sexta-feira, 15 de agosto de 2025

 

A MEDIUNIDADE AUDITIVA E O CHAMADO DO INVISÍVEL
REFLEXÕES À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA
- A Era do Espírito -

Introdução

Muitas pessoas já relataram uma experiência curiosa e impactante: ouvir nitidamente o próprio nome sendo chamado, sem que exista uma fonte física identificável. Esse fenômeno, aparentemente simples, provoca surpresa, inquietação e até mesmo receio em quem o vivencia.

À primeira vista, é sempre necessário verificar explicações materiais. Um som externo, um aparelho eletrônico ou ruídos vindos da vizinhança podem justificar o ocorrido. Contudo, quando tais manifestações se repetem com nitidez e persistência, surge a necessidade de investigar uma dimensão além do plano físico.

A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec a partir de 1857, oferece explicações claras e racionais sobre esses acontecimentos. O fenômeno em questão insere-se no campo da mediunidade auditiva, ou clariaudiência, faculdade natural do Espírito encarnado que permite a percepção de sons e vozes originados do mundo espiritual.

A mediunidade auditiva na Codificação Espírita

Em O Livro dos Médiuns, capítulo XIV, Allan Kardec descreve a existência dos médiuns auditivos, capazes de ouvir vozes ou sons vindos de Espíritos. Ele explica que essa faculdade pode manifestar-se de forma esporádica ou contínua, variando conforme a sensibilidade de cada indivíduo.

Na Revista Espírita de abril de 1859, Kardec relata comunicações obtidas por médiuns auditivos que ouviam nitidamente palavras e orientações de Espíritos. Esses registros mostram que o fenômeno não é mera ilusão, mas sim uma faculdade legítima da alma humana, sujeita às mesmas leis universais que regem todas as manifestações mediúnicas.

O Codificador ressalta ainda a importância do discernimento. Nem toda voz ouvida é expressão de Espíritos elevados. Assim como ocorre em outros tipos de mediunidade, a sintonia moral do médium exerce papel fundamental para determinar a qualidade dos Espíritos que se aproximam.

Vozes espirituais: entre auxílio e aprendizado

Quando alguém ouve frequentemente uma voz chamando seu nome, pode estar em contato com Espíritos amigos, mentores ou protetores espirituais que buscam atrair sua atenção para determinada orientação ou advertência.

No entanto, a experiência também pode envolver Espíritos necessitados, que recorrem ao médium em busca de auxílio. Emmanuel, no livro O Consolador, adverte que toda faculdade mediúnica é concedida com vistas ao serviço fraterno e à edificação moral do próprio médium. Nesse sentido, ouvir vozes não deve ser visto como motivo de temor, mas como oportunidade de aprendizado e responsabilidade.

Kardec também alerta contra os riscos da fascinação ou da obsessão, quando Espíritos inferiores se aproveitam da sensibilidade mediúnica para enganar ou perturbar. Por isso, recomenda-se estudo constante, vigilância e prática do Evangelho como sustentação moral.

O propósito maior da faculdade

A Doutrina Espírita ensina que nenhuma faculdade é concedida sem finalidade útil. A mediunidade auditiva, como qualquer outra, é uma ferramenta de crescimento espiritual, cuja utilidade depende da forma como é conduzida.

Quando aliada ao estudo, à prece e à prática do bem, torna-se um canal de luz, possibilitando ao médium ser intermediário de mensagens de consolo, orientação e esclarecimento.

Assim, ouvir vozes não é apenas uma experiência estranha ou perturbadora. É, na verdade, um chamado do invisível que convida o ser humano a ampliar sua percepção da vida, reconhecendo que a existência vai muito além dos limites da matéria.

Conclusão

O fenômeno de ouvir vozes sem origem física, longe de ser apenas um acontecimento curioso, insere-se no campo da mediunidade auditiva, reconhecida e estudada pela Doutrina Espírita desde os tempos de Allan Kardec.

Trata-se de uma faculdade natural do Espírito, cuja finalidade essencial é servir ao bem e ao progresso, tanto daquele que a possui quanto dos que podem ser auxiliados por meio dela.

O Espiritismo nos mostra que todo dom espiritual é uma oportunidade de serviço e de evolução, cabendo a cada um utilizá-lo com responsabilidade, discernimento e amor.

Referências

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 2. ed. FEB.
  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 2. ed. FEB.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 2. ed. FEB.
  • KARDEC, Allan. Revista Espírita (1858-1869). Diversos números.
  • KARDEC, Allan. Obras Póstumas. FEB.
  • XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. FEB.
  • XAVIER, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. FEB.

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