Introdução
A
inteligência artificial (IA) se tornou uma ferramenta de grande impacto no
campo da produção de textos, pesquisas e análises. No entanto, o uso dessas
tecnologias exige discernimento, principalmente quando aplicadas a áreas do
conhecimento que demandam rigor metodológico e respeito às fontes originais,
como é o caso da Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec.
O
progresso técnico, por si só, não garante resultados confiáveis: é necessário
associá-lo à responsabilidade do usuário, que deve orientar a ferramenta
conforme princípios éticos e metodológicos sólidos.
O cuidado com a construção dos textos
No
início da utilização de ferramentas de IA, é comum que ocorram erros ou vícios
na formulação de artigos. Esses equívocos, no entanto, podem ser percebidos e
corrigidos pelo usuário, desde que ele exerça uma postura ativa na revisão dos
textos. Ao trabalhar com temas espíritas, por exemplo, é fundamental que a IA
seja orientada a buscar sempre as fontes originais ou traduções confiáveis das
obras básicas, das revistas e demais documentos que compõem o legado deixado
por Allan Kardec.
A
Doutrina Espírita não pode ser tratada como uma opinião livre, mas como um
corpo de ensinamentos dos Espíritos Superiores, codificados de forma organizada
por Kardec. Assim, o uso de termos como kardecismo, kardecista ou
linha kardeciana deve ser evitado, visto que tais expressões reduzem a
Doutrina ao nome de seu codificador, quando na verdade ela é ensino dos
Espíritos. A IA, quando bem instruída, consegue propor alternativas mais
adequadas e fiéis à natureza do Espiritismo.
O método espírita e a IA
Um dos
recursos mais preciosos que podemos aplicar no uso da IA é a adoção do método
espírita de análise: o Controle Universal do Ensino dos Espíritos (CUEE).
Assim como Kardec validava os ensinos por meio da concordância universal das
comunicações, podemos solicitar que a IA aplique esse mesmo critério ao elaborar
ou revisar textos, de modo a não se apoiar em opiniões isoladas ou
interpretações subjetivas.
Além
disso, podemos instruí-la a “agir como Kardec agiria”, no sentido de respeitar
o método de verificação, a clareza de linguagem e a coerência doutrinária. A
ferramenta, quando bem orientada, aprende a se adaptar ao perfil do usuário,
produzindo resultados cada vez mais alinhados às exigências da seriedade e da
fidelidade doutrinária.
O papel da revisão e da responsabilidade do usuário
A
facilidade e rapidez oferecidas pela IA não eximem o usuário da
responsabilidade de revisar o material. Ao contrário, é justamente a revisão
criteriosa que garante que o conteúdo produzido esteja de acordo com os
princípios doutrinários e com o bom senso que Kardec tanto valorizava.
A
ferramenta pode oferecer eficiência, mas cabe ao usuário orientar, corrigir e
validar o que é produzido. Desse modo, o uso da IA não se transforma em uma
delegação cega, mas em uma parceria consciente entre inteligência artificial e
discernimento humano.
Conclusão
O
avanço tecnológico das ferramentas de IA deve ser acompanhado com
responsabilidade. No campo espírita, essa responsabilidade se traduz na
fidelidade às fontes, na aplicação do método espírita de análise e na rejeição
de termos ou expressões inadequadas à natureza da Doutrina.
Assim
como Kardec utilizou os recursos de sua época para sistematizar os ensinamentos
dos Espíritos, hoje podemos usar a IA como um recurso auxiliar, desde que
mantida a vigilância moral e intelectual que a Doutrina Espírita nos recomenda.
O progresso técnico, quando associado ao progresso moral, torna-se um poderoso
aliado na disseminação do conhecimento com seriedade e clareza.
Referências
- KARDEC, Allan. O
Livro dos Espíritos. Paris, 1857.
- KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Paris, 1864.
- KARDEC, Allan. A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo, 1868.
- KARDEC, Allan. Obras
Póstumas. Paris, 1890.
- IA em pauta.
Disponível em: www.comkardec.net.br/category/ia-em-pauta.
Acesso em: 27 ago. 2025.
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