ser exercida, em menor grau, por todos que desejem servir ao bem. Kardec explica que a ação magnética pode se dar de três formas (O Livro dos Médiuns, item 176):

  1. Magnetismo humano — emissão dos próprios fluidos do passista.
  2. Magnetismo espiritual — ação direta dos Espíritos benfeitores.
  3. Magnetismo misto — combinação entre os fluidos humanos e espirituais.

Assim, o passe espírita é mais do que uma transfusão de energias: é uma doação de amor, sustentada pela oração e pela sintonia com o mundo espiritual superior.

O Papel do Perispírito e a Gênese das Doenças

O Espírito, ao reencarnar, se liga ao corpo físico por meio do perispírito, que é o corpo fluídico intermediário. É nesse envoltório que se registram as impressões da mente e os reflexos das condutas morais.

Em A Gênese, Kardec explica que “o perispírito é o agente de transmissão de todas as sensações” (cap. XIV). Por isso, desequilíbrios mentais e morais — como ódio, mágoa e vícios persistentes — podem gerar desarmonias fluídicas, que repercutem no corpo físico em forma de doenças.

O passe atua exatamente nesse nível intermediário, auxiliando a recomposição das energias, dispersando fluidos deletérios e favorecendo o restabelecimento do equilíbrio orgânico.

Fluidificação da Água

A água, em sua constituição simples, pode receber a impregnação de fluidos benéficos pela ação do pensamento e pela assistência dos Espíritos. Essa prática é descrita na Codificação e exemplificada em inúmeras experiências narradas na Revista Espírita.

Kardec afirma que os fluidos espirituais podem modificar as propriedades da água, tornando-a veículo de elementos salutares (A Gênese, cap. XIV, item 31). A fluidificação, portanto, é um ato de cooperação entre encarnados e desencarnados, que, pela prece sincera, fazem da água um medicamento espiritual acessível a todos.

Condições do Passista e do Paciente

A eficiência do passe depende, sobretudo, da qualidade moral do passista. Kardec lembra em Obras Póstumas que “o homem de bem depura o seu fluido, tornando-o mais benéfico e reparador”.

Assim, ao passista é recomendado:

  • vida equilibrada e sóbria;
  • fé em Deus e confiança no auxílio espiritual;
  • prática da oração antes do serviço;
  • disciplina e esforço de autossuperação.

Quanto ao paciente, sua maior colaboração é a fé raciocinada e o desejo sincero de transformação moral. Sem essa disposição interior, o auxílio recebido pode ser apenas temporário.

A Caridade como Essência

Todo recurso fluidoterápico é expressão da caridade. O passe e a água fluidificada não substituem o tratamento médico, mas o complementam, pois o Espiritismo reconhece que a ciência humana é também instrumento divino para a cura.

Mais do que técnica, a fluidoterapia é exercício de amor, continuidade do ministério de Jesus, que nos disse: “De graça recebestes, de graça dai” (Mateus 10:8).

Conclusão

A fluidoterapia espírita, seja pelo passe ou pela água fluidificada, é recurso de socorro e renovação que Deus concede à humanidade. Fundamentada no Evangelho de Jesus e na Codificação Espírita, constitui-se em prática de auxílio fraterno, que não exige rituais exteriores, mas apenas fé, amor e desejo sincero de servir.

É dever do espírita estudar esses recursos, praticá-los com humildade e aplicá-los sempre em consonância com a caridade cristã, lembrando que a verdadeira cura começa pela transformação moral do ser.

Referências

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.
  • KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns.
  • KARDEC, Allan. A Gênese.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo.
  • KARDEC, Allan. Obras Póstumas.
  • KARDEC, Allan. Revista Espírita (1858-1869).
  • CURTI, Rino. O Passe.
  • FRANCO,  Divaldo P., Psicografado por, mensagem de Joanna de Ângelis.
  • XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da Luz. Pelo Espírito André Luiz.
  • FRANCO, Divaldo P. O Passe: estudo e prática.

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