sexta-feira, 15 de agosto de 2025

CIÊNCIA E ESPIRITISMO REFLEXÕES
À LUZ DA CODIFICAÇÃO ESPÍRITA
- A Era do Espírito -

Introdução

Desde sua origem, o Espiritismo se apresentou como uma doutrina de tríplice aspecto: ciência, filosofia e moral. Essa característica foi destacada por Allan Kardec em diversas passagens de O Livro dos Espíritos (1857) e reafirmada ao longo das edições da Revista Espírita (1858-1869), onde os fenômenos eram analisados com espírito crítico, rigor metodológico e abertura à investigação racional.

Os comentários que se apresentam tocam em pontos centrais dessa relação entre ciência e Espiritismo, a busca de clareza sobre o mundo espiritual e a necessidade de estudos sérios e imparciais. Além disso, surge a questão da compreensão do Espiritismo em seus diferentes aspectos, especialmente no ambiente acadêmico, como no caso de quem inicia seus estudos em relações internacionais e cultura religiosa.

Este artigo busca responder a essas reflexões em três blocos:

1. Ciência e Espiritismo: O Campo de Investigação

O Espiritismo nasceu da observação de fatos, e não de especulações. Kardec deixou claro que sua posição era a de um investigador diante de fenômenos então conhecidos como “mesas girantes” ou manifestações inteligentes. Ao aplicar método, controle das comunicações e comparação universal, ele transformou um conjunto de curiosidades em objeto de ciência.

Na Revista Espírita, Kardec registra experiências, descreve fenômenos e analisa hipóteses com serenidade. Sempre insistiu que o Espiritismo não era contrário à ciência, mas seu prolongamento em direção ao invisível. Em A Gênese, capítulo I, afirma:

“O Espiritismo e a Ciência se completam reciprocamente; a Ciência, sem o Espiritismo, se vê impotente para explicar certos fenômenos, e o Espiritismo, sem a Ciência, não teria apoio e controle.”

Assim, quando se pergunta sobre a “ciência espírita”, é preciso lembrar que ela não é uma ciência laboratorial no sentido estrito, mas uma ciência de observação dos fenômenos da alma e das relações entre os dois mundos.

2. O Mundo Espiritual e o Conhecimento Progressivo

É verdade que a Doutrina Espírita não detalha em minúcias as leis íntimas do mundo espiritual. Kardec foi prudente nesse ponto, limitando-se ao que pôde ser confirmado pela universalidade do ensino dos Espíritos.

Obras complementares, como a série de André Luiz (Nosso Lar, Evolução em Dois Mundos, entre outras), trouxeram mais descrições. Contudo, como ensina a própria Codificação, essas informações devem ser lidas como estudos complementares, nunca como substitutos do núcleo doutrinário. Kardec advertiu na Revista Espírita de 1861:

“É preciso distinguir o que pertence à doutrina estabelecida do que são opiniões pessoais ou revelações de caráter secundário.”

Portanto, mesmo que André Luiz ofereça valiosas reflexões sobre biologia espiritual e evolução, não podemos exigir dele a clareza de uma obra científica terrestre, mas compreendê-lo como colaborador do progresso da ideia espírita.

3. O Estudo Científico dos Fenômenos Paranormais

O comentário sobre a necessidade de estudo científico sério é oportuno. O Espiritismo nasceu nesse espírito de seriedade, mas enfrentou desde o início críticas e preconceitos. Kardec propôs critérios: controle, repetição, análise moral da mensagem e universalidade do ensino.

Hoje, há grupos universitários, institutos e pesquisadores independentes que se debruçam sobre os fenômenos da consciência, experiências de quase-morte, mediunidade e transcomunicação. Embora muitos não se declarem espíritas, trabalham num campo próximo, contribuindo para que a ciência oficial se aproxime do que Kardec já sinalizava no século XIX.

4. O Espiritismo em seus Vários Aspectos

Para quem se inicia no estudo, como o estudante de Relações Internacionais, é essencial compreender que o Espiritismo não é apenas religião, nem apenas ciência ou filosofia. É um corpo doutrinário que integra essas três dimensões:

  • Aspecto científico: investiga os fenômenos mediúnicos e espirituais.
  • Aspecto filosófico: reflete sobre a origem, destino e sentido da vida.
  • Aspecto moral (ou ético-espiritual): aplica o Evangelho de Jesus como norma de conduta e progresso do Espírito.
  • Aspecto social: inspira solidariedade, responsabilidade e transformação moral da humanidade.

5. Indicações Bibliográficas e Fontes de Estudo

Para estudo sistemático e seguro, recomenda-se iniciar sempre pelas obras de Kardec:

·         O Livro dos Espíritos (1ª ed. 1857- 2ª ed. 1860)

·         Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos (1858 à 1869)

·         Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas (1858)

·         O Que é o Espiritismo (1859)

·         O Livro dos Médiuns (1861)

·         O Espiritismo na sua mais Simples Expressão (1862)

·         Viagem Espírita em 1862 (1862)

·         Resposta à Mensagem dos Espíritas Lioneses por Ocasião do Ano Novo (1862)

·         O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864)

·         Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas, ou Primeira Iniciação (1864)

·         Coleção de Composições Inéditas (1865)

·         O Céu e o Inferno (1865)

·         Coleção de Preces Espíritas (1865)

·         Estudo Acerca da Poesia Medianímica (1867)

·         Caracteres da Revelação Espírita (1868)

·         A Gênese (1868)

·         Catálogo Racional das Obras para se Fundar uma Biblioteca Espírita (1869)

·         Obras Póstumas (1890)

Algumas Obras Complementares:

  • Emmanuel – A Caminho da Luz
  • André Luiz – Nosso Lar, Evolução em Dois Mundos
  • Léon Denis – O Problema do Ser, do Destino e da Dor

Conclusão

O Espiritismo, desde Kardec, mantém sua essência como ciência de observação, filosofia de consequências e moral de aperfeiçoamento. Se por um lado não nos oferece manuais técnicos do além, por outro abre caminho para que ciência e espiritualidade caminhem juntas.

Ao responder às questões apresentadas, vemos que:

  • A ciência espírita existe como método de estudo dos fenômenos da alma.
  • O conhecimento do mundo espiritual é progressivo e prudente.
  • A pesquisa séria dos fenômenos paranormais continua sendo um desafio atual.
  • O Espiritismo deve ser compreendido em sua integridade: científico, filosófico, moral e social.

Assim, permanece atual a advertência de Kardec na Revista Espírita de 1868:

“O Espiritismo não fecha a porta a nenhum progresso; pelo contrário, ele o provoca e sustenta.”

Referências

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1857.
  • KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 1861.
  • KARDEC, Allan. A Gênese. 1868.
  • KARDEC, Allan. Revista Espírita (1858-1869).
  • DENIS, Léon. O Problema do Ser, do Destino e da Dor.
  • XAVIER, Francisco Cândido (pelo Espírito Emmanuel). A Caminho da Luz.
  • XAVIER, Francisco Cândido (pelo Espírito André Luiz). Nosso Lar; Evolução em Dois Mundos.

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