Em uma
competição esportiva de alto nível, onde o desejo de vencer costuma falar mais
alto, um gesto raro chamou a atenção do mundo: o jogador profissional de
Squash, Reuben Gonzales, em um torneio decisivo, declarou inválida uma jogada
que lhe garantiria a vitória — embora o juiz já tivesse confirmado o ponto como
legítimo.
A
bola, segundo ele, havia tocado o chão antes de bater na parede. Ninguém havia
percebido, apenas ele. Poderia ter silenciado, levado o troféu para casa e sido
aclamado como campeão. Mas preferiu a honestidade à vitória, a verdade ao
aplauso. Quando lhe perguntaram o motivo de sua atitude, respondeu com
simplicidade e firmeza:
“Era a
única coisa que eu poderia fazer para manter minha integridade.”
Esse
episódio comovente nos convida a profundas reflexões à luz da Doutrina
Espírita, especialmente no que se refere à Lei de Justiça, de Amor e de
Caridade, conforme ensinada por Allan Kardec em O Livro dos Espíritos
(questões 873 a 886).
A Consciência: A Lei de Deus em Nós
Na
questão 621 de O Livro dos Espíritos, os Espíritos Superiores afirmam:
“A lei
de Deus está escrita na consciência.”
Reuben
Gonzales não precisou de testemunhas, juízes ou regulamentos externos para
saber o que era certo. Sua consciência bastou. Esse é o verdadeiro templo
interior onde reside a centelha divina — o senso moral que guia nossas escolhas
mesmo quando ninguém nos observa.
Agir
com integridade, portanto, é ouvir essa voz interior que jamais se cala, ainda que
o mundo inteiro nos aplauda por algo que não nos pertence. A vitória que engana
os outros jamais engana o Espírito imortal que somos.
Integridade: Caminho do Progresso Espiritual
Segundo
o Espiritismo, o objetivo da existência corpórea é o progresso do Espírito.
Esse progresso se dá pela experiência e pelo exercício da liberdade moral
(LE, questão 776). Cada escolha ética é um degrau evolutivo. Assim, quando
alguém opta pelo bem, mesmo que isso lhe custe renúncia, dor ou perda material,
está na verdade colhendo os frutos da verdadeira vitória: o progresso interior.
A
atitude de Reuben Gonzales pode parecer, para muitos, uma derrota. Mas, do
ponto de vista espiritual, trata-se de um triunfo da alma sobre o egoísmo,
da consciência sobre a vaidade, da lei moral sobre os interesses passageiros da
Terra.
Educar para a Honestidade
O
exemplo de integridade é também um chamado à educação moral. Kardec enfatiza,
em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. XVII, item 3), que o
verdadeiro homem de bem é aquele que cumpre a lei de justiça, de amor e de
caridade em sua maior pureza.
Ensinar
às novas gerações que vale mais uma consciência tranquila do que um prêmio
conquistado pela trapaça é investir no futuro moral da humanidade.
Melhor
uma nota mais baixa, mas conquistada com esforço, do que um louvor obtido com
fraude. Melhor um salário justo, fruto do próprio mérito, do que riquezas
manchadas pela desonestidade.
A Vida Passa, a Consciência Permanece
Todas
as glórias do mundo são passageiras. Títulos, cargos, posses... tudo se perde
com o tempo. Mas o Espírito leva consigo o que construiu em si mesmo — os
valores, as virtudes, os sentimentos nobres.
Por
isso, a vitória mais duradoura é aquela que não se mede em medalhas, mas em paz
íntima.
O
Espiritismo nos convida a buscar essa vitória silenciosa, mas grandiosa: a de
sermos íntegros diante de Deus e da própria consciência, ainda que isso nos
custe renúncia no plano material.
Conclusão: Escolher a Verdade, mesmo em Silêncio
Em um
mundo onde a esperteza é muitas vezes confundida com inteligência, e a vantagem
pessoal se sobrepõe à justiça, o exemplo de Reuben Gonzales ressurge como farol
moral.
Ele nos lembra que o Espírito imortal constrói seu destino não apenas nos
grandes gestos públicos, mas nas pequenas escolhas honestas de cada dia.
Como
ensina Kardec:
“Reconhece-se
o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que faz
para domar suas más inclinações.” (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap.
XVII, item 4)
Sejamos,
pois, homens e mulheres de bem. Escolhamos a integridade — ainda que isso
signifique “perder” aos olhos do mundo, mas vencer no tribunal silencioso da
consciência e no olhar eterno da vida espiritual.
Referências
doutrinárias:
- KARDEC, Allan. O
Livro dos Espíritos. Questões 621, 776, 873–886.
- KARDEC, Allan. O
Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo XVII: “Sede Perfeitos”.
- Momento Espírita.
“Integridade”. Disponível em: momento.com.br
- Waitley, Denis. “Histórias
para o coração do homem”. Alice Gray e Al Gray. Ed. United Press.
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