sábado, 30 de agosto de 2025

A FORÇA DO EXEMPLO
- A Era do Espírito -

Introdução

O exemplo é uma das forças mais sutis e, ao mesmo tempo, mais poderosas que influenciam a vida humana. Ele transcende o discurso, sobrevive às palavras e molda consciências. Já dizia Allan Kardec que "os Espíritos se reconhecem pela linguagem" (O Livro dos Médiuns, cap. XXIV), mas também — e principalmente — pelos atos que confirmam essa linguagem.

Seja na educação das crianças, na convivência social ou na vida moral, o exemplo se revela como um testemunho vivo. A Doutrina Espírita nos ensina que a verdadeira autoridade moral não se conquista pelo título ou pela imposição, mas pela coerência entre o que se ensina e o que se pratica.

O episódio narrado em uma rua da Alemanha, no qual uma senhora chama a atenção de dois brasileiros por atravessarem fora da faixa de pedestres diante de uma criança, é um retrato desse princípio universal: a pedagogia do exemplo. A senhora, mesmo sem conhecer aqueles homens, compreendeu que sua atitude poderia comprometer a educação moral da criança que a acompanhava.

Neste artigo, à luz das obras de Allan Kardec e da literatura complementar do Espiritismo, refletiremos sobre a importância do exemplo como instrumento de transformação moral e social.

1. O exemplo como pedagogia da vida

A educação, segundo os Espíritos superiores, não se resume à instrução intelectual. Em O Livro dos Espíritos, questão 685, ensinam que “a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos”. Isso significa que a formação moral depende, em larga medida, da convivência e da observação prática.

Ora, não é pelo que se diz, mas pelo que se vive que os hábitos se fixam. Pais que mentem, ainda que para se esquivar de uma multa de trânsito, ensinam desonestidade. Adultos que desrespeitam as leis diante das crianças gravam nelas o germe da indisciplina.

2. O exemplo na missão dos pais e educadores

Em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. XIV, item 9), os Espíritos ressaltam a missão dos pais como um verdadeiro encargo divino. Educar é formar caráter, e nisso o exemplo desempenha papel insubstituível.

A criança observa mais do que escuta. Ela aprende com o gesto, com a repetição do hábito e com a coerência entre a palavra e a ação. É por isso que o Espírito de Verdade, em diversas mensagens da Revista Espírita, reforça que o exemplo moral é a mais alta forma de autoridade espiritual.

3. O exemplo e a autoridade moral

Kardec, em O Livro dos Médiuns (cap. XXIX), afirma que a autoridade moral é condição essencial para a prática mediúnica séria. Esse princípio, porém, aplica-se a toda a vida. Quem deseja orientar, corrigir ou educar, só terá real força se viver aquilo que aconselha.

Os maus exemplos são sementes de corrupção que, uma vez lançadas, multiplicam-se no campo da vida social. É assim que o desrespeito à lei de trânsito, aparentemente um ato simples, pode gerar tragédias e infelicidades coletivas.

4. O exemplo como agente de regeneração

A humanidade caminha, segundo a Doutrina Espírita, rumo a uma era de regeneração. Em A Gênese (cap. XVIII), Kardec explica que a transformação do mundo depende essencialmente da transformação moral dos indivíduos.

Ora, essa mudança não se fará apenas por discursos religiosos ou doutrinários, mas pelo exemplo renovador de homens e mulheres que vivem com honestidade, responsabilidade e amor ao próximo.

Um gesto simples, como respeitar a faixa de pedestres, pode parecer banal, mas é justamente na vida cotidiana que se revela o caráter.

Conclusão

O exemplo é uma força educativa silenciosa, mas poderosa. Ele forma consciências, edifica hábitos e constrói futuros. A Doutrina Espírita nos recorda que a verdadeira moral não está no discurso, mas na vivência.

Se desejamos um mundo melhor, mais justo e mais fraterno, é urgente que cada um assuma sua parcela de responsabilidade, oferecendo àqueles que nos observam — especialmente às crianças — o testemunho de uma vida coerente com os valores que pregamos.

Assim, como ensinava Jesus: “Brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras” (Mateus 5:16).

Referências

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1ª ed. 1857.
  • KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 1ª ed. 1861.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 1ª ed. 1864.
  • KARDEC, Allan. A Gênese. 1ª ed. 1868.
  • KARDEC, Allan. Revista Espírita (1858-1869). Diversos números.
  • KARDEC, Allan. Obras Póstumas. 1890.
  • Momento Espírita. A Força do Exemplo. Disponível em: momento.com.br.

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