1. A
Indiferença Cotidiana: um Sintoma da Alienação Espiritual
No ritmo frenético do mundo moderno, nos habituamos
a distrações que nos afastam da verdadeira essência da vida. A ausência de
vistas para além dos muros dos apartamentos, o esquecimento do sol e do ar
fresco — fazê-lo se torna quase inevitável em nossa rotina urbana.
Na visão espírita, essa alienação simboliza uma
fragilidade moral e intuitiva: estamos perdendo contato com a natureza divina
que reside em nós, os “Espíritos imortais”, frutos do Criador, nas palavras de
Kardec. Seres criados para o amor podem se tornar mais suscetíveis ao
desequilíbrio emocional, à pressa e à superficialidade existencial (O Livro
dos Espíritos, Parte Terceira).
2. A Vida
Moderna como Mundo de Provas e Expiações
Allan Kardec nos recorda que a Terra é um “mundo de
expiações e provas” — um ambiente repleto de desafios cujo propósito é o nosso
progresso moral. A rotina acelerada, a solidão mesmo na multidão e o
distanciamento do ser humano consigo mesmo refletem o estado atual de provação
da civilização humana, como já apontava a Revue Spirite em várias de
suas edições do século XIX.
3. A Lei
do Progresso e a Reconexão com o Essencial
A “Lei do Progresso” espírita esclarece que todos
os seres evoluem em duas frentes: intelectual e moral. Os pequenos gestos de
reaproximação com o belo — uma flor, um pôr do sol — são oportunidades de
reencontro com a nossa essência, capacidades latentes de amar, contemplar,
sentir. Esse despertar nos reconduz ao caminho do progresso moral e emocional
que é parte da rede universal da evolução.
4.
Recuperando o Olhar e o Afeto como Prática Espírita Diária
A Doutrina Espírita convida à transformação interior
através do cultivo da caridade, da oração consciente, do pensamento elevado e
da gratidão. Desperdiçamos tamanha beleza — nas manhãs, no sorriso alheio, nas
relações humanas — quando nos tornamos indiferentes.
Ao retomarmos o hábito de valorizar o “insignificante”
— a flor na rua, o canto de um pássaro — resgatamos a percepção espiritual que
nutre a harmonia interior e fortalece nossos laços com o Criador e com o
próximo. Esse pequeno despertar conjuga pensamento lúcido e coração desperto,
honra a imortalidade do Espírito e o princípio de regeneração. Assim,
tornamo-nos instrumentos de progresso, para nós mesmos e para os outros.
Referências
- Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. 1857.
- Kardec, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo.
1864.
- Kardec, Allan. Revue Spirite (1858–1869), publicação
oficial de Allan Kardec.
- Wikipedia. Artigos: “Lei do Progresso”; “Revue Spirite”;
“O Livro dos Espíritos”; “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
- Download Espírita. Revista Espírita — Edição
de 1862. Disponível em: download.espiritismo.net.
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