segunda-feira, 4 de agosto de 2025

INTEGRIDADE A VITÓRIA QUE NÃO SE VÊ MAS SE SENTE
- A Era do Espírito –

Em uma competição esportiva de alto nível, onde o desejo de vencer costuma falar mais alto, um gesto raro chamou a atenção do mundo: o jogador profissional de Squash, Reuben Gonzales, em um torneio decisivo, declarou inválida uma jogada que lhe garantiria a vitória — embora o juiz já tivesse confirmado o ponto como legítimo.

A bola, segundo ele, havia tocado o chão antes de bater na parede. Ninguém havia percebido, apenas ele. Poderia ter silenciado, levado o troféu para casa e sido aclamado como campeão. Mas preferiu a honestidade à vitória, a verdade ao aplauso. Quando lhe perguntaram o motivo de sua atitude, respondeu com simplicidade e firmeza:

“Era a única coisa que eu poderia fazer para manter minha integridade.”

Esse episódio comovente nos convida a profundas reflexões à luz da Doutrina Espírita, especialmente no que se refere à Lei de Justiça, de Amor e de Caridade, conforme ensinada por Allan Kardec em O Livro dos Espíritos (questões 873 a 886).

A Consciência: A Lei de Deus em Nós

Na questão 621 de O Livro dos Espíritos, os Espíritos Superiores afirmam:

“A lei de Deus está escrita na consciência.”

Reuben Gonzales não precisou de testemunhas, juízes ou regulamentos externos para saber o que era certo. Sua consciência bastou. Esse é o verdadeiro templo interior onde reside a centelha divina — o senso moral que guia nossas escolhas mesmo quando ninguém nos observa.

Agir com integridade, portanto, é ouvir essa voz interior que jamais se cala, ainda que o mundo inteiro nos aplauda por algo que não nos pertence. A vitória que engana os outros jamais engana o Espírito imortal que somos.

Integridade: Caminho do Progresso Espiritual

Segundo o Espiritismo, o objetivo da existência corpórea é o progresso do Espírito. Esse progresso se dá pela experiência e pelo exercício da liberdade moral (LE, questão 776). Cada escolha ética é um degrau evolutivo. Assim, quando alguém opta pelo bem, mesmo que isso lhe custe renúncia, dor ou perda material, está na verdade colhendo os frutos da verdadeira vitória: o progresso interior.

A atitude de Reuben Gonzales pode parecer, para muitos, uma derrota. Mas, do ponto de vista espiritual, trata-se de um triunfo da alma sobre o egoísmo, da consciência sobre a vaidade, da lei moral sobre os interesses passageiros da Terra.

Educar para a Honestidade

O exemplo de integridade é também um chamado à educação moral. Kardec enfatiza, em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. XVII, item 3), que o verdadeiro homem de bem é aquele que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade em sua maior pureza.

Ensinar às novas gerações que vale mais uma consciência tranquila do que um prêmio conquistado pela trapaça é investir no futuro moral da humanidade.

Melhor uma nota mais baixa, mas conquistada com esforço, do que um louvor obtido com fraude. Melhor um salário justo, fruto do próprio mérito, do que riquezas manchadas pela desonestidade.

A Vida Passa, a Consciência Permanece

Todas as glórias do mundo são passageiras. Títulos, cargos, posses... tudo se perde com o tempo. Mas o Espírito leva consigo o que construiu em si mesmo — os valores, as virtudes, os sentimentos nobres.

Por isso, a vitória mais duradoura é aquela que não se mede em medalhas, mas em paz íntima.

O Espiritismo nos convida a buscar essa vitória silenciosa, mas grandiosa: a de sermos íntegros diante de Deus e da própria consciência, ainda que isso nos custe renúncia no plano material.

Conclusão: Escolher a Verdade, mesmo em Silêncio

Em um mundo onde a esperteza é muitas vezes confundida com inteligência, e a vantagem pessoal se sobrepõe à justiça, o exemplo de Reuben Gonzales ressurge como farol moral.
Ele nos lembra que o Espírito imortal constrói seu destino não apenas nos grandes gestos públicos, mas nas pequenas escolhas honestas de cada dia.

Como ensina Kardec:

“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações.” (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 4)

Sejamos, pois, homens e mulheres de bem. Escolhamos a integridade — ainda que isso signifique “perder” aos olhos do mundo, mas vencer no tribunal silencioso da consciência e no olhar eterno da vida espiritual.

Referências doutrinárias:

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Questões 621, 776, 873–886.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo XVII: “Sede Perfeitos”.
  • Momento Espírita. “Integridade”. Disponível em: momento.com.br
  • Waitley, Denis. “Histórias para o coração do homem”. Alice Gray e Al Gray. Ed. United Press.

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