quinta-feira, 28 de agosto de 2025

O ENSINO DOS ESPÍRITOS SOBRE A MEDIUNIDADE:
VARIEDADES, QUALIDADE DOS MÉDIUNS
E A EDUCAÇÃO DA FACULDADE
- A Era do Espírito -

Introdução

A mediunidade constitui elemento essencial para a Doutrina Espírita, uma vez que é por meio dela que os Espíritos se comunicam com os homens, transmitindo orientações, consolações e esclarecimentos. Allan Kardec, ao organizar a Codificação, deixou claro que não se tratava de sua filosofia pessoal, mas do ensino dos Espíritos Superiores, que se apresentaram como intérpretes das leis divinas. Nesse sentido, o estudo da mediunidade envolve não apenas a compreensão de suas variedades, mas, sobretudo, a reflexão sobre a utilidade e a educação da faculdade mediúnica, sem o que se corre o risco de transformá-la em mera curiosidade ou instrumento de perturbação.

A mediunidade como luz: a parábola da candeia

No Evangelho, Jesus ensina:

"Ninguém acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim sobre o candeeiro, e assim ilumina a todos os que estão na casa." (Mateus 5:15)

Essa imagem evangélica oferece um paralelo direto com a mediunidade. A faculdade mediúnica é uma luz acesa pela Providência Divina na alma do médium, não para ser ocultada ou desviada, mas para brilhar em benefício de muitos. Contudo, como toda chama, precisa de cuidado e educação, para que não se apague ou não provoque incêndio.

Kardec, em O Livro dos Médiuns, ao tratar da educação dos médiuns, alerta que não basta possuir a faculdade, mas é necessário instruí-la, moralizá-la e discipliná-la para que produza frutos úteis¹. Do contrário, pode transformar-se em motivo de fascinação, obsessão ou desequilíbrio.

Variedades e qualidades da mediunidade

Conforme ensinado pelos Espíritos e codificado por Kardec, a mediunidade se manifesta em diferentes tipos, desde os efeitos físicos até as comunicações intelectuais. Cada uma delas se ajusta a determinadas aptidões dos médiuns, que funcionam como instrumentos sensíveis para a transmissão do pensamento espiritual².

Além disso, a qualidade do médium não se mede pela força ou pela raridade da faculdade, mas pela pureza da inspiração espiritual, que depende da sintonia do médium e de sua formação moral. Nesse ponto, os Espíritos ressaltam que um médium instruído e educado é mais útil que um médium dotado apenas de faculdades extraordinárias³.

Educação mediúnica: disciplina da luz interior

Assim como a candeia exige combustível, o exercício mediúnico requer:

  • Estudo doutrinário: para compreender o alcance e os limites da faculdade;
  • Disciplina moral: para resistir às influências inferiores;
  • Finalidade caritativa: para colocar o dom a serviço do próximo, e não da vaidade ou do interesse pessoal.

A educação mediúnica não é apenas técnica, mas espiritual. O médium é convidado a crescer em autodomínio, humildade e perseverança, tornando-se um servidor consciente.

Conclusão

O ensino dos Espíritos sobre a mediunidade mostra que se trata de uma luz divina confiada ao homem, comparável à candeia do Evangelho: se bem orientada, ilumina e consola; se mal utilizada, pode gerar sombras e perturbação. A Doutrina Espírita, ao esclarecer as variedades de mediunidade e as condições que a qualificam, nos convida a desenvolver a educação mediúnica, para que essa luz brilhe com segurança, em harmonia com o Evangelho de Jesus e a orientação dos Espíritos Superiores.

Notas de rodapé

  1. "A faculdade existe; mas, como todas as faculdades, precisa de desenvolvimento e de direção. Deixar ao acaso sua educação, seria expô-la a cair em todos os inconvenientes da mediunidade mal dirigida." (O Livro dos Médiuns, 2ª parte, cap. XVII, item 200).
  2. "Os médiuns são os intérpretes dos Espíritos; surpreendem-lhes o pensamento e o transmitem." (O Livro dos Médiuns, 2ª parte, cap. XIV, item 159).
  3. "Os médiuns de melhores comunicações são os que menos se prestam às exibições." (O Livro dos Médiuns, 2ª parte, cap. XX, item 226).

Referências

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB.
  • KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB.
  • KARDEC, Allan. Revista Espírita (1858-1869).
  • A Bíblia Sagrada. Mateus 5:14-16; Marcos 4:21-22; Lucas 8:16-18.

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