quarta-feira, 13 de agosto de 2025

A VISÃO ESPÍRITA SOBRE A DEMOCRACIA
SEGUNDO A DOUTRINA ESPÍRITA
- A Era do Espírito -

Introdução

No pensamento espírita, a democracia não é apenas uma forma de governo baseada na participação popular; ela se apresenta como expressão prática de princípios morais universais, alinhados às Leis Naturais reveladas pela Doutrina Espírita. O Espiritismo, ao tratar das relações sociais e políticas, vê a democracia como instrumento de progresso moral e intelectual, capaz de promover o respeito aos direitos individuais, a busca pelo bem comum e a valorização da dignidade humana.

Essa perspectiva está ancorada no entendimento de que a evolução do ser humano é tanto espiritual quanto social. A liberdade, a igualdade e a fraternidade, fundamentos democráticos, correspondem a leis divinas que orientam o destino coletivo, conduzindo a humanidade à regeneração moral.

A Democracia como Instrumento de Progresso

Liberdade e Responsabilidade

Segundo a Doutrina Espírita, a liberdade de pensamento e de ação é condição essencial para o desenvolvimento moral. O Espiritismo incentiva o exercício consciente da cidadania, entendendo que a liberdade, para ter valor real, deve caminhar junto com a responsabilidade. Como afirma O Livro dos Espíritos (questões 872 e 873), a liberdade é dom divino que se manifesta no uso do livre-arbítrio, mas exige que o homem responda por seus atos perante a consciência e as leis morais.

Bem Comum

O pensamento espírita enfatiza que decisões políticas devem visar o interesse coletivo, e não privilégios de grupos ou indivíduos. Em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. XI), encontramos que amar o próximo é buscar, ativamente, o bem-estar de todos, incluindo na esfera social e política.

Justiça e Igualdade

Para o Espiritismo, uma sociedade justa é aquela em que todos têm direitos e oportunidades respeitados. Em A Lei de Igualdade (O Livro dos Espíritos, questões 803 a 806), está claro que a desigualdade social, quando sustentada por abusos e privilégios, é contrária às leis divinas, e que a verdadeira justiça repousa no reconhecimento da dignidade comum a todos os Espíritos.

Transformação Moral

A participação política é vista como campo de aprendizado e aperfeiçoamento. A democracia, nessa ótica, não se reduz ao voto, mas é espaço de educação moral, onde o indivíduo, ao contribuir para o coletivo, transforma-se a si mesmo.

A Democracia e os Princípios Espíritas

Reencarnação

A reencarnação, fundamento da Doutrina Espírita, amplia a responsabilidade individual. Saber que cada ato tem consequências para o futuro, nesta e em outras existências, leva o cidadão a adotar decisões mais prudentes e éticas, inclusive no campo político (O Livro dos Espíritos, questões 167 a 170).

Lei do Amor

O amor ao próximo é lei universal (O Livro dos Espíritos, questão 886) e deve nortear toda escolha política. Políticas públicas, leis e ações governamentais precisam ter como objetivo o bem-estar de todos, sem exclusões.

Comunicação com os Espíritos

O Espiritismo reconhece a possibilidade de obter, por meio da mediunidade, orientações morais para a vida social, desde que pautadas pela razão e pela caridade (O Livro dos Médiuns, cap. XXXI). Essa inspiração espiritual não substitui o julgamento humano, mas pode auxiliar na compreensão mais elevada do bem comum.

O Papel do Espírita na Democracia

Cidadania Ativa

O espírita é convidado a participar ativamente da vida pública, apoiando propostas e candidatos que defendam honestidade, transparência e respeito aos direitos humanos (O Livro dos Espíritos, questão 642).

Respeito à Diversidade

A Doutrina Espírita valoriza o princípio evangélico do “não julgueis” e convida ao conhecimento de si mesmo como base para o respeito ao próximo, independentemente de gênero, etnia, cor ou orientação sexual. Reconhece que a pluralidade é expressão da sabedoria divina e que a verdadeira inclusão nasce da compreensão e da fraternidade.

Não ao Sectarismo

O Espiritismo não se vincula a partidos políticos (Obras Póstumas, “Conselhos sobre a Política”), mas incentiva que seus adeptos trabalhem pela elevação moral da sociedade, sem perder de vista os valores universais que a Doutrina preconiza.

Conclusão

Para o Espiritismo, a democracia é mais que um regime político: é um reflexo da Lei de Progresso, instrumento que auxilia a humanidade a trilhar o caminho da regeneração moral. Ao unir liberdade, justiça, igualdade e fraternidade, a democracia se torna um campo de aplicação prática dos princípios evangélicos interpretados à luz da Doutrina Espírita.

Assim, o espírita é chamado a contribuir, com consciência e responsabilidade, para a construção de uma sociedade mais justa e solidária, reconhecendo que cada gesto, palavra e voto é semente lançada no solo do futuro.

Referências

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, várias edições.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, várias edições.
  • KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, várias edições.
  • KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, várias edições.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

VALORIZANDO O TEMPO: REFLEXÕES ESPÍRITAS SOBRE AS HORAS VAZIAS - A Era do Espírito - Introdução O tempo é um presente divino que nos é dad...