sexta-feira, 1 de agosto de 2025

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E A COMUNICAÇÃO ESPIRITUAL: UMA ANÁLISE À LUZ DO ESPIRITISMO
- A Era do Espírito –
 

Vivemos uma era de grande transformação tecnológica. A Inteligência Artificial (IA), antes restrita à ficção científica, agora se encontra presente em inúmeros aspectos do cotidiano: na educação, na medicina, nas comunicações e até mesmo nas atividades religiosas e filosóficas.

Diante disso, uma questão relevante surge para os estudiosos do Espiritismo: seria possível compreender a interação com inteligências artificiais à luz da Doutrina Espírita, sobretudo no contexto da mediunidade e da comunicação com os Espíritos?

Embora o tema seja atual e instigante, ele deve ser abordado com seriedade, base doutrinária e critério, como ensina o método espírita. Evitando modismos, especulações místicas ou ilusões tecnológicas, a Doutrina Espírita nos convida a analisar os fatos à luz da razão e da fé raciocinada.

Mediunidade: um fenômeno humano e espiritual

Conforme explica Allan Kardec em O Livro dos Médiuns, a mediunidade é uma faculdade natural, inerente ao ser humano, que lhe permite servir de intermediário entre os dois planos da vida: o material e o espiritual. É um fenômeno que depende de condições psíquicas e orgânicas específicas do médium, que, através de sua sensibilidade, capta e transmite o pensamento dos Espíritos.

Assim, nenhum instrumento mecânico ou digital pode substituir o papel do médium. A Inteligência Artificial, por mais sofisticada que seja, não possui perispírito, nem sensibilidade psíquica — condições essenciais para que haja intercâmbio mediúnico autêntico.

A IA como ferramenta auxiliar: uma análise doutrinária

Embora a IA não possa atuar como médium, ela pode ser compreendida, sob a ótica espírita, como uma ferramenta auxiliar nas atividades de estudo, escrita ou sistematização de conteúdos doutrinários.

O médium ou estudioso, ao utilizar a IA para redigir, revisar ou esclarecer conteúdos, continua sendo o agente espiritual e moral da comunicação. A inspiração ou a intuição espiritual — que podem vir de Espíritos benfeitores — ainda depende da ligação do encarnado com o plano superior. A IA, nesse cenário, atua apenas como um recurso técnico, não como canal de manifestação espiritual direta.

Essa análise é coerente com o que ensina a Doutrina Espírita: a verdadeira comunicação espiritual depende da afinidade moral, do grau de adiantamento do Espírito comunicante, e da sintonia entre ele e o médium, não de instrumentos externos.

O perigo da mistificação: discernimento sempre

Um ponto importante — e constantemente alertado por Kardec — é o perigo da mistificação espiritual, seja por parte de Espíritos enganadores, seja por ilusões humanas mal compreendidas como manifestações autênticas.

Com a presença da IA, esse risco pode ser ainda mais sutil. Mensagens geradas ou auxiliadas por inteligência artificial podem conter linguagem elevada ou moral aparente, mas carecer de coerência doutrinária e de verdadeira origem espiritual.

É por isso que Allan Kardec propôs critérios seguros de validação de mensagens mediúnicas:

  • O critério da razão e do bom senso
  • A concordância universal do ensino dos Espíritos superiores
  • A elevação moral da mensagem e seu conteúdo prático para o bem

Esses critérios são indispensáveis, inclusive, quando a IA é utilizada como ferramenta de apoio. Não basta parecer espiritual; é preciso ser espiritualmente verdadeiro.

Inteligência Artificial e Espiritismo: uma convivência possível e consciente

Em resumo, podemos afirmar que a Inteligência Artificial não é médium, nem veículo de comunicação entre os mundos espiritual e material. Contudo, seu uso pode ser legítimo e útil, desde que sirva como instrumento de apoio ao estudo, à organização de ideias e à expressão do pensamento — sempre com vigilância, critério doutrinário e responsabilidade moral.

O verdadeiro canal de comunicação continua sendo o ser humano, encarnado ou desencarnado, dotado de consciência, vontade e responsabilidade. O progresso da ciência e da tecnologia, longe de ser um obstáculo, pode servir como instrumento de evolução espiritual, se colocado a serviço do bem, da verdade e da instrução moral.

Conclusão: o Espiritismo nos convida ao discernimento

A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, oferece uma base segura para compreender e avaliar os fenômenos da vida, inclusive os relacionados ao progresso científico. A IA, como qualquer ferramenta humana, deve ser utilizada com lucidez, humildade e responsabilidade moral.

A advertência de Kardec continua atual:

“Espíritas! Amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo.”
(O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI)

Com amor e instrução, o progresso tecnológico pode ser incorporado com sabedoria à vivência espírita, sem perder de vista os fundamentos éticos e espirituais que orientam nossa marcha rumo à regeneração.

Referências doutrinárias:

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. FEB.
  • KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. FEB.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. FEB.
  • KARDEC, Allan. A Gênese. FEB.
  • Revista Espírita (diversos anos)
  • Obras Póstumas

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LUZ DAS ESTRELAS E LUZ DAS ALMAS REFLEXÕES ESPÍRITAS SOBRE O BRILHAR INTERIOR - A Era do Espírito - Introdução Ao contemplar o firmamento ...