terça-feira, 5 de agosto de 2025

 

O VALOR DIVINO DO TRABALHO: UMA REFLEXÃO ESPÍRITA A PARTIR DO ALTO DA MONTANHA
- A Era do Espírito –
 

"O trabalho é uma lei da natureza, e por isso mesmo é uma necessidade."
O Livro dos Espíritos, questão 674, Allan Kardec

Imagine duas cidades: uma no alto da montanha, vibrante, limpa, em progresso constante; outra no vale, estagnada, suja, doente e desorganizada. O que as distingue não são os recursos naturais, nem uma misteriosa bênção ou maldição, mas algo simples e profundo: a presença ou ausência do trabalho como valor coletivo e força transformadora da vida.

Inspirado em uma narrativa simbólica, esse artigo busca refletir, à luz da Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec, sobre o papel do trabalho como lei divina, caminho de progresso e fator essencial de saúde física, mental e espiritual.

A Lei do Trabalho: Fundamento da Evolução Humana

Na cidade do alto da montanha, o trabalho não é visto como castigo, mas como fonte de dignidade e harmonia. As famílias trabalham, as escolas educam, as praças florescem, e o bem-estar é evidente. Em contraste, no vale, a ociosidade se instala, e com ela vêm a sujeira, a doença e o atraso.

Essa imagem ilustra com clareza a Lei do Trabalho. Segundo os Espíritos, o trabalho é uma necessidade que acompanha o progresso dos mundos. Ele não se resume à atividade manual ou profissional, mas abrange toda ocupação útil — inclusive o cultivo moral e intelectual.

A função educativa e regeneradora do trabalho está diretamente ligada à Lei do Progresso. Quando Kardec pergunta se o trabalho é uma consequência da imperfeição humana, os Espíritos respondem que o trabalho é uma consequência da natureza do Espírito, e que mesmo nos mundos mais evoluídos ele existe, embora sob formas mais sutis e prazerosas.

Ociosidade: Mãe de muitos Males

Na cidade do vale, predomina a filosofia do “deixar para depois”. As ruas estão sujas, a saúde pública em colapso, e o povo se entrega à inércia. Tal situação ecoa a advertência de que a ociosidade é terreno fértil para os vícios, os desequilíbrios emocionais e as perturbações morais.

A ociosidade é matriz de muitos males que atormentam os seres humanos. Quando o ser humano se afasta do labor que o dignifica e eleva, desconecta-se das leis naturais que regem a ordem dos mundos. Nas palavras de Jesus: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (João 5:17), ensinando que até Deus se expressa por meio da ação.

A Doutrina Espírita compreende o trabalho não como punição, mas como meio de desenvolvimento da inteligência, do caráter, da sensibilidade e da solidariedade. Assim, viver ociosamente é negar a si mesmo a oportunidade de crescer e contribuir com o bem comum.

O Trabalho como Serviço e Progresso do Espírito

Para o Espiritismo, o trabalho não deve ter por fim exclusivo o lucro ou a recompensa material. Ele deve também colaborar com o progresso espiritual da humanidade, com a construção de um mundo mais justo, belo e fraterno. Toda tarefa útil — quando realizada com consciência, dedicação e amor — transforma-se em serviço divino.

É nesse espírito que podemos compreender a diferença entre as duas cidades: uma cultivou a ação como princípio de vida, enquanto a outra se entregou à inércia, tornando-se vulnerável à degradação e ao sofrimento.

O progresso de um povo está diretamente ligado à sua disposição em se educar e trabalhar. E isso começa no núcleo familiar, estendendo-se à sociedade como um todo.

Conclusão: Escolher o Alto da Montanha

A metáfora das duas cidades nos propõe uma escolha: permanecer no vale da ociosidade e da estagnação ou ascender à montanha do trabalho, da saúde e do progresso. Como ensinou Kardec, a evolução espiritual é obra do próprio Espírito, auxiliada pelas leis divinas.

Trabalhar é viver em sintonia com o Criador. É transformar o mundo e a si mesmo, elevando a existência do nível instintivo ao nível da consciência. O trabalho é, portanto, não só um dever, mas uma bênção — e o caminho mais seguro para a regeneração individual e coletiva.

Referências doutrinárias e complementares:

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Livro Terceiro, Capítulo III – Lei do Trabalho.
  • Momento Espírita – Texto base, momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=5533&let=P&stat=0
  • CARVALHO, Marilena Mota Alves de; CAVALCANTI, Vera Verônica do Nascimento; LEITE, Berenice Castro Gonçalves; MEDEIROS, Nancy. O melhor é viver em família, vol. 9. CELD.
  • CARVALHO, Marilena Mota Alves de, et al. Atualidade do Pensamento Espírita. CELD. Cap. 1.4, questão 33.
  • Bíblia Sagrada. João 5:17. 

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