segunda-feira, 18 de agosto de 2025

O UNIVERSO INEXPLORADO
UMA JORNADA PARA DENTRO DE SI MESMO
À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA CODIFICADA POR ALLAN KARDEC
- A Era do Espírito -

Introdução

As conquistas da ciência e da tecnologia humanas são impressionantes. O telescópio espacial Hubble, por exemplo, em 2016, identificou a galáxia GN-z11, situada a mais de 13 bilhões de anos-luz da Terra, revelando-nos uma visão de quando o Universo tinha apenas algumas centenas de milhões de anos. Este avanço científico é uma verdadeira viagem no tempo e no espaço.

Entretanto, ao mesmo tempo em que o homem volta seus olhos para os confins cósmicos, surge uma questão essencial: até que ponto ele tem se aventurado na exploração do seu próprio mundo íntimo? A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec no século XIX, e aprofundada nas páginas da Revista Espírita (1858-1869), convida-nos a refletir sobre o verdadeiro sentido dessa "viagem interior", indispensável ao progresso moral e espiritual da humanidade.

A Conquista Exterior e a Conquista Interior

O progresso material da humanidade, como ensina Kardec em A Gênese (cap. XVIII), é apenas uma face da evolução. O homem saiu das cavernas e hoje observa galáxias distantes, mas ainda tropeça em sua própria incapacidade de lidar com frustrações, de manter relações fraternas ou de dominar paixões destrutivas.

Essa discrepância entre conquistas exteriores e conquistas interiores já foi destacada pelos Espíritos superiores em O Livro dos Espíritos (questões 780 a 785), ao explicarem que o progresso moral não acompanha, de forma imediata, o progresso intelectual. O intelecto pode abrir estradas e lançar telescópios no espaço, mas é a moral que deve guiar os destinos, sem a qual a inteligência se torna força perigosa.

A Fuga de Si Mesmo

A sociedade moderna, com sua pressa e excesso de estímulos, leva o homem a fugir de si mesmo. Os Espíritos nos alertam que a felicidade não se encontra na posse de bens materiais ou no êxito exterior, mas no equilíbrio interior e no cumprimento da lei de amor (O Livro dos Espíritos, questão 920).

Muitos, no entanto, isolam-se emocionalmente, escondendo-se atrás de avatares digitais, de máscaras sociais ou de conquistas ilusórias. Esse afastamento do contato humano direto é reflexo da falta de autoconhecimento e de um vazio espiritual, já apontado por Kardec na Revista Espírita (março de 1858), ao analisar a “epidemia moral” do suicídio como consequência da ausência de fé racional e da perda do sentido da vida.

Crianças e Jovens: Espíritos Reencarnados

Outra observação importante está no fato de que muitas crianças já demonstram, desde cedo, aptidões extraordinárias, como se “trouxessem cursos feitos antes de nascer”. Essa percepção encontra eco no Espiritismo. Kardec, em O Livro dos Espíritos (questão 218), ensina que os Espíritos conservam as experiências adquiridas em existências passadas, o que explica talentos precoces.

Contudo, tais Espíritos também trazem imperfeições morais e tendências a serem corrigidas. É por isso que muitos, apesar da inteligência avançada, revelam desequilíbrios emocionais ou tendências à violência. Isso confirma que a reencarnação não é apenas oportunidade de progresso intelectual, mas, sobretudo, de aperfeiçoamento moral.

O Descompasso do Homem Moderno

Vivemos em uma era de excesso: excesso de informações, de tarefas, de estímulos. Somos “multitarefas”, mas, paradoxalmente, pouco conhecedores de nós mesmos. Essa condição reflete o alerta dos Espíritos: “Conhece-te a ti mesmo” é a chave da evolução (inspirado no lema socrático, comentado por Kardec em O Livro dos Espíritos, questão 919).

A Doutrina Espírita enfatiza que a verdadeira transformação começa no interior do homem. O progresso material sem progresso moral conduz ao desequilíbrio, à ansiedade e ao vazio existencial.

O Universo Interior: A Grande Viagem

Enquanto a ciência amplia horizontes no espaço exterior, cabe ao Espírito imortal desbravar seu próprio universo íntimo. Esse é o grande convite do Espiritismo: compreender que somos maiores que o tempo e o espaço, pois nossa essência é imortal.

Explorar as “galáxias íntimas” é aprender a amar, perdoar, vencer as más inclinações, buscar a verdade e cultivar a fé raciocinada. Assim, a humanidade poderá unir suas conquistas exteriores às conquistas interiores, caminhando para o progresso integral — intelectual, moral e espiritual.

Conclusão

O homem olha para os céus e contempla as galáxias distantes, mas precisa olhar, sobretudo, para dentro de si. O futuro da humanidade não depende apenas de telescópios mais potentes, mas de corações mais iluminados. A Doutrina Espírita nos ensina que somente o autoconhecimento, aliado ao amor e à prática da caridade, pode dar sentido pleno à existência.

Explorar o espaço é grandioso, mas explorar o Espírito é indispensável.

Referências

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1857.
  • KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 1861.
  • KARDEC, Allan. A Gênese. 1868.
  • KARDEC, Allan. Revista Espírita. 1858-1869.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 1864.
  • PIRES, José Herculano. Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita. São Paulo: Paideia, 1979.
  • Momento Espírita. “O Universo Inexplorado”. Disponível em: momento.com.br.

 

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